Capítulo 6.

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As árvores eram altas e cobriam o resto de sol que ainda se tinha no céu. Eu não parei de correr nenhum segundo sequer, eu acreditava estar longe o suficiente da cabana de Jeff, mas sempre me lembrava do dia em que ele apareceu no beco onde eu me escondi como se ele nem tivesse corrido, então eu correria até achar alguém para me ajudar.

O sol estava se pondo, eu estava cansando, estava com sede e com fome, eu não iria aguentar por muito tempo eu estava muito fraca. A floresta ficava cada vez mais escura e isso me preocupava, eu não iria conseguir ver propriamente.

Não importa quanto eu corresse eu não achava ninguém, comecei a chorar e decidi andar, estava perdida e o sol já tinha me abandonado então o frio me abraçou. Eu estava quase desistindo e perdendo a sanidade.

Até que um lampejo de esperança acende, ou melhor, a luz de uma casa acende, uma casa simples de fazenda, com um jardim bonito em volta. Criei forças para correr até a porta, passei por um caminho de pedra e rosas que incensavam o ambiente. Bati na porta desesperadamente, olhei para trás pela primeira vez e vi o caminho que que vim... completamente escuro, eu não podia voltar por ali, alguém precisava me atender, bati na porta mais rápido e mais alto dessa vez.

Uma senhora, mais baixa que eu, de cabelo grisalhos e curtos abriu a porta, ela não procurou meus olhos e logo percebi que era cega. Estava tão feliz que alguém me encontrou, que eu não estava sozinha.

-Quem é? -ela falou com uma voz engasgada.

-Se..Senhora - soei muito desesperada, controlei minha voz e falei de novo - Com licença, eu me perdi, você pode me deixar entrar? Para ligar para meus pais.

-Meu Deus!! Está tarde e a floresta fica perigosa essa hora. - ela abriu espaço - Entre garota, entre.

Eu entrei, era uma casa aconchegante e muito iluminada. As paredes eram floridas, o chão era quentinho de carpete, um sofá pequeno de couro, e umas plantas e flores espalhadas por ai.

-Garota - virei para a senhora que estava vestindo uma camisola que combinava com o papel de parede - O que você estava fazendo essa hora na floresta?

-A senhora tem um telefone? - fui rude - desculpe, eu preciso fazer uma ligação.

Ela apontou para um telefone fixo na cozinha que era toda decorada em tons de azul bebê. Disquei o número da polícia mas o telefone não funcionava, disquei novamente e tentei, novamente, e novamente... Essa merda.

-Esse telefone funciona? - perguntei

-Ah! as vezes ele fica com mau contato - ela apertou um fiozinho e eu tentei de novo, e o telefone não funcionava, tentamos apertar o fiozinho de outro jeito e o telefone não funcionava. Eu desisto da minha vida, vou cortar os pulsos na frente dessa idosa e ela nunca vai saber.

-Esse telefone é uma porcaria, minha filha - ela desistiu também e foi para a cozinha - Quer um cafezinho? - estava faminta, não comi o dia inteiro.

Sentei na mesa de jantar com ela, era uma fartura de comida, sentir aqueles alimentos nutritivos enchendo minha barriga foi extremamente prazeroso. A senhora comia lentamente.

-Me perdoe, eu nem perguntei. Qual o nome da senhora?

-Pode me chamar de Matilda viu.

-Eu sou Lilian.

-Você se perdeu nessa floresta? - ela não insistiu na pergunta - Não volte para casa essa hora não, passe a noite aqui.

Aceitei.

Conversamos bastante sobre uma vida que eu inventei para não preocupar a Dona Matilda com minha vida real, e eu descobri que ela não é totalmente cega, que ela tinha um marido que morreu três anos atrás na floresta, que ela tinha uma filha que não a visitava, e descobri que aqui perto tinha uma estrada e uma vila. Amanhã de manhã, eu vou ir para essa vila, vou fugir, vou divulgar tudo sobre Jeff e ele será preso.

Minha mente estava nele todo momento, estava com medo que ele me achasse...

Eu estava no quarto da filha da Dona Matilda, ela disse para que eu dormisse ali. Ela mexia no guarda roupa de madeira em busca de um roupa para mim, ela me deu uma camisola branca fina e me deixou no quarto sozinha.

-Boa noite minha filha, me acorde quando você acordar, ta bom? Qualquer coisa é só chamar. Eu já vou me deitar - ela era uma senhora simpática, não merecia o que passou.

Tomei um banho rápido com a porta aberta e vesti a camisola. Finalmente me vi no espelho, meu rosto estava arranhando e apenas um pouco inchado. Penteei meu cabelo preto e arrumei a franja, agora minha situação era menos triste.

Tranquei a janela, tranquei a porta do quarto, deixei a luz do banheiro acessa e fui dormir, o quarto era confortável em tons de rosa claro. Pensei que eu teria medo de dormir mas o cansaço me desnorteou e dormi pesadamente.

My killer lover - Jeff the KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora