Cirzo fios de mágoas nos rombos das paredes
Do abstrato calabouço dos sonhos irrealizados
De frios tijolos irreais, tecidos de árida nostalgia
Sem dedais que me protejam da torpe agulha das intenções natimortasE teço bordados de arame farpado
Na rude superfície de sentimentos chapiscados
Emoldurando a clausura com a aridez da concretude
Concedendo o zarcão à ferrugem de minhas correntesDe fio a novelo, as vivências se emaranham
Em retinto atro que nos tolda o arbítrio
Furtando das cores a primazia das palhetas
Tingindo de cinza os rubros matizes das paixõesDe alcova a calabouço
A culpa maculou o êxtase
E a utopia que virou martírio
Fez do engodo, cadafalsoUrdindo delírios, aplaco meu tormento
Costurando paredes, quais cabais infortúnios
Até que minha sina substitua o labor
Pela alvissareira dádiva da inexistência