Capítulo 36.

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Olhei pela janela e o vi deitado numa cama com soro e medicamento na veia... Estava inconsciente.

-Amanhã eles vão fechar sua cicatriz na boca. É macabra e algumas das enfermeiras tem medo de se aproximar.

-Abra, por favor, não irei demorar - disse limpando lágrimas falsas.

-Ok.

Ele abriu lentamente e me lembrou que estaria fora da sala caso eu precisasse. Mas um homem alto apareceu correndo.

-PARADA CARDÍACA NO 670 - e deu meia volta na mesma hora.

-PORRA! Lilian eu preciso ir, tranque a porta quando terminar - ele saiu correndo - e me procure depois.

Ele partiu antes mesmo que eu me desse conta. Olhei ao redor e vi uma enorme porta de
garagem que eu sabia que servia para entrar uma viatura, tirar os criminosos internados e colocá-los direto nela levando-os para a prisão sem que eles tivessem contato com exterior do hospital. Pronto. Perfeito.

Abri a porta e vi Jeff... enfaixado, ligado a máscaras de oxigênios... Me aproximei. Eu podia ver suas veias, parecia que ele estava morto mas seu corpo estava quente.

-Jeff - o balancei para que ele acordasse - JEFF! - seus olhos abriram e logo um alívio percorreu meu corpo.

-Lilian... - a mão dele alcançou meu rosto com dificuldade enquanto eu tirava devagar o cateter da sua veia.

Tirei os equipamentos que estavam ligados a seu corpo e soltei suas pernas e braços que estavam presas na cama com tiras de couro grosso, tentei o levantar mas ele era muito pesado.

-Vamos, Jeff. Você precisa me ajudar - falei já que ele jogava o peso do corpo em mim - Rápido...

Ouvi um barulho no corredor e deitei Jeff na cama novamente, o cobrindo com o lençol para que ninguém visse que ele estava sem o cateter. Jeff tinha uma expressão de dor em seu rosto.

Corri e me escondi, lembrando que embaixo da minha blusa eu havia escondido a faca... A segurei caso alguém entrasse no quarto, foi quando vi a maçaneta girar lentamente.

-O que essa porta está fazendo aberta? - disse um homem idoso farda da polícia que encarava a maçaneta após abrir a porta, ele olhou para Jeff - Está acordado? Parece que terei que chamar alguém para dobrar sua dose.

Quando o homem ficou completamente no meu campo de visão, e de costas para mim eu o alcancei e puxei pelo rosto tapando sua boca e acertei suas costas. Sangue dele escorria em sua roupa e a manchava, minhas mãos estavam sujas... O calor do seu corpo se esvaia enquanto ele morria, minha mão o impedir de gritar... Percebi que sua morte demoraria então para finalizar puxei a faca com força e a estoquei em seu pescoço, vi seus olhos escurecerem, ouvi ele se engasgando com o próprio sangue antes de cair duro no chão.

Sentia a morte. Sentia uma sensação de poder. Me sentia Deus. Me abaixei para mexer em seu corpo e procurar alguma arma, e é óbvio que achei. A adrenalina corria nas minhas veias, virei rapidamente para Jeff que estava olhando orgulhoso para mim. Consegui tirar forças do além e levantar Jeff, que mau sustentava-se em suas pernas, eu tinha que ser forte.

Passamos pelo corpo morto e assim que saímos do quarto, ouço passos corridos e vejo "Peter" de longe.

-Você não quer fazer isso... - ele diz com as mãos para cima quando vê que eu estou apontando minha faca para ele.

-Você vai ficar quieto sobre isso, ou eu mato você - ele se aproxima devagar - Abra esse portão.

-Sabe que eu não posso fazer isso - ele se aproxima e dessa vez está perto de mim - Você não quer me matar, sei que você não é assim.

Jeff se afasta de mim e se segura na parede, estava ficando difícil apoia-lo. E agora ficava mais fácil me movimentar.

-Deixe ele aqui, no fundo você sabe que é melhor para todo mundo - ele acariciou meu rosto - Você é uma boa menina não é?

Fiz um cara de arrependida, talvez eu estivesse mesmo, eu sabia que Jeff não era o tipo de pessoa que você se arrisca a salvar. Mas...

Eu não sei mais.

Abaixei a faca.

-Viu, sabia que você era - ele sorriu suavemente.

Nesse momento eu peguei a arma que havia escondido e atiro no homem. Fazendo-o cambalear para trás e por a mão no seu ferimento enquanto me encarava incrédulo. Ele caiu lentamente no chão, e vi a morte passar em seus olhos.

Sabia que era questão de tempo até ouvirem o tiro que eu havia disparada então mexi no corpo morto de "Peter" até achar molho de chaves em seu paletó, corri para alcançar Jeff e o puxei pela cintura. Ele se apoiava em mim enquanto eu testava todas as chaves possíveis na fechadura do portão. Ouvi passos correndo atrás da gente e comecei a tremer, eram muitos agora...

-Tenha calma - sussurrou Jeff junto a mim, completamente fraco.

Suspirei e finalmente consegui girar uma chave fazendo a porta abrir. Estávamos atrás do hospital em uma rua de paralelepípedos. Fechei a porta e tranquei antes que todos que estavam atrás de nós apareceram. Fudeu. E agora? Para onde eu vou? Estão atrás de nós. Não conseguirei correr e me esconder com Jeff desse jeito.

Me vi sem esperança.

Até que senti Jeff sendo puxado de mim, antes que eu pudesse gritar, atirar, ou esfaquear, vi Liu. Ele segurou Jeff com mais facilidade do que eu e me puxou pelo ombro.

-Venha por aqui - ele me guiou na direção de um carro preto escuro e vi que já estava amanhecendo.

Andamos rápido. Liu abriu a porta de trás e deitou Jeff, me sentei com ele, deitando sua cabeça em meu colo. Ben estava no banco do passageiro. E o carro já estava ligado.

-Meu Deus ele está todo estragado - disse Ben virando para trás e encarando Jeff.

Liu entrou no motorista e acelerou rapidamente, mas logo quando entramos na pista começamos a ouvir as sirenes nos perseguindo.

-Lilian - disse Ben e jogou uma bolsa pesada em meu colo.

-O que é isso? - abri a mochila e vi inúmeras armas de fogo.

-Atire.

O tom de sua voz era pesado. Ele tinha uma arma, abaixou o vidro e com o corpo para fora da janela do carro ele atirava nas viaturas...

My killer lover - Jeff the KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora