Declaração

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Brisa havia saído para fazer compras no mercado antes que Tonho voltasse para casa. Oto aproveitou sua ausência para ir à casa de Marineide.

- Oi, Oto! Tudo bom? Você veio procurar a Brisa? Ela não passou aqui, não.

- Não, não. A Brisa saiu. Eu vim justamente porque quero falar com vocês sem ela saber.

Marineide achou estranho, mas pediu que Oto entrasse. Joel e Karina se juntaram a eles.

- Então, não sei se vocês sabem, mas o aniversário da Brisa é daqui a duas semanas, no dia 29 de outubro. Eu estava pensando em fazer uma surpresa para ela. Uma comemoração com o pessoal daqui, lá no bar mesmo. A Tininha deve estar chegando nos próximos dias para passar um tempo aqui no Rio com ela. Acho que ela ficaria feliz de ter vocês reunidos nesse dia.

- Ah, mas que maravilha! Vamos fazer sim, Oto! Fiquei animada agora! Ótima ideia, a Brisa merece. - Marineide agora entendia porque Oto tinha ido sozinho até lá.

- Eu também adorei a ideia! - Karina concordou empolgada.

- Claro que a gente vai fazer! Vou preparar tudo lá no bar, deixa comigo. 

- Eu sabia que eu ia poder contar com vocês. E vocês são muito importantes para ela, como uma família.

- Ela é da nossa família. Vocês são! - Os olhos de Karina brilhavam pensando na surpresa para Brisa.

- A gente vai se falando então, para ajeitar tudo. Com cuidado para ela não saber, claro. 

Oto voltou para casa pensando nos detalhes da festa e em como faria para Brisa não perceber nada. Deitou no sofá da sala lendo um livro esperando ela voltar.

***

Brisa caminhava sorridente pela calçada com algumas sacolas do mercado quando passou por dona Olímpia.

- Oi, Brisa! Menina, ainda bem que te encontrei... Tá todo mundo comentando do estado que seu ex ficou.

-  Como assim, dona Olímpia?

- É. De novo, né? Os dois bonitões brigando por tua causa. Mas dessa vez o ex levou a pior. Espeto me disse que o Oto bateu nele com raiva mesmo, foi violento, que não teve nem chance de defesa. Mal se segurava em pé e ficou com o rosto destruído.

Brisa ficou incomodada com o comentário dela e quis cortar a conversa.

- Bom, em briga sempre tem alguém machucado, né? Ari não podia nem estar aqui. Agora, a senhora me dê licença que daqui a pouco meu filho tá chegando, eu tenho que arrumar as coisas. - Saiu apressada sem dar chance que ela continuasse a conversa. 

Quando chegava ao portão de casa, ouviu um carro se aproximar: era o motorista de Guerra levando Tonho de volta. 

- Meu pinguim!

O motorista desceu e abriu a porta para que Brisa tirasse Tonho. Ele abraçou a mãe e pulou em seu colo, mas tinha uma expressão diferente. Quando o motorista saiu com o carro, Brisa parou observando a fisionomia do filho. Parecia incomodado com alguma coisa. Abaixou para conversar com ele antes de entrarem.

Ela abriu a porta e Tonho entrou correndo indo direto para o quarto. Oto se virou e se deparou com Brisa em pé próximo da porta, visivelmente irritada. Ela entrou sem dizer nada, jogou as bolsas de compras na mesa e parou de costas para ele.

- Aconteceu alguma coisa, Brisa? - perguntou sem entender por que ela e Tonho estavam tão estranhos.

- Aconteceu. Aconteceu que você agrediu Ari, né?

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