Capítulo 8.

5.2K 425 187
                                    

Estávamos dentro da caminhonete surrada que um dia atrás tinha corpos na caçamba. Cortando toda floresta, passando em cima de arbustos e pedras, eu queria saber quando íamos chegar em uma estrada, eu o olhava, ele estava concentrado na floresta a sua frente.

-Se continuar me olhando assim eu vou ter que te devorar - ele sorriu e eu pude ver seu sorriso de perfil, não era tão macabro quanto o visto de frente.

Eu fiquei em silêncio. Ele demorou tanto para pegar tudo que "precisa" na velha casa que o sol já já iria começar a se por.

Depois de mais de uma hora chegamos em uma estrada, iria ser uma viagem longa eu sabia disso. Eu já não sabia onde ficava aquela cabana que eu fiquei, não sabia quão longe eu estava da minha vida normal, mas agora eu podia ter certeza que estaria mais longe do que nunca e que talvez eu jamais visse novamente minha irmã, Josh e até mesmo minha mãe.

Minhas costas latejavam, eu evitava me encostar no banco por causa da dor excruciante. Jeff percebeu mas não se importou, o que tem de errado com esse homem? O que aconteceu com ele no passado que o transformou nisso?

As árvores passavam rápido pelo carro, e eu já estava a mais de três horas do lado do maluco, o silêncio me matava e eu não pude evitar...

-Quem fez isso com você? - apontei levemente para o rosto dele. Ele me olhou indiferente e hesitou quando falou.

-Eu mesmo - sorrindo, orgulhoso.

-Por que? - eu sentia que eu estava pedindo para morrer.

Ele ri. Mas para no mesmo segundo.

-Está com fome? - Ele diz jogando seu braço para o banco de traz e tirando uma bolsa, ele me manda abrir e me deparo com vários sanduíches, algumas frutas, salgadinhos, pão...

-Tinha tudo isso naquela casa? - pergunto.

-Não, eu roubei daquela velha - ele pega uma maça e morde -Coma.

Eu como, ela não vai sentir falta da comida. Mas penso... que abandonei o corpo dela na frente de sua casa, o corpo esquartejado e a cena me atormenta mas mas logo esqueço quando vejo a mão grande de Jeff mexer no rádio do carro.

Ele muda algumas músicas, outra reportagem falando sobre mim, uma entrevista e ele escolhe uma música.

-Adoro essa música - ele diz e começa a cantarolar, baixinho, mas audível "strumming my pain with his fingers; singing my life with his words;.."

Encosto a cabeça no vidro, me rendo ao cansaço e descanso no banco "killing me softly with his song, killing me softly with his song"

O tempo se arrasta e já está escuro lá fora, então ele estaciona o carro na frente de um pequeno hotel no meio do nada. Ele tira seu casaco cinza e me veste nele, porque minha camisola branca estava manchada de sangue.

-Nós vamos entrar. Você vai pedir um quarto, sem movimentos estranhos Lilian, se eu perceber qualquer coisa eu mato você e todos lá dentro... Entendeu? - concordei.

Entrei na recepção, era escura e os móveis pareciam de casa antiga. Uma mulher alta de cabelos loiros me atende.

-Boa noite, como posso ajudar? - Jeff estava atrás de mim, ela olhou para ele e fez uma cara de confusa como se tentasse ver seu rosto que estava escondido por conta do capuz e do cabelo grande. Percebo que ela nos achou suspeitos então entro no seu caminho de visão, se Jeff percebesse o que eu percebi seria um massacre.

Fiz o check-in, e acabamos em um quarto que tinha apenas uma cama de casal. Eu pude notar que a moça da recepção tentou esticar seu corpo para poder ver Jeff, mas acabou desistindo quando viu que era inútil.

Parei na frente da cama, me recusando a dormir na mesma cama que esse monstro, olhei para ele e ele entendeu.

-Eu não durmo, a cama é só sua.

-Como assim não dorme? Você não fica cansado.

-Eu tenho outras formas de recuperar energia - ele sorriu

Ele fica observando alguma coisa pela janela do quarto que dá na floresta. Era um quarto simples meio amarelo demais, com uma televisão, um armário embutido com vários cabides e lençóis e um frigobar embaixo da TV.

Entro no banheiro para tomar banho mas quando vou fechar a porta Jeff a segura.

-Porta aberta.

-Não vou tomar banho de porta aberta.

-Porta. Aberta.

-Você acha que eu vou fazer o que nesse banheiro?

-Não discuta Lilian.

-Eu não vou deixar a porta aberta - levantei a voz, e ele me deu um tapa no rosto com força, senti queimar. Toda vez que ele me tocava minha pele queimava

Ele deixou a porta aberta e deitou-se na cama.

O olhei irritada e entrei no chuveiro, era do lado da porta, não dava para me ver lá dentro então estava "tudo bem".

A água que batia ardia e queimava os cortes que ele tinha feito. Caminhei até o espelho. Esse sim era na frente da porta. Virei de modo que eu conseguisse ver o que ele escreveu. "Jeff" com letras de forma.
Isso não ia sair nunca, a cicatriz me marcaria para sempre como um de seus brinquedos.

-Lindo não é? - Jeff perguntou deitado na cama vendo seu nome escrito em mim.

My killer lover - Jeff the KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora