Os dois entraram no flat de Oto e ele começou a mostrar os cômodos para ela. Não era muito grande, mas era um lugar refinado e aconchegante. Parecia mais espaçoso devido aos poucos objetos pessoais dele. Em cima de uma bancada estavam três laptops.
Brisa, por um instante, lembrou-se de quando entrou no flat de Ari. Quis logo afastar aquela lembrança e voltar a se concentrar onde estava.
- Você tem tantos computadores....! - Observou Brisa.
- É, eu trabalho com computação.
- Ah, sim. Mas você trabalha aqui no Brasil? Ou lá em Portugal?
- Agora, nos dois. - Sorriu e abraçou Brisa.
- E... você vai voltar para lá? - perguntou olhando para baixo, evitando encarar Oto.
Ele notou que ela tinha um tom inseguro na voz e sua expressão denunciava a angústia da dúvida que sentia. Não conseguia não gostar de saber que ela estava preocupada que ele fosse para longe dela. Apressou-se em tranquilizá-la, apertando-a contra seu peito:
- Eu vou ter que voltar daqui a alguns dias para organizar algumas coisas que eu deixei em aberto lá. Quando eu falei com você e soube que você tava aqui no Rio e de todas as coisas que tinham acontecido, eu vim correndo. Não deu tempo de nada. Mas depois eu vou ficar por aqui, só volto para Portugal quando for necessário.
Brisa levantou a cabeça para olhar para Oto. Sorria de alívio, mas principalmente de contentamento em saber que ele tinha largado tudo de qualquer jeito para vir ao encontro dela. Acariciou o rosto dele e o puxou para beijá-lo.
- Depois a gente vai precisar fazer seu passaporte.
- Passaporte? Por quê?
- Para você poder vir comigo para Portugal, quando eu for.
- Eu ir com você?
- É. Quando eu tiver que voltar para resolver qualquer coisa na empresa, você vem comigo. Aí precisa de passaporte.
Brisa sorriu com aquela ideia inesperada. Oto queria levá-la com ele quando fosse trabalhar tão longe. Muito mais longe do que o Rio era de Mandacaru. Mas seu encantamento logo foi cortado por outra preocupação.
- Mas como eu vou deixar Tonho aqui sozinho? Eu espero que ele esteja comigo em breve...
- A gente faz um passaporte para o Tonho também, ele vai com a gente.
Brisa não quis pensar mais em detalhes hipotéticos e apenas voltou a beijar Oto, sentindo-se feliz com o fato dele incluí-la em seus planos, mesmo estando juntos há tão pouco tempo.
- Quer uma cerveja? Pra gente brindar nosso momento aqui, juntos...
- Quero sim.
Oto foi até a geladeira pegar as bebidas enquanto Brisa caminhou até a grande janela do quarto. Lembrou-se, por um instante, de estar na janela do motel na estrada, quando observava a imensidão escura que a isolava com Oto naquele lugar. Dessa vez, a visão que tinha era de um bairro iluminado e muito movimentado. Mas estava, novamente, apenas na companhia dele.
Oto se juntou a Brisa na janela, admirando a vista. Ficaram conversando por um tempo, enquanto bebiam suas cervejas.
Ele se afastou por um instante, indo até a cozinha levar as garrafas vazias. Brisa permaneceu na janela, distraída com a paisagem.
Ao retornar ao quarto, ele parou a certa distancia admirando Brisa, em silêncio. A luz que entrava pela janela parecia contornar as curvas do corpo dela. Tinha uma aura brilhante reluzindo em torno de seus cabelos.
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Dois mundos
FanficUma órfã de vida simples em Mandacaru, no interior do Maranhão. Criada em meio à natureza e imersa nas tradições do povo que a acolheu. Cantora e dançarina, mas também lavadeira, passadeira, costureira e o que mais fosse necessário na rotina de muit...