Era um amarfanhado de sensações e sentimentos tão dúbios quanto intimidadores.
E surpreendia que fosse visível, tanto quanto sentido.
Um grifo físico, quase um sol de sujas iridescências, emanando incertezas, produzindo desalento.
À proximidade, reagia sibilando, soando de forma a se perceber na pele, não nos tímpanos.
Ao ser fitado cegava a visão, produzindo cintilantes silhuetas por detrás das pálpebras.
Ao limiar do toque, deixava-se perpassar, causando na cútis de si envolta, a sensação de visco tornado sílica.
Um halo emanava da quimera, esvanecendo a realidade ao redor, tornando tempo e espaço numa maciça massa ebúrnea que se estendia ao infinito.
De tudo que outrora havia, restávamos nós: o grifo, eu e o inexorável.
Num átimo de singularidade, amalgamamo-nos na não-existência, tornando ao que verdadeiramente somos.
Num derradeiro rompante de consciência, achei que o torpor decorrente era o prelúdio de um sono eterno, mas estava enganado.
Era apenas o nada absoluto.