Oto andava apressado pelos corredores do hotel. Saiu o mais rápido que pôde da reunião para não deixar Brisa sozinha o esperando por muito tempo. Quando entrou no quarto, ela estava deitada assistindo tv.
- Oi, meu amor! Vim logo assim que terminou a reunião. O Edu já tá esperando a gente. Assim que você quiser sair, a gente já pode ir. - engatinhou pela cama até chegar onde ela estava e lhe dar um beijo. Deitou ao lado dela. - A menos que você queira aproveitar a estadia aqui mais um pouco... - sorria reticente para ela.
- Você deixe de história. - riu e desceu a mão pelo rosto dele. - A gente já pode ir. Mas me conta antes, como foi a reunião?
- Foi boa, muito boa. Tô feliz, tô empolgado. É um projeto que eu queria realizar há muito tempo. E as coisas tão saindo mais rápido do que eu imaginei. Tudo dando certo, bem encaminhado.
- Que bom! Tô vendo no seu rosto que você tá feliz mesmo. É bom te ver assim.
- Você me dá sorte. Acho que eu nunca fui tão feliz como eu sou agora, com você, com Tonho, morando lá na Vila. Se alguém me falasse meses atrás que eu hoje estaria assim eu não iria acreditar. - falava em tom reflexivo enquanto acariciava o rosto dela.
- Então vamos voltar para nossa casa, né? Bora.
Os dois saíram abraçados rumo ao aeroporto.
No avião, Brisa olhava pela janela perdida nos próprios pensamentos. Tinha um sorriso envergonhado no rosto. Oto não perdeu a oportunidade de provocá-la:
- Aposto que está pensando na viagem de ida.
Ela olhou para ele rindo abertamente.
- Tô mesmo. Que loucura!
- Loucura por quê? Não gostou?
- Gostei... Mas é arriscado, né? De verem a gente, eu não quero nem imaginar.
- Não tem risco nenhum, Brisa. Só tem a gente aqui. O Edu fica fechado na cabine, ele não sai de lá a viagem inteira. Ele tá com os equipamentos de controle e comunicação, nem ouve nada daqui.
- Ah, não sei. É estranho.
- É só uma questão de acostumar. Com o tempo você acostuma e vê que não tem nada demais. Só um pouco mais de adrenalina com a altitude. - falava com convicção.
Brisa olhou de lado para ele, rindo.
- "Acostumar", Oto?
- É, ué. Requer prática, aprimoramento. - fazia propositalmente uma expressão sonsa para ela.
- Oxi! Mas tu não tem um pingo de juízo.
- Ainda bem que não. E você tá perdendo o seu...
- Devo estar mesmo.
Os dois olhavam para frente rindo. Depois de um tempo em silêncio, Brisa arriscou perguntar:
- Você tem certeza de que o Edu não consegue ouvir a gente?
Ele se esforçou para se manter sério.
- Tenho. Ele não ouve nada. Para falar com ele a gente tem que ir até a cabine ou usar aquele dispositivo ali, apertando o botão.
- Humm...
- Por quê?
- Curiosidade...
- Mas para ter certeza mesmo, tem que testar. - Disse sem conseguir segurar mais o riso.
Sem que ele esperasse, Brisa soltou o cinto de segurança e passou para cima dele, prendendo-o sob ela, entre suas pernas. Passou o queixo pelo rosto dele e disse baixo em seu ouvido.
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Dois mundos
Fiksi PenggemarUma órfã de vida simples em Mandacaru, no interior do Maranhão. Criada em meio à natureza e imersa nas tradições do povo que a acolheu. Cantora e dançarina, mas também lavadeira, passadeira, costureira e o que mais fosse necessário na rotina de muit...