Era irreal, era como um sonho, eu estava na fachada da minha casa... Como se nada tivesse acontecido. Não sei como vou entrar, não sei o que vou dizer, minha respiração acelerou, e eu tremia.
-O que porra eu vou falar pra elas? - perguntei para Ben.
-Fala que você se perdeu, ou que você foi sequestrada mesmo - ele disse com um sorriso, não adianta querer conselho do Ben.
Respirei fundo e estava pronta para sair do carro.
-Ei, espera - ele segurou minha mão - Você foi a melhor coisa que aconteceu na vida dele.
Fui mesmo?
- Foi bom te conhecer, Lilian. Não vou esquecer de você - suas palavras tocaram meu coração estraçalhado, Ben era uma ótima pessoa no final das contas.
-Tchau, Ben - sai do carro e o vi dirigir para longe.
Não o veria mais. Não veria mais Jeff. Acabou essa parte da minha vida... Estava sozinha na frente de casa. Desejei encontrar Jeff como o encontrei pela primeira vez, mas ele não viria.
Caminhei até a porta de casa. Eu costumava morar aqui... Era uma casa pequena de um andar, era marrom e feia. Odiava essa casa. Caminhei pelo jardim morto da frente, não cuidavam dele a muito tempo.
Bati na porta antes de perceber que estava aberta.
Minha mãe apareceu na minha frente logo em seguida, com o olhar assustado e arregalado. Ela gaguejou antes de falar:
-L...Lilian? - ela tremia.
Eu não conseguia dizer uma palavra. Apenas a encarava sabendo que aquele não era meu lugar.
-Onde você esteve? - ela perguntou de longe.
-Eu fugi de casa.
Minha mãe me encarava perplexa. Ela tinha um cigarro de sempre na mão e um pijama manchado de vinho.
-Onde está Tereza? - perguntei, minha irmã era a única que tinha a habilidade de me animar nos meus dias mais tristes.
Minha mãe demorou para responder.
-...Ela se matou - perdi o chão - Você demorou demais, Lilian - minha mãe jogou esse fato na minha cara, como se eu estivesse preparada para escutar tal coisa.
-...O que?.. - eu não conseguia acreditar, mas a casa não tinha nenhum sinal dela.
Foi culpa minha. Eu a deixei sozinha nessa casa. Ela era uma menina de 14 anos, não precisava lidar com tudo isso.
Sentei no chão e chorei. Minha mãe me encarava pela cozinha enquanto eu tremia no chão. Uma tia que eu não via a muito tempo chegou perto de mim e me abraçou.
-Lilian, está tudo bem. Calma, respire - eu não queria saber quando foi, não queria saber como foi, era demais para mim.
Joan, minha tia, me sentou na poltrona velha de couro a minha frente e me deu um copo de água com açúcar. Ela tentava me acalmar mas eu mau respirava, queria ver Tereza, queria estar nos braços de Jeff, não queria que Josh tivesse morrido, não queria ter vindo para casa. Queria recomeçar tudo do zero.
Enquanto o resto do dia passava, eu não existia. Tomei banho enquanto eu não era eu. Comi enquanto eu não era eu. Me vesti enquanto eu não era eu. Me deitei na cama e apenas queria que Jeff aparecesse, me tirasse dessa situação. Quando a porta abriu um lampejo de esperança e a lembrança dele abrindo a porta brilhou na minha mente, mas era apenas Joan.
-Oi querida - ela entrou no quarto, fechou a porta e sentou-se na cama, eu queria mandar ela ir embora - Eu sei que você está triste, mas podemos conversar?
Vai embora, por favor.
-Sua mãe me disse que você fugiu - não respondi - Por que? - não respondi - Olha... uma hora você terá que falar.
Queria desaparecer.
-Sua irmã te deixou isso - ela ergueu um desenho, era eu e Tereza, em frente a uma festa de halloween... - Ela iria te dar quando te achassem... Mas com a notícia da sua morte ela...
Meu peito estava pesado. Peguei o desenho e segurei, contendo as lágrimas.
-Por que você fugiu, Lilian?
-Eu gostaria muito de dormir agora.
Ela não disse nada, apenas me encarou furiosa e saiu do quarto. Me acabei em lágrimas. Não consegui dormir. A lua que iluminava o quarto de repente era sol.
Não tinha vontade de levantar, de me mexer, apenas encarava o teto sentindo um vazio interminável no peito. Minha mãe e minha tia abrem a porta, elas entram no quarto e percebo que encostado na moldura da porta tem um policial.
-Lilian, só queremos saber um pouco mais - disse minha tia sentando na cama - Você tem certeza que fugiu de casa?
Eu estava alheia demais para me preocupar com o policial. Não me preocupava nem comigo mesma.
-Eu fugi - afirmei.
-Se você mentir será pior - minha mãe avisou.
-Eu fugi.
A manhã inteira se passou com um enorme interrogatório com minha mãe, Joan e esse policial. Era uma série de perguntas sobre onde eu estava, por que eu estava machucada, com quem eu estava.
Minhas respostas eram vagas e insuficientes, por causa disso eles se cansaram de mim e decidiram ir embora.Mais um dia se passou e eu não sai do quarto uma única vez, o banheiro era dentro dele e minha tia trazia todas as refeições do dia. Eu não tinha vontade de sair... Os dias foram vazios.
-Lilian - Joan, mais uma vez em suas importunações, abriu a porta do quarto - Venha para a sala comigo.
Não queria insistir, então fui.
A casa estava clara demais. E na televisão passava meu rosto...
"A jovem Lilian Harper retorna para casa, a família diz estar muito feliz e que tudo não passou por um mal entendido já que a jovem apenas fug.."
Minha tia mudou de canal rapidamente.
-Olha esse filme - ela disfarçou mudando o tom, mas estava claramente nervosa.
Sentei no sofá ao lado dela, enquanto minha mãe trazia chá... Não prestei atenção no filme, eu viajava na minha própria mente, me imaginava com Jeff...
O resto da semana foi apenas um branco na minha existência, eu não sentia mais nada.
Eu queria Jeff de volta.
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My killer lover - Jeff the Killer
Fanfiction‼️Essa fanfic romantiza uma porrada de coisa, inclusive relacionamento abusivo. Eu não recomendo a leitura se você não gostar disso‼️ Lilian era uma garota comum, com a vida complicada, os pais separados e um namorado tóxico... Ela voltava para a ca...