Sublime e carnal

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Brisa saiu do trabalho no salão no início da noite. Passou no bar rapidamente para cumprimentar algumas pessoas e foi para casa. Trocava mensagens com Oto no caminho. Eles combinaram de se encontrar no dia seguinte para conversarem sobre o processo da guarda de Tonho. Antes de se despedirem, Oto comentou que iria sair para caminhar na lagoa. 

Brisa estava pensativa e inclinada a mudar um pouco os planos.

Tomou um banho e pegou um de seus vestidos favoritos: vermelho estampado, um pouco acima dos joelhos, frente única e com um trançado nas costas. O tecido era fino e fresco. Era o tipo de roupa que parecia ter sido costurada sobre o seu corpo, tão perfeito que era o caimento destacando suas curvas. A escolha não tinha sido despretensiosa. Ela não tinha a intenção de ficar em casa. 

Havia passado o dia pensando em Oto - e no que Karina tinha lhe dito. Com tudo que estava enfrentando agora, sentia-se cansada de sempre analisar demais o que iria fazer e ficar se protegendo a todo custo, calculando erros e acertos. Começava a querer se livrar das inseguranças que estavam tirando a cor dos seus dias. Podia se permitir ser valorizada, da forma que fosse. Gostava da atenção que estava recebendo. Nada precisava ser perfeito, arriscaria um pouco. 

Pegou um táxi e desceu na lagoa. Antes mesmo que o carro parasse, avistou Oto em uma área menos movimentada. Caminhou até próximo de onde ele estava, o suficiente para que não precisasse elevar muito a voz. 

- Oto!

- Brisa? - Ele se virou bruscamente quando reconheceu a voz dela. Ficou um pouco confuso de estar vendo-a ali, àquela hora.  - Você aqui?

Uma corrente de vento leve espalhava os cabelos de Brisa no ar e jogava o vestido contra seu corpo. Estava especialmente bonita. Tinha uma aura sublime naquele momento. Oto caminhava devagar em sua direção, admirando a grata surpresa.

- É, eu... quis vir. Não sei muito bem por quê... 

Oto notou o jeito encabulado de Brisa e chegou bem perto dela, olhando-a nos olhos.

- Tem certeza que não sabe?

Brisa o encarou por alguns segundos sem dizer nada. Abria e fechava sutilmente os lábios, como se ainda decidisse o que ia responder. 

- Não sabe, mas sente...  - ele mesmo respondeu provocativamente.

Oto se inclinou vagarosamente na direção de Brisa e baixou o olhar para sua boca. Deslizou suavemente uma das mãos em sua cintura, pressionando-a. Sentia o corpo dela vibrar. Lentamente passou a outra mão pelo braço de Brisa, envolvendo-a. Ela se deixou levar pelo calor que emanava de Oto atraindo seu corpo ao encontro do dele. Por um breve instante, seus olhares se atravessaram acelerando o ritmo em que seus lábios se tocaram com avidez. 

Brisa pressionava as costas de Oto e passava os dedos pelos seus cabelos, puxando-os sutilmente. Oto segurava a nuca de Brisa com uma das mãos e com a outra alisava sua cintura. Tinham sede um do outro. Desejo, desafogo. O longo beijo demorou o tempo exato de libertarem a vontade que os torturava.

Os dois respiravam na mesma cadência profunda. Oto alisou o rosto de Brisa como se quisesse guardar aquele instante e não deixar acabar. Sorriram um para o outro um sorriso de entrega. Ele a abraçou pela cintura, levantando-a brevemente do chão. 

- Eu quero você, Brisa. Desde o primeiro momento em que eu te vi...

- Eu tô aqui agora. Com você.

- Finalmente. - Oto levantou Brisa em seu colo e a girou em torno dele. Beijava-a com vontade e sem espera. 

Ficaram até tarde ali, Oto sentado no banco com Brisa recostada em seu colo. Ele a beijava lenta e longamente e sorria olhando em seus olhos nas breves pausas. 

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