Capítulo 13.

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Jeff havia dito que não iria me deixar no porão de novo, dessa vez eu podia ficar dentro de casa.

-Mas sabe, Lilian... - ele saiu do banheiro em que estava agora pouco sendo costurado por mim - Você tentou fugir uma vez... - as palavras pesaram na minha consciência por algum motivo - O que você acha que eu deveria fazer?

-Como assim?

-Bem... - ele abre um armário no corredor e me mostra uma marreta - Eu não posso te deixar andando livremente por ai, e correr o risco de você querer me abandonar. De novo.

-Jeff... - perdi a voz.

O homem ergue a marreta até onde consegue e bate em minhas pernas, me fazendo cair no chão, a dor era tão grande que eu gritei e chorei. Jeff agacha ao meu lado e me puxa para junto de si. Ele encosta sua cabeça na minha e diz:

-Shhh... - afagando meu cabelo - Está tudo bem. Passou, passou...

Enquanto eu gritava ele me segurava em seus braços, me confortando como se não tivesse sido o responsável por isso.

-Meu amor... você sabe que isso foi para o nosso bem - mesmo ferida eu me agarrava a ele com força enquanto tremia de dor. -Finalmente você gritou para mim, não é? - eu sentia a felicidade em sua voz.

Ele me deixa no chão e eu sinto um frio por ter sido deixada. Mas ele volta e sinto meus olhos brilharem. Ele traz consigo algumas talas e fita, ele faz um curativo nas minhas pernas. Me ergue no colo enquanto afaga minhas costas e me sobe para o segundo andar do casarão.

Ele entra comigo em um quarto espaçoso e me põe na cama encostada na parede, não era grande mas era confortável.

-Seu quarto é esse - ele admira meu rosto cheio de lágrimas por um momento - irei sair, não me espere.

Ele levanta e sai do quarto batendo a porta do quarto, estava anoitecendo. A dor excruciante das minhas pernas não me permitiam dormir.

Não ouvi passos no corredor, ou qualquer outro sinal de Jeff.

Apenas de manhã, quando ele abriu a porta do quarto para me checar e eu o encontrei com a camisa respigada de sangue

-Acordou tão cedo? - ele perguntou.

-Não consegui dormir.

-Quer que eu cante para você? - pareceu tentador ouvir Jeff cantando, mas ele falou em tom de brincadeira.

-Eu queria que você não tivesse quebrado minhas pernas.

-Uma pena pra você então.

Ele fechou a porta. Fiquei sozinha novamente, mas consegui dormir.

Fiquei no quarto o dia inteiro.

Consegui levantar no outro dia de manhã, sabia que meus ossos não estavam quebrados...pelo menos isso. E vi Jeff subindo as escadas de frente ao meu quarto, com sua camisa encharcada de sangue, mas ele passou direto e foi para seu próprio quarto.

E seguiu assim durante uma semana inteira. Jeff mal falava comigo. Evitava ao máximo tocar em mim. Depois de alguns dias eu consegui andar melhor, mesmo mancando, eu conseguia descer e subir a escada.

Geralmente Jeff evitava estar no mesmo cômodo que eu. Mas quando eu estava no andar de baixo eu podia o ver lá fora carregando sacos de lixo pingando vermelho. Eu sabia que ele trazia pessoas para casa e as torturava até a morte, outras eu sabia que ele perseguia na rua e matava largando o corpo em qualquer lugar.

E foi assim durante mais alguns dias, eu estava ate me acostumando com a solidão e estava estranhando não ouvir sua voz. Tinham noites, durante a madrugada em que eu descia para beber água e o via assistindo televisão, algum programa sádico ou filme de terror, e então eu subia as escadas, não queria que ele me visse ou soubesse que eu mal dormia.

Uma certa madrugada eu acordei de um pesadelo, desci as escadas e encontrei Jeff, deitado no sofá assistindo algum outro filme em que pessoas eram cortadas ao meio.

Decidi ir de encontro a ele. Ele me encara feliz quando nos vemos, nem parecia que me evitara todos esses dias. A sala estava escura e era apenas iluminada pela luz da televisão mas eu conseguia ver bem o brilho em seus olhos quando eles encontram os meus.

-Estava me perguntando quando você teria coragem de descer completamente aquelas escadas ao invés de me ignorar e subir - ele falou.

-Por que você não fala mais comigo? - perguntei.

Ele não respondeu, mas abriu os braços me convidando a deitar em cima dele. Eu hesitei. Ele estava usando um calça moletom preta e um casaco cinza... aquele colo parecia tão confortável e não consegui negar, me senti desprezível por conta disso, me senti desprezível por precisar da atenção dele.

Levantei o joelho me apoiando no sofá e larguei meu corpo em seu peitoral largo. Me aconcheguei em seu corpo, ele me abraçou e com o polegar ele desenhava espirais em minhas costas. Eu, infelizmente, me sentia no lugar mais confortável que eu podia estar.

Eu sabia que algo me prendia a ele... Eu não conseguia o odiar por completo...

Eu encarava a televisão que passava um filme grotesco de terror, eu sentia quando Jeff ria das mortes, sentia seu peito levantar quando ele respirava e eu conseguia ouvir seu coração... ele era humano, apesar de tudo. Eu acabei caindo em um sono profundo em seus braços.

Acordei de manhã na minha cama, ele me trouxe no colo até o quarto, e pensar que faziam dias que eu não conseguia dormir. Desci as escadas e Jeff não estava sujo de sangue dessa vez.

-Eu nem percebi que dormi - falei.

-Dormiu bem - Jeff não perguntou. Ele afirmou.

Jeff tinha feito algumas panquecas, ele cozinhava mal aliás.

Sentei para comer até que...

-EI! - ele se levantou da mesa rapidamente -ESTÁ CHOVENDO! VENHA COMIGO LILIAN.

My killer lover - Jeff the KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora