O fim sempre antecede um (re)começo

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No aeroporto, Oto se afastou de Brisa por um instante e foi explicar a situação para Edu, o piloto. Tinha que instruí-lo a manter sigilo sobre a viagem e a presença de Brisa. Moretti não podia saber de nada. 

Tinha consciência de que estava se arriscando, mas não se importava. Achava que era também uma forma de compensar o que Moretti havia feito em relação à prisão deles. Principalmente de Brisa. De todo modo, Moretti havia deixado o avião a sua disposição. 

Já no avião rumo a São Luís, Oto notou que Brisa olhava pela janela apreensiva enquanto decolavam. Encostou nela e segurou sua mão com firmeza. Brisa olhou por alguns segundos a sua mão entrelaçada com a de Oto e se sentiu confortável com aquele gesto. 

- Quando a gente chegar lá, eu alugo um carro e te levo até sua casa em Mandacaru.

- Não, tá doido? Eu vou sozinha. 

- Por quê? Eu vou alugar o carro de forma legalizada, sem adicional de arma no porta-luvas. - sorria com malícia.

- E você ainda faz piada com isso, Oto? - disse Brisa, sem conseguir segurar o riso. - Não estou falando disso. Eu não posso chegar com você lá.

- Qual é o problema? Eu só vou te deixar lá.

- Não quero saber de marocagem com meu nome, de estar chegando lá com....com um homem. É uma comunidade pequena, todo mundo comenta. Além disso, você tem que evitar se expor, não é? É melhor eu pegar um táxi. É perto, chego rápido. Não confio na mãe de Ari também. Ela certamente vai se meter, querendo saber de ti. Eu tenho para mim que ela tem alguma coisa a ver com o que passei lá no mercado.... Mas se tiver, eu vou descobrir.

- Tá bom, você tá certa. Vamos fazer assim.

***


Em São Luís, Oto chamou um táxi e começaram a se despedir.

- Obrigada, viu, Oto? Por tudo que você tá fazendo por mim. 

Oto segurou as mãos de Brisa.

- Brisa...Me dá notícias depois. Agora meu número tá salvo. - Deu um sorriso provocador. - Me liga e me conta se deu tudo certo. Espero que tudo se resolva e que você fique bem com seu filho.

- Eu ligo sim. - Brisa sorriu para Oto e o abraçou. Antes de se afastar para entrar no carro, deu um breve beijo em seu rosto.

Oto ficou parado na calçada olhando o carro se distanciar na pista e ostentando um sorriso bobo. Também se sentia patético por estar agindo como um adolescente que fica eufórico porque conseguiu um pouco mais de atenção da garota que gosta em segredo. 

Voltou para o avião e retornou ao Rio, enquanto Brisa chegava, enfim, em casa. 

***

Quando Brisa desceu na porta de casa, toda a vizinhança parou para olhar. Ela entrou chamando por Tininha, que veio correndo ao seu encontro. 

 - Brisa, mulher! Até que enfim você apareceu! - Tininha a abraçou forte.

- Ô, mermã! Tenho tanta coisa pra te contar, de tudo que passei. Cadê Tonho? Tá na casa da urubua ainda? 

- Ari ontem trouxe ele para dormir aqui. Ele tava reclamando que queria o quarto dele. Agora ele tá lá fora brincando, vou chamar.

- E Ari?

- Tava lá pros lados da venda da mãe dele. 

Brisa tinha certeza de que em breve sua volta chegaria aos ouvidos dele. Esperaria que ele viesse até ela.

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