capítulo 56: aquela voz

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Louisa

Eu caminhava vagarosamente, apenas acompanhando os passos da criança que estava comigo. Depois de descermos do ônibus, segurei sua mãozinha e adentramos aquele hospital.

Minha pequena Ellie não imaginava que receberia uma vacina contra a gripe depois da consulta, então eu já imaginava sua reação iminente.

Ela perguntava algumas coisas com sua voz fofa e então adentramos a sala médica minutos depois.

Assim que viu a enfermeira preparar a vacina, minha pequena choramingou e lamentei a situação, mesmo que fosse para o seu bem. Após receber a dose, ela soluçou em meus braços e a acalentei, quase chorando junto ao ver sua dor.

No momento seguinte, ela fez algo que surpreendeu a todos na sala.

Minha Ellie aproveitou a distração e a porta aberta para escapar do meu colo e fugir.

Céus!

— Ellie! — com os olhos amplos de surpresa, eu me ergui para segui-la.







#*#

Alan

De volta ao corredor, decidi sentar em uma das cadeiras. Por se tratar de uma área mais restrita do hospital, não havia muitas pessoas naquele pequeno espaço em que eu estava. Avistei cadeiras vazias e soltei um suspiro.

Encarei meu celular, decidindo responder uma mensagem importante antes de ir embora.

— Tenho algo para você. — era uma mensagem de Joshua e isso chamou minha atenção.

Eu estava prestes a responder, quando senti a aproximação de alguém.

Uma criança parecia aflita enquanto me observava bem de perto.

O encanto foi instantâneo. Eu não soube explicar o que senti ao observar a garotinha de cabelos loiros e olhos azuis; uma doce criança que tinha os olhos cheios de lágrimas.

O que houve?

Franzi o cenho, estranhamente preocupado.

— Olá. — eu disse. Eu não era muito bom em conversas com crianças, mas imaginava que elas gostavam de respeito.

— Oi. — fungou, esfregando os olhinhos e fazendo um bico de descontentamento. — Sua mão tá dodói? — questionou com sua voz infantil.

Olhei para baixo.

— Oh, sim. Eu a machuquei mais cedo.

— É só tomar remédio e a dor vai passar. — para minha surpresa, a criança tocou minha mão com seus dedos minúsculos.

— Sim, vou tomar quando chegar em casa. — eu disse gentilmente. — Onde estão seus pais?

Quando ela abriu os lábios para dizer, ouvi passos.

— Finalmente te encontrei! — a voz parecia aliviada e ofegante.

A garotinha olhou naquela direção.

Congelei na hora, sentindo um misto de emoções me bombardearem.

— Florzinha da mamãe, por que fugiu, hein?

Com o coração acelerado e os olhos amplos, eu vi quando a criança se aproximou da jovem mulher e se deixou ser pega no colo.

Com o coração na boca, eu me ergui imediatamente.

Porra!

Eu estava tendo alguma alucinação?

Alguma ilusão muito real?

Naquele mesmo instante, meu telefone começou a tocar.

Observei rápido e era uma chamada de Joshua Gardner. Atendi rapidamente; os olhos presos na mulher e na criança.

Meus olhos já ardiam.

— Olá, Gustafson. Localizei sua mulher. — revelou enquanto eu continuava encarando a mulher a poucos metros.

Ela estava olhando diretamente para mim naquele momento; os olhos amplos de choque.

Seu semblante estava tomado pela mais forte surpresa. Em seguida, eu vi quando os belos olhos azuis se encheram de lágrimas e ela abraçou a criança ainda mais.

— Alan... — sussurrou emocionada.

Respirei fundo, tentando não entrar em colapso.

— Meu Deus!

— Está me ouvindo, Gustafson? — era o investigador.

— Estou. Fica tranquilo, Gardner. — eu disse; a voz trêmula e os olhos fixos na mulher e na criança. — Eu a encontrei! Pode parecer inacreditável, mas Louisa está bem na minha frente agora. — eu disse sem fôlego enquanto tentava assimilar toda aquela situação.

Louisa.

Minha Louisa.

Engoli em seco, observando-a como se não pudesse acreditar. Ela chorava abraçada à criança e minhas lágrimas começaram a cair na hora também.

Eu não pude segurar essa reação.

Meus olhos desesperados estudaram seu rosto, identificando os traços dos quais tanto me lembrava. Ela continuava incrivelmente linda.

E então...

Meus olhos pousaram na criança.

A garotinha especial que tinha se aproximado de mim de maneira repentina e surpreendente.

E não precisei de muito para identificar quem ela era.

Meu coração a identificou antes.

Meu coração a reconheceu como minha filha.

A preciosa criança que ansiei desesperadamente por conhecer.









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MARATONA 5/7









Beijos RoubadosOnde histórias criam vida. Descubra agora