Lar é onde o amor está

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Brisa e Oto entraram na primeira opção dos imóveis que pretendiam visitar naquele dia. Teriam mais cinco pela frente, alguns um pouco mais distantes do que queriam. Mas economizaram bastante tempo. De  primeira, encantaram-se pelo lugar. Parecia ter sido feita sob encomenda para os planos deles. Embora fosse uma casa antiga, estava muito bem conservada. 

Justamente pelo tempo de construção, tinha cara de lar. Um lar simples, mas aberto ao movimento de um bairro de gente amiga e alegre. Não tinha a palidez fria dos apartamentos modernos e fechados em si. Ficava a poucas casas de distância de onde Brisa morava atualmente. Essa era a melhor parte: não mudaria em nada a rotina que ela ainda estava se acostumando a seguir em seus dias.

- Eu achei os cômodos bem espaçosos, Brisa. E tem um quintalzinho aqui, com plantas.  Acho que o Tonho vai gostar. Lá em Mandacaru ele tava acostumado a brincar mais solto, né?

- Tava. Lá eu não precisava me preocupar. É pequeno, calmo. Aqui eu não posso deixar ele na rua. Eu gostei também disso!

Brisa girava em torno de si, observando cada canto do quarto vazio. Sorria sem perceber. Estava com o pensamento longe, como se imaginasse aquele lugar preenchido som seus sonhos e planos. Inesperadamente, estava o mais próximo que já tinha chegado de ter um lugar seu. 

Oto se aproximou devagar para não interromper bruscamente o sonho desperto dela. Também sorria vendo-a tão interessada na execução daquela ideia que ele chegou a achar que não conseguira convencê-la a aceitar. Abaixou e a abraçou encaixando a cabeça no pescoço dela.

- Esse quarto pode ser o nosso. Viu essa varandinha? Dá para a gente admirar o céu.

Brisa voltou de seus pensamentos e passou a mão pelo rosto dele. Já se sentia à vontade naquele lugar. 

- Eu gostei muito daqui. - disse com os olhos brilhando. - Se não for muito cara, acho que a gente nem precisa ir nos outros lugares. 

- Eu gostei também. Vamos ficar com essa. 

Ele passou as mãos pelos cabelos dela, olhando em seus olhos:

- Essa vai ser a nossa casa.

Ela o abraçou e se aconchegou nele. Aquela ideia já nem era mais tão impulsiva como lhe parecia no início. 

Assinaram o contrato ainda naquela semana. Seria o tempo apenas de renovar a pintura e fazer alguns poucos ajustes. Em breve, estariam na nova casa. 

***


- É amanhã a audiência de conciliação?

 - É sim. Vou chegar lá bem cedo para o Dr. Júlio me passar algumas instruções. Mas ele acredita que é bem provável que Ari tente parecer muito calmo, muito seguro de si. Acha que ele não vai me atacar diretamente. Só manter a versão dele, né.

- Eu vou com você.

- Não! Não, Oto. É melhor não, a gente tem que evitar conflito. 

- Mas eu não vou te deixar sozinha. Eu sei que ele vai tentar te desestabilizar. Eu faço como no dia que você foi lá no flat dele pegar o Tonho. Eu te levo e fico te esperando no shopping que tem lá perto.  Aí, se você quiser, a gente faz alguma coisa, almoça por lá.

Oto se preocupava com as ações de Ari contra Brisa, mas também não suportava a ideia dela perto dele. Era um sentimento muito novo para ele, não conseguia identificar ou reconhecer o ciúme que tinha. Mas o sentimento estava ali, em cada batida de pé de inquietação, em cada vez que passava a mão pelo próprio pescoço. 

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