Dois mundos

Laços

Oto surgiu do meio de ursos polares gigantescos.

- Brisa, vem ver esse berço aqui. - Chamou-a com evidente empolgação no sorriso. 

Brisa atravessou por entre os ursos até chegar até ele. Deparou-se com um berço branco que ocupava quase toda uma parede. 

- Esse? É lindo, mas é muito grande, Oto. Tem muita parafernália. Além da maior parte dessas coisas serem muito pouco úteis, acabam atrapalhando, ocupando espaço. Vamos escolher algo mais simples, menor.

- Tá bom. Eu achei que esses suportes ajudavam para trocar fralda, vestir as roupinhas...

- Tem berço com suporte mais simples. Esse aí ia mais atrapalhar do que ajudar. Um pouquinho menos, Oto. A gente vai achar coisas bonitas, mas mais simples. Muito detalhe, muitos recursos acabam sendo demais. Você vai ver. 

- Certo. Você que manda! Se é ruim, é ruim. Tem uns menores desse lado, vem.

Brisa caminhou de mãos dadas com Oto até o setor cheio de berços de todos os tamanhos e cores. Seus olhos brilharam mais forte na direção de um que parecia ter a cor natural da madeira. Oto a observava de perto.

- Acho que já temos um eleito.  - Oto afirmou convicto, vendo o sorriso no rosto dela.

- Eu quero ver de perto os detalhes.- Puxou-o pela mão.

- É esse! É perfeito. - Brisa afirmou com convicção.

- É lindo! Eu gostei também. E é bem diferente. - Sorria em concordância.

Oto fez um sinal para a vendedora, que veio atendê-los.

- Acho que a gente já comprou tudo. - Brisa suspirava cansada, mas com um sorriso realizado no rosto.

- Não quer ver umas roupinhas?

- Não sei, acho que já tem muita coisa. Você comprou um monte, ela ganhou já algumas...

- Mas você não escolheu nenhuma dessas. Eu quero que ela tenha as roupas que a mãe dela escolheu para ela. Inclusive, a gente pode escolher a que ela vai sair da maternidade com a gente.

- Tá bom. Vamos lá ver.  - Brisa concordou com os olhos enchendo d'água. Ouvindo em voz alta, sentia este dia estava cada vez mais próximo.

Os dois pararam de frente para uma estante cheia de roupinhas. Oto abraçou Brisa por trás, com a mão na barriga dela. Ela encaixou a cabeça no pescoço dele. Sem notar, ficaram parados assim por um longo tempo, em silêncio. Apenas os olhos dos dois se mexiam, passeando entre as tantas opções. 

Brisa estendeu a mão e pegou um vestido branco com saia rodada florida. Lembrava sua roupa de dança. Sorriu. Não precisou dizer nada para que Oto entendesse a referência. pegaram para levar.

- Essa blusinha aqui tem um unicórnio. Combina com a mochila dela. - Oto piscou o olho para Brisa.

Brisa riu e suspirou.

- Será que ela vai gostar de unicórnio? - Brisa perguntou com a expressão genuinamente pensativa.

- Eu espero que sim, né? Eu vou levar essa blusa. 

Os dois riram. 

Brisa escolheu mais algumas peças para recém-nascida. Sentia-se feliz, mas ansiosa com a proximidade do nascimento.

Dessa vez, os dois saíram da loja carregados de bolsas, ainda que só Oto as carregasse.

- Eu vou deixar essas sacolas no carro. Senta aqui nesse banco quanto isso. Depois eu volto e a gente vai almoçar.