Capítulo 28.

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Uma semana inteira se passou e eu me sentia obrigada a superar tudo. Voltei a sair de casa, eu ia até a rua e voltava para dentro mas pelo menos eu estava saindo.

A dor não diminuiu, eu apenas me forcei a não sofrer mais. Depois, comecei a visitar o túmulo de Tereza, sentia que era melhor assim, fazia com que eu me sentisse mais próxima dela. Quanto a Jeff... não havia nada que eu pudesse fazer.

Sentia sua falta todos os dias. Mas comecei a melhorar e fazer algumas coisas na tentativa de esquecer dele, mas eu jamais esqueceria... Quando chegava noite eu ficava agitada, ou eu chorava, ou ficava furiosa, tinham até dias que eu tinha picos de energia e me batia uma coragem de correr de volta para a floresta e encontra-lo, cheguei até a considerar e pular a janela, mas vi que era idiotice e voltei para casa... E mesmo se quisesse, eu não o encontraria, nem sabia onde estava.

Em uma dessas noites, meu humor atual era agitação, eu sentia meu coração pulsar mais forte, resolvi sair de casa e beber...Sim. Eu recorreria ao álcool pra me esquecer disso tudo. Era minha única opção... Ele não saia da minha cabeça e isso estava me enlouquecendo.

Vesti uma roupa chamativa, preta, mas era curta e decotada. Me olhei no espelho atrás da porta, eu estava mais magra e eu ainda podia ver a cicatriz que cobria minhas costas...

"JEFF".

É...Eu jamais esqueceria. Ele podia se livrar de mim, mas eu nunca iria me livrar dele.

A cobri com um casaco para que ninguém a visse e abri a porta do quarto, estava de noite e acho que todo mundo já estava dormindo.

-Onde você vai? - Joan aparece na cozinha com uma xícara de chá e um roupão, com a cara preocupada.

-Vou na esquina - estava pronta para abrir a maçaneta.

-Lilian - ela se aproximou calmamente - Não faça nenhuma besteira.

A olhei em silêncio, abri a porta e sai. Fui recebi com um frio intenso da madrugada, que raiva estar com esse vestido agora. Mas não voltei atrás, não queria me arrepender e ficar na cama me afogando na minha própria tristeza.

Caminhei bastante, as vezes eu torcia para ouvir passos atrás de mim... Torcia para estar sendo observada. Queria que Jeff puxasse meu braço e não me deixasse sair essa hora da noite. Eu realmente estava perdendo a cabeça.

Parei na frente de um bar, ele era a única iluminação descente da rua. Estava quase vazio, apenas o barista, um casal e um homem idoso estavam lá dentro, e agora eu.

Entrei e sentei de frente para o barista, um jovem bonito com barba recém feita.

-O que uma moça bonita como você faz em um bar tão tarde? - sua única função era perguntar o que eu queria beber, não perguntar esse tipo de coisa.

-Ah, decepções - suspirei - Me serve uma dose de whiskey.

Apontei para aquele que eu sabia que era o mais forte. Ele arregalou os olhos, mas serviu.

-Beba com cuidado - ele avisou, mas eu não me importei...

Cada gole que queimava minha garganta aliviava toda tristeza que eu estava sentindo... Me fazia esquecer um pouco mais sobre... sobre quem mesmo?

Eu não sei quanto de álcool eu forcei no meu corpo, sei que durante o tempo todo o barista me encarava e parecia querer começar uma conversa mas eu estava ocupada me afogando na bebida...

Em um momento, um grupo de empresários entrou animando o bar, pareciam estar felizes, por isso se embebedaram rápido. O barulho estava me irritando, e eu sentia o olhares de todos em mim, então paguei a conta absurda e o barista me parou:

-Não quer que eu chame um táxi? - ele parecia preocupado.

-Não precisa - eu acho que eu queria encontrar alguém no meio do caminho, mas não lembro quem.

Sai do bar sendo abraçada pelo vento frio. Eu sabia o caminho de casa?

Em um beco do lado do bar, um grupo de homens sentavam e encostavam-se na parede.

-Ei! - um deles gritou, me chamando, virei para olhar - Dá um dinheiro ai pra gente comprar bebida.

-Não tenho dinheiro.

-Oh sua vagabundinha, você acabou de sair do bar - um homem magrelo usando um boné à noite... veio na minha direção, na intenção de me intimidar. Patético.

-Acabou meu dinheiro.

-Sua mentirosa - o homem passou a mão pelo meu bolso do casaco mas eu desviei.

Quando ele me olhou com raiva e tentou me tocar de novo eu o soquei no rosto, fazendo-o cair. Alguns dos outros homens que estavam no beco vieram em nossa direção para tentar me bater mas eu sentei no peitoral do homem caído e soquei seu rosto... Soquei de novo. E de novo. E de novo. A sensação de dor que isso causava em minhas mãos era viciante... eu não conseguia parar. Eu precisa continuar, eu sentia que se eu parasse eu perderia a cabeça, era como se algo me tivesse me possuído naquele momento.

Os homens começaram a se afastar e gritar quando viram o rosto do cara ensanguentado. O barista deve ter ouvido a confusão, porque ele saiu do bar e correu para me tirar de cima daquele homem.

-ME SOLTA! ME SOLTA! - eu gritva. E depois percebi que estava chorando.

-Você está transtornada - disse o barista me segurando pelos braços, ele me olhou no fundo dos olhos e vi que os dele eram azuis, um lindo azul, extremamente claro - Vou te levar para casa.

-SUA PUTA! - um dos homens gritava de longe enquanto o barista me levava para algum lugar - VOU TE MATAR.

As vozes deles foi se silenciando enquanto o homem me levava para um carro vermelho. Ele me pos dentro e logo em seguida entrou também. Agora eu podia olhar bem para ele, seu cabelo era enrolado, ele era magro, e parecia um cara muito inteligente.

-Onde você mora? Você sabe isso? - meus olhos zanzavam pelo carro e ele tentava encara-los. Mas eu me sentia perdida.

-Sabe... Sabe aquele, sei lá. Aquele bairro lá, de casas feias e marrons - Eu olhei para minhas mãos e estavam cobertas de sangue, estava quente, era confortável.

-...Está bem - o Barista dirigiu e dirigiu, eu não fazia ideia do caminho que era aquele... Mas a cidade era pequena e foi questão de tempo até entrarmos na rua da minha casa.

-AQUI! - gritei após um longo tempo em silêncio, apontando para minha casa fazendo-o se assustar. Mas ele estacionou com rapidez, e suspirou.

-Tem alguém na sua casa?

-Tem.

Ele suspirou novamente, e limpou minhas mãos com um pano que tinha no carro dele.

Ele desceu do carro e abriu a porta para mim, quando minhas pernas fraquejaram ele me segurou. Parou na porta da minha casa e tocou a campainha. Minha tia rapidamente apareceu.

-Lilian! - ela me tomou em seus braços - Sabe que horas são? Sua sem noção - eu realmente não sabia que horas eram. Ela olhou confusa para o Barista esperando que ele dissesse alguma coisa.

-Ah.. Hm... - ele gaguejou - Eu sou Peter. Ela bebeu um pouco demais e eu a trouxe para casa.

-Ah - minha tia suspirou decepcionada - Obrigada Peter, tenha uma boa noite.

Em um piscar de olhos, a porta ja estava fechada, eu ja estava caminhando para o quarto e minha tia não calava a boca.

-Lilian, você é mais responsável do que isso - eu estava entrando no meu quarto - Como você tem coragem de chegar em casa quase cinco horas da manhã?

Parei na porta para encara-la.

-Que coisa feia, uma menina linda dessa... Bêbada - fechei a porta em sua cara. Não a escutei mais reclamar.

Me deitei na cama cansada e zonza, tudo girava. Senti saudade de espancar o homem, de sentir seu sangue escorrendo, de sentir seus ossos, de ouvir os gritos de seus amigos, de.... de Jeff.

My killer lover - Jeff the KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora