Em verso e melodia

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Brisa sentou de frente para Oto. Inclinou-se para frente e apoiou a mão sobre a dele. 

- Você acha mesmo que isso pode ser um problema? Se o Moretti sempre teve medo desse assunto vir à tona e tudo ser descoberto, ele vai jogar tudo para o alto agora, assim? 

- O Moretti tá se sentindo encurralado. E está mesmo. Eu não acho que ele vai conseguir se livrar da prisão. Tanto o meu pai quanto o seu estão empenhados para que ele seja preso. Ele acha que pode usar isso para me forçar a convencê-los a deixar isso de lado. 

- E o que você está pensando em fazer?

Oto encarava o chão, com o semblante pensativo. Voltou a olhar nos olhos dela.

- Eu vou abrir o jogo para o Guerra. Ele tem que saber disso porque qualquer que seja o desfecho, vai afetar ele.

- Você vai contar do hackeamento para o meu pai? - Tinha uma expressão  tanto apreensiva quanto surpreendida no rosto.

- Vou. Meu pai já sabe. Eu contei para ele justamente porque ele estava lidando diretamente com o Moretti. E também ele quis saber se o Moretti teria algo para usar contra mim. Como vingança. É o que ele está fazendo. Eu não vou me dobrar à chantagem dele, Brisa. Não Vou. Se chegou a hora de pagar pelo que eu fiz, eu vou enfrentar isso. Mas se ele fizer mesmo o que tá prometendo, eu acho que seu pai tem o direito de se antecipar às possíveis consequências disso. Eu estou trabalhando com ele. Estou na liderança de um projeto grande. Representando ele.  Acho que é melhor eu me afastar antes que o Moretti aja. Para a credibilidade da empresa dele não ser afetada. 

- Oto, não! Você não precisa largar tudo.  Foi um erro que você cometeu, mas... Você não tem que desistir de tudo. Deve ter outro jeito. A gente nem tem certeza se o Moretti vai mesmo fazer o que tá falando!

- Mas pode ser que faça, Brisa. E o erro é meu. Ninguém mais tem que ser prejudicado por causa disso.  Às vezes eu acho que é até melhor que o Moretti faça essa denúncia para acabar com essa história de uma vez.

- E você ser preso, Oto?

Elevou os ombros, resignado.

- Eu achei que podia simplesmente me arrepender e seguir em frente. Mas essa história continua me perseguindo. O mais justo seria eu pagar pelo que fiz. Não sei se eu seria preso ou se há alguma outra forma de compensar...

- Tem que ter! - afirmou com aflição, abaixando-se na frente dele e o abraçando. 

Oto acariciou o cabelo dela. Mergulhou o rosto entre os fios e inspirou fundo. 

- Não precisa ficar assim, meu amor. Isso a gente vai resolver depois. Agora, o importante é ter clareza sobre a situação. Independentemente do desfecho, eu vou ter essa conversa com o Guerra. 

Brisa assentiu com a cabeça, em silêncio.

- Oto...O que você tá achando do Moretti ter contado sobre a nossa prisão para Ari?

- Isso aí foi apenas implicância. Ele quis contar para o Ari algo que fosse depreciativo para mim. Mas ele mesmo sabe que essa história não deu em nada, nem vai dar. O Ari no máximo poderia ter usado isso como argumento contra você na disputa pela guarda do Tonho. Mas isso antes. Depois que ele estragou tudo sozinho, isso não vale de nada. 

-Eu posso ir com você para falar com meu pai. - alisava o rosto dele.

Oto deu um leve sorriso.

- Não precisa, meu amor. Eu acho que essa conversa tem que ser só entre mim e ele. Mas fica tranquila. Essa parte é o que menos me preocupa. Eu só acho que eu devo ter essa transparência com ele.  Vai me ajudar a tirar um peso da consciência. Menos uma culpa para eu ter que lidar. 

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