My killer lover - Jeff the Killer

Capítulo 14.

Jeff me puxou para fora de casa, ele estava animado com a chuva.

-Dance comigo - ele segurou minhas mãos. Dançar?

-Eu não sei dançar! - eu não entendia Jeff. Ele bufou.

-Você é uma idiota? - com uma mão ele segurou minha cintura - pise em meus pés.

Eu pisei, nossos corpos estavam juntos de novo. Ele dançou comigo enquanto as gotas de chuva fria pareciam cortes em meu rosto. Mas eu gostava dessa sensação.

Eu tinha certeza que Jeff era bipolar, eu acho que jamais conseguirei compreende-lo.

Eu ria e ele sorria enquanto me olhava, se divertindo. Ele me rodopiava, ao som de uma música inexistente, apenas com o barulho da chuva batendo na madeira, nas folhas e na grama e essa melodia parecia o suficiente para mim.

-Você é linda - ele disse parando de dançar - e estar perto de você me faz ter vontade de mata-la.

Nos encaramos por um tempo em silêncio, seu rosto mutilado já não era nem um pouco assustador.

-Vamos entrar, ou você ficará doente - ele acariciou meu rosto - mesmo sendo tão resistente.

Caminhamos até a entrada.

Entramos molhando a casa inteira, quer dizer, eu entrei. Jeff disse que iria sair novamente. Sabia que ele iria massacrar alguma família. Eu não o entendo, não entendo como ele pode dançar comigo na chuva e logo em seguida estar sedento por sangue... Como ele consegue agir desse jeito comigo?

Qual era o problema desse homem? Por que eu não conseguia odiar-lo mesmo ele sendo tão desprezível?

Fiquei em casa sozinha. Era uma casa assombrosa quando solitária. Estava subindo as escadas quando alguma curiosidade gritou dentro de mim... A porta do quarto onde Jeff dormia estava entreaberta.

Ele não estava em casa, não iria descobrir. Ninguém mandou me deixar sozinha.

Entrei no quarto. Era um quarto normal, apesar de extremamente bagunçado, tinha uma escrivaninha embaixo da janela que estava quebrada e em cima dessa escrivaninha estavam algumas facas de açougueiros, facões, e alguns respingos de sangue.

Uma pilha de roupa suja, nojento. Embaixo da cama tinha uma caixa, a peguei pensando encontrar algum pornô nojento mas não... nela tinha algumas fotos de uma casa, fotos de uma criança... era Jeff...? ele estava... normal, era fofo. Não se parecia com ele atualmente, quase não o reconheci, o cabelo naturalmente castanho, nenhuma cicatriz. Ele nunca me explicou direito o que havia acontecido com seu rosto e eu temia saber.

Encarava suas fotos de quando criança, ele parecia ser tímido e quieto, e seu olhar era meio triste e vago. Em uma das fotos eu vira uma familia, uma mãe, um pai, Jeff, e outra pessoa talvez um irmão? Jeff tinha um irmão? O rosto desse garoto estava riscado então não conseguia o ver. Eu estava fascinada com as fotos até achar um livro, parecia um diário estranho, nele tinha algumas fotos de florestas, sangue, uns símbolos, desenhos de pessoas, quem eram elas? Parecia que elas falavam com Jeff... Amigos? Decidi não mexer. Muitas coisas que eu não sei sobre ele, talvez eu nunca saiba. Olhei o mini Jeff uma última vez antes de fechar a caixa e a por de volta embaixo da cama.

Sai do quarto fui tomar banho e me secar, as imagens do diário estavam na minha cabeça e sempre que eu lembrava do Jeff criança um sorriso surgia no meu rosto.

Jeff voltou apenas no outro dia, dormir sozinha naquela casa foi apavorante, ele fazia falta apesar de tudo... Pela manhã eu o vejo entrando em casa segurando sacos de lixo cheios, geralmente de restos humanos, ele entrou dentro de casa e desceu para o porão. Fingi que não tinha o visto, preferia não buscar saber o que ele estava fazendo.

Ele avisou que iria preparar a nossa refeição depois que voltou do porão, e ficou horas e horas na cozinha e quando o prato foi posto na minha frente, apenas meu prato, ele me olhava de maneira maliciosa e cruel...

-Que carne é essa, Jeff? - perguntei preocupada.

-Coma.

-Eu... não sei.

-Tem certeza? - ele pegou meu garfo pondo um pedaço daquela carne vermelha nele - Olha o aviãozinho... aaah - ele abriu a boca enorme. Mas eu não abri.

-Abra a boca, Lilian. - ele mandou.

Eu resisti.

-Lilian - senti que este era o último aviso.

-Aaah... - abri a boca.

Ele colocou carne na minha boca, e eu mastiguei enquanto ele admirava. Engoli sem perguntas.

-Viu como é fácil - ele sorriu alegre.

Jeff se levantou deu um beijo no topo da minha cabeça, pegou o resto da carne e comeu sozinho, saindo da cozinha. Eu não queria saber da onde vinha aquela carne, mas eu tinha palpites...

-Era carne de vaca sua bobinha - ele grita de alguém outro cômodo, e suspiro aliviada. Que homem doente. Foi apenas para mexer comigo.

Após comer, eu achava que Jeff havia saído de casa mais uma vez, mas ele estava em seu quarto no andar de cima, como um guardião de seus pertences, ele escutava um rock alto. Agora do nada ele decidiu ficar em casa?

Ele me viu na porta do quarto e deve ter falado "entre" mas a música estava tão alta que eu não ouvia o som de sua voz. Ele lançava algumas facas em uma mira que tinha na frente de sua cama...Ele não errava nenhuma. Ele abaixou a música e perguntou:

-Está com tédio é? - ele perguntou.

-Estou. - eu disse sentando no chão de seu quarto.

Ele parou de brincar e virou-se para mim.

-Sinto saudade de lhe cortar - ele passou o dedo em meu ombro de um jeito malicioso - Eu queria que você fosse totalmente minha, Lilian.

-Você é um esquisito.

Eu fiquei admirando seu quarto bagunçado, tinha a mesma essência dele.

-Você morou aqui sozinho?

-Eu morei em vários lugares, não só aqui.

-Sozinho?

-Eu nunca me sinto sozinho.

Mentira.

-Lilian - ele tocou no meu cabelo - Você não pode me deixar.

-Isso é injusto , Jeff - olhei em seu rosto - Você arrancou minha vida de mim, você tirou minha humanidade...

Jeff me olhava com um certo brilho bizarro nos olhos agora.

-Por isso é tão perfeito... - ele sussurrou com o rosto se aproximando do meu.

Me levantei rápido batendo a porta de seu quarto.

Passei o resto do dia vegetando na cama, e a noite ele parava ao lado da minha cama e me assistia dormir, sem falar nada ou se mover.