Capítulo 11.

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Eu tentava processar tudo que tinha acontecido agora pouco, mas Jeff se adentrava na floresta me segurando pelo ombro porque minhas pernas bambeavam. Mas ele parecia firme, apesar de ferido.

Com seu abraço Jeff manchara minha camisa e minha pele de vermelho. Estávamos combinando. Pintando a floresta.

Jeff tentava conversar comigo.

-Estou lhe levando para minha casa. Minha verdadeira casa - eu não iria responder. Sentia que se eu abrisse minha boca eu vomitaria.

-Dessa vez ela é mais perto da cidade - ele ainda tentava fazer com que eu falasse.

-Tem roupas que você pode usar lá - eu encara o chão em que eu pisava. Aqueles policiais tentaram me salvar. Eram cinco homens, policiais armados, e Jeff os matou com facilidade. Agora eu sei do que ele é realmente capaz.

Eu me perdi em pensamentos durante o caminho e não sei se Jeff continuou falando comigo. Apenas volto a realidade quando vejo um casarão antigo de madeira escura.

Ele me guia até um caminho de pedra, passando por um jardim morto sem vida. Subimos na varanda vazia, ventava frio ali, e ele me solta apenas para abrir a porta. Volto ao meu corpo quando sou a primeira a entrar na casa e perceber que tudo irá se repetir, ele irá me bater, me torturar, e quando o vejo entrando na casa, atrás de mim, me desespero.

Seguro as lágrimas.

Ainda estávamos encharcados de sangue... Essa será minha realidade agora? Ficarei presa com esse homem para sempre? para ele brincar comigo quando bem entender.

-Tire a roupa Lilian, vai começar a feder - ele se refere ao sangue em mim e se aproxima afim de tirar a mochila com alimentos que eu carregava. Mas eu desvio de seu toque.

-O que foi? - ele tenta alcança-la de novo, mas eu sigo me esquivando dele, ele ri como se fosse uma brincadeira.

-Não chegue perto de mim. - falo com a voz trêmula tentando soar firme. E ele se torna sombrio novamente.

-Está com medo?

-Não toque em mim.

Ele ignora meu pedido e se aproxima, me colando na parede do hall de entrada.

-Está com medo de mim, Lilian? - ele cheira meu pescoço como se sentisse meu medo - Eu gosto disso.

Juntei coragem para o empurrar para longe com a maior força que conseguia, mas eu estava fraca. A porta estava aberta bem do lado, ainda deveria ter alguns carros de policia por aqui e a cidade é perto. Eu precisava tentar, eu sei que parece loucura, talvez porque seja mesmo loucura.

Tento sair pela porta mas quando piso fora de casa ele puxa meu cabelo longo e me aperta junto dele.

-De novo essa brincadeira boneca? - ele estava apertando e puxando meu cabelo mesmo com meu rosto a centímetros do seu e eu podia ver claramente os cortes profundos em sua face - Você deveria saber que eu não gosto disso.

Ele me arrasta pelo cabelo até uma porta dentro da parede da escada. Jeff me joga lá dentro. Me fazendo rolar alguns degraus até eu alcançar o fundo daquele porão. Eu sentia meu corpo inteiro latejar, minha cabeça doía pois havia batido algumas vezes em uns degraus, e respirar foi difícil.

Ele vinha atrás com passos lentos, os sons dessa velha escada de madeira rangendo, me fazia derramar lágrimas. Me arrastei para sair de seu caminho, mas Jeff foi mais rápido e me chutou na barriga me atirando para fora de sua passagem.

-Você deixou as coisas mais difíceis para você, sabe disso né? - ele voltou arrastando uma cadeira no chão.

Jeff me ergue do chão sem a menor dificuldade, mesmo estando claramente com algumas balas presas em seu corpo. Ele me põe na cadeira virada para si, me encara por alguns segundos e me mostra uma corda grossa que ele segurava.

O monstro amarra meus pés na cadeira, minhas mãos no braço da cadeira, e meu corpo no encosto, me imobilizando completamente. Ele pega uma fita marrom que estava em um canto úmido do porão e a gruda na minha boca, me calando completamente.

-Eu não quero mais ouvir sua voz - ele beija levemente a fita que cobria meus lábios. Minha cabeça girava, e eu não entendia meus próprios pensamentos.

Ele sentou no chão junto ao meu corpo sem alma, e deitou a cabeça no meu colo, olhando para frente.

-Por que você faz isso comigo, Lilian? - ele falava com uma voz triste - Você queria me deixar, mas eu só queria ficar com você.

Eu observava seus cabelos negros caídos em minhas pernas. Estava ficando tonta.

-Quando eu fico perto de você tenho vontade de lhe estrangular, de arrancar cada grito de dor - ele dizia isso com a inocência de uma criança - eu não consigo me controlar Lilian. Eu adoraria quebrar cada osso do seu corpo mas eu não quero te ver morta... Eu quero te ver sofrendo. - As palavras dele giravam na minha cabeça e se acumulavam em pensamentos que iriam me torturar.

-Sabe... - ele suspirou - Minha humanidade foi arrancada de mim. Eu só precisei de um empurrão para ser quem eu sou de verdade, esse sou eu de verdade - ele disse orgulhoso - Agora minha cabeça conversa comigo... Elas só queriam que eu pusesse um sorriso no rosto. - uma pausa pesada - E eu só consigo ser feliz quando eu vejo dor e sofrimento, principalmente quando eu mato e escuto aquelas almas perdidas implorarem por suas vidas medíocres, eu... - ele se interrompeu como se ele se arrependesse de tudo que acabou de falar. Ele estava me falando dele... mesmo tendo quebrado um espelho horas atrás por conta disso.

As palavras de Jeff ficaram distantes e minha visão turva. Não queria mais servir de saco de pancada. Talvez eu devesse ir na onda dele, não queria mais ser usada, não queria ser uma boneca para ele.

Jeff levanta com um impulso rápido, puxa meu rosto e fala cuspido:

-Morra sozinha aqui Lilian - ele sai do porão, deixando-o completamente escuro. E não sei qual será a próxima vez que o verei.

My killer lover - Jeff the KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora