capítulo 12: incômodo noturno

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Antes de ir para a escola, encontrei meu pai na sala de jantar.

Sentindo seu olhar em mim, eu tomei meu café rapidamente.

Só queria ir para a escola logo.

— Acho que Donna e Eleanor descerão em breve. — papai comentou, encarando Gwen.

— Sim. Elas tiveram uma noite proveitosa recheada de filmes, e com certeza ainda estão dormindo. — a loira disse com um sorriso. Gwen voltou seus olhos castanhos para mim. — Como passou a noite, querido?

— Tudo tranquilo. — encolhi os ombros.

— Fico feliz em saber disso. Também dormi bem, mesmo que seu pai roncasse como um motor velho ao meu lado. — zombou, fazendo-me sorrir um pouco.

Minha madrasta não era uma pessoa ruim. Ela tinha senso de humor e um espírito jovial. Às vezes me pegava pensando em como ela pôde se interessar por um cara rabugento como meu pai, considerando que era uma mulher alegre e independente. Gwen até era envolvida com seu próprio negócio referente à culinária. De toda forma, ela parecia gostar dele e se saia bem como madrasta.

Eleanor a adorava e eu gostava dela também. Não tinha nada contra. Inicialmente eu esperei uma megera, mas Gwen me surpreendeu de maneira positiva.

— Não me constranja, Gwen. — papai repreendeu, mas tinha um sorriso.

E ali estava o fator inusitado. A mulher fazia meu pai sorrir algumas vezes. Não era uma imagem desagradável, mesmo que fosse um pouco estranha.

— Oh, não fique chateado. — ela bufou, sorrindo e bebericando seu suco.

De olho na minha panqueca, senti mais uma vez o olhar do meu pai e ergui o rosto.

— Imagino que teve uma ótima noite, filho. Depois de... — sorriu. — Dormir com sua namorada.

Ãh?

Gwen nos encarava com espanto e quase engasguei com o café da manhã.

Namorada?!

— Do que você está falando?

— As empregadas estavam comentando mais cedo sobre a aparição de Donna no seu quarto. — papai revelou e prendi um xingamento.

Sim, a fofoca tinha mesmo se espalhado.

Eu imaginei que isso aconteceria.

— Estavam? Por qual motivo explanaram essa mentira?

— Não sei. Apenas sei que Donna foi flagrada saindo do seu quarto horas atrás. O que me diz?

Merda!

Decidi dizer a verdade.

— Eu não tenho nada com Donna e nunca tive. — afirmei, vendo o sorriso empolgado de papai desaparecer. — Aquela garota simplesmente enlouqueceu e decidiu deitar na minha cama enquanto eu ainda estava apagado. Eu acordei com ela lá e imediatamente a mandei sair. Não gosto que invadam minha privacidade. O problema foi que uma das empregas viu Donna saindo do meu quarto.

— Sério? Você e Donna não tiveram nada? Espera mesmo que eu acredite nisso? – estreitou os olhos. — Eu te conheço, Alan. Você não dispensaria uma garota bonita como Donna. Não com seu histórico de mulherengo.

Com um suspiro frustrado, eu me ergui.

— Você acredita no que quiser. — eu disse. — Perdi a fome. Vou pra escola. — cerrei a mandíbula.

— Alan...

— Até mais tarde. — eu disse, dando as costas e saindo.







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