Como um pai faria

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Oto fazia o curto caminho do carro até em casa sorridente e radiante. Entrou pela sala ansioso para mostrar os papéis do casamento para Brisa. Buscou-a pelos cômodos e a encontrou sentada na cama. Ela tinha uma expressão estranha, que ele não conseguiu identificar de imediato. 

- Meu amor, tá aqui! Dei entrada no nosso casamento. Tudo certo. Agora é só a gente escolher a data na igreja...

- Que bom, amor! - Disse forçando entusiasmo com a notícia, lhe dando um beijo. Era estranho como não conseguia ficar feliz, mas a angústia daquela espera pelo retorno dele a fez pensar em tantas coisas que estava com os sentimentos longe do que tinham planejado.

Ele logo notou que algo não estava bem com ela.

- Tá tudo bem, Brisa?

- Não, Oto. Eu queria que você chegasse logo. Aquele teu sócio esteve aí.

- O Moretti?! - Sua expressão fechou de imediato. 

- O Moretti. 

- O que ele queria?

- Não falou nada específico. Eu disse que você não estava,  ele começou com uma conversa estranha. Queria entrar para conversar comigo, eu disse que sabia que ele não gostava da gente junto. Ele me perguntou se eu sabia o porquê. Olha, Oto.... eu sei que eu não gostei do tom que ele falou comigo. Ele tava me ameaçando. Disse que era bom eu saber o que tava em jogo, que se eu me metesse naquela história de São Luís as coisas podiam não acabar bem para mim, para você. Mas o pior foi quando ele viu Tonho. Disse que gostou de saber que eu tinha um filho. Oto, ele ameaçou meu filho!

- Não, Brisa. Não tem por que ele ameaçar o Tonho.

- Será que não, Oto?

- Não, Brisa. Isso não faz sentido.

- Não faz sentido mas ele deu a entender isso sim. Falando que toda mãe zela pelo filho...

- Brisa, o problema do Moretti é com a gente, com a história de São Luís. O Tonho não tem nada a ver com isso. É uma criança.

- E daí, Oto? - sua voz começava a se elevar, irritada. - Você mesmo disse que não confia mais nele, que não sabe do que ele é capaz. Ele pode usar meu filho para me atingir. 

- Não, não, Brisa. Isso não. O Moretti não se arriscaria tanto.

- Ah, agora você sabe o que ele faria ou não?

- Não é isso, Brisa. É que não faz sentido ele fazer qualquer coisa contra o Tonho sem você ter feito nada, sem ter falado nada. Ele pode ter usado isso para te deixar com medo. E conseguiu...

- Claro que conseguiu. Eu não posso nem imaginar esse homem chegando perto do meu filho. O jeito que ele olhou para Tonho...

- Calma, Brisa. Eu vou falar com o Moretti. Vou ter uma conversa definitiva com ele, vou tirar isso a limpo. Eu já ia ter essa conversa, tava esperando o advogado marcar com ele, mas vou adiantar isso. Só não permite que ele te deixe assim, com tanto medo. É isso que ele quer!

- Como que eu não vou ficar com medo, Oto? É porque não é seu filho...

- Brisa... Eu me importo com o Tonho também. Você realmente acha que não? Eu tenho ele como um filho. Não deixaria nada de ruim acontecer com ele. Eu só estou te dizendo para não se precipitar. O Moretti veio aqui para te aterrorizar, ele faz isso. Mas eu vou resolver, confia em mim.

Brisa olhava para as paredes como se tentasse não reagir de forma impulsiva.

- Oto... eu quero saber o que é que tu fizestes em São Luís para esse homem ter tanto medo que descubram.

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