Torpor

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Era um despertar entre os milhares não queridos de uma jornada em que outros tantos ainda ocorreriam.

E enquanto a rotina de despacho matinal de um produto humano conveniente à manutenção da estrutura era levada a cabo, a realidade insistia em sinalizar que um dia como os outros, talvez todos, estava em curso.

Estacou na soleira.

Perguntou-se o porquê de prosseguir.

Encontrou mil motivos para isso.

Perguntou-se se era o que queria.

Respondeu a si que não.

E concluiu que as expectativas de outrem eram apelo deveras débeis para que se convencesse que deveria ser um entre bilhões, ao custo de não ser "ele".

Cerrou a porta, virou a chave.

Largou a mochila ali mesmo e enquanto caminhava de volta ao quarto, deixava um rastro de sapatos, camisa, cinto, meias e quaisquer motivações que se contrapunham ao seu arbítrio.

De volta ao quarto, fechou as cortinas, a porta, aninhou-se em lençóis e cerrou os olhos, na vã esperança do advento de um torpor eterno, que fizesse do novo dia um natimorto.

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