Brisa levantou em um salto da cadeira.
- Eu vou buscar Tonho na escola!
- Não! Não, Brisa. Calma. O Ari ainda não saiu da cadeia. A Laís me avisou assim que soube da decisão favorável a ele, mas ainda precisam emitir o alvará de soltura. Não deve demorar, mas agora ele ainda tá preso.
- E o que a gente vai fazer, Oto? Eu não vou ficar tranquila de deixar Tonho ir para a escola. Não vou!
Oto apoiou as mãos no encosto da cadeira e respirou fundo. Tentava manter a calma para controlar o nervosismo de Brisa.
- Ele não sabe onde o Tonho está estudando. Pelo menos em um primeiro momento, o Tonho não está em risco. A gente não pode se desesperar, se não o Ari toma conta da situação. Ele vai estar em liberdade provisória. A gente tem que ficar em alerta, mas ele também não está em vantagem, não. Eu vou até o escritório da Laís para saber as condições da liberdade dele.
- Eu vou contigo! Eu quero ir! - Afirmava agitada.
Oto segurou com as duas mãos em seu rosto, olhando fixamente para ela.
- A gente vai. Eu te prometo. Eu vou me manter em contato com ela e assim que ela tiver mais informações a gente vai até lá pessoalmente, você faz todas as perguntas que você quiser. Tá bom? Mas tenta ficar mais calma.
- Impossível, Oto. Como eu vou ficar calma sabendo que o Ari vai estar por aí? Eu não sei do que ele é capaz...
- Eu sei, eu sei. Mas a gente sabia que ele não iria ficar preso para sempre. Mais cedo ou mais tarde ele iria sair. Só que a gente foi pego de surpresa, foi mais rápido.
- Logo agora... Eu achando que a gente ia ter um pouco de paz.
- A gente vai ter! Eu não vou deixar esse canalha chegar perto de vocês. Eu te prometo isso! Eu não vou deixar ele atrapalhar esse momento da nossa família. Não vou! Antes dele pensar em fazer da nossa vida um inferno, eu faço na dele. E eu vou fazer tudo o que eu puder para fazer ele pagar por todas as falcatruas. Ele não vai sair fácil dessa, não. Eu vou me aliar ao Guerra. Agora eu acho que pode ser uma vantagem para a gente.
- Se for ajudar, eu posso depor contra ele...
Eu vou para a reunião agora, mais tarde eu vou passar lá na empresa dele. Acho que ele precisa saber também que o Ari tá prestes a ser solto.
***
- Então, Oto... Para você ter vindo aqui, acredito que tenha alguma novidade em relação ao Ari. - Guerra se antecipou ao assunto.
- Isso. Ele vai ser solto.
- Ele conseguiu. - Deu um breve riso forçado de indignação.
- Conseguiu. Eu vim aqui falar com você porque a Brisa, claro, tá preocupada. A gente quer manter o Ari longe o máximo possível. Se for necessário, ela está pensando em talvez fazer o depoimento contra ele no caso das ações da sua filha.
- Acho que seria, sim, muito bom para todos nós. Eu posso imaginar a angústia dela. Esse crápula é capaz de tudo. Foi capaz de sequestrar o próprio filho. Diga a Brisa para vir aqui para a gente conversar. Ou melhor, venham vocês dois até minha casa. Faço questão de recebê-los em um jantar. A gente pode conversar com mais calma, sem a correria aqui da construtora.
- Eu vou falar com a Brisa. Agradeço o seu convite.
- Eu gosto muito do Tonho e me preocupo com ele também. Eu sentia como se ele fosse um neto. Me apeguei muito a ele. Diga a Brisa que, se ela quiser, achar que vai ser bom para o menino, eu posso ceder um segurança para acompanhá-lo. Ao menos no período em que ele estiver na escola. Nunca é demais se precaver quanto à mente doentia daquele...
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Dois mundos
FanfictionUma órfã de vida simples em Mandacaru, no interior do Maranhão. Criada em meio à natureza e imersa nas tradições do povo que a acolheu. Cantora e dançarina, mas também lavadeira, passadeira, costureira e o que mais fosse necessário na rotina de muit...