Flores florem

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Havia transcorrido um dia desde o solstício da primavera, esta que por sua vez, iniciara-se há dois dias.
Talvez o frescor da estação tivesse motivado que aquele cumprimento cotidiano viesse acompanhado de um olhar compartilhado e um afago nos cabelos de sua até então amiga, causando em si um arrepio retribuído por um suspiro.
A partir dali, os esbarrões de ombros tornaram-se abraços, os olhares trocados iniciavam cúmplices conversas, os cafés evoluíram a almoços, as despedidas em encontros, as esparsas lembranças do outro em tórridos compromissos de alcova.
E na nova realidade que desfrutavam, afagos, arrepios, almoços, encontros e compromissos de alcova subverteram a outrora rotina em uma história que apenas aguardava começar para dar a entender que sempre existira.
Então pelos vindouros anos, assim como a chuva cairia, o sol amornaria, e o frio enregelaria, nas primaveras do porvir, para os cúmplices do mútuo sentimento, as flores floresceriam e jamais seriam esquecidas de seu desabrochar, a cada recém-pretérito equinócio de primavera.

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