Capítulo 16.

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Jeff não tocou em um único fio de cabelo de Josh... Eu acho que isso me aterroriza mais do que se ele tivesse o torturado até a morte. Ele estava distante pensativo, e voltara a me evitar... Eu não o entendia, mas eu queria.

-Em que está pensando? - eu perguntei quando o vi andando de um lado para o outro na cozinha.

-Seu namoradinho - Josh estava naquela maca a uns 3 dias... Jeff nem sequer me permitia chegar perto da porta que o trancava.

-...Você vai mata-lo? - ele para de andar e se aproxima de mim:

-Mas é claro que eu vou - ele afaga meu rosto, e não consigo mais desviar de seu toque.

Eu não tinha o que dizer. Não tenho como o impedir eu sei disso.

-Jeff... - eu podia pelo menos tentar dizer algo para o fazer desistir.

-Se você tentar será pior.

Eu me calei. Por algum motivo eu sentia indiferença em relação ao caso Jeff vs. Josh.

Os olhos de Jeff brilharam como se ele tivesse tido uma ideia genial:

-JÁ SEI! - ele gritou animado, me assuntando - irei sair por um tempinho... - ele puxa meu rosto próximo ao seu e nossos narizes quase se encostam - você já sabe o que não pode fazer...

Ele se referia a chegar perto da porta. Chegar perto de Josh.

Quando percebi eu já estava sozinha na cozinha. Sozinha de novo. Sozinha.

A casa fedia. As vezes eu podia jurar escutar a respiração de Josh. Eu estava ficando louca ali dentro. Tentei abrir a porta da frente (não custa nada tentar) e estava trancada, além disso Jeff colocou grade em todas as janelas. Eu também estava trancada...não era somente Josh a vítima.
Mas eu já não sentia vontade de fugir... Eu aceitei, aceitei abandonar minha vida, mas agora Josh apareceu...

Eu estava sentada no sofá encarando o nada, sendo consumida por pensamentos. "Onde Jeff foi?", "O que foi fazer?", "Onde ele encontrou Josh?", "Josh ainda está vivo?", "Que merda era aquele livro..?", "Quem são aquelas outras pessoas?", "Como está minha irmã? Ela pensa que eu estou morta..."

Desliguei a mente. Não queria saber que as pessoas achavam que eu estava morta.

Ai foda se. Fui em direção a porta do porão atrás da escada, me pareceu algo extremamente proibido a se fazer. Mas eu não estava assustada.

Abri a porta, estava escuro e fedia. Desci as escadas curiosa

-Josh...? - perguntei receosa.

Andei um pouco mais e encontrei seu corpo magro sentado no chão, com as pernas presas, ele... parecia bem?

-LILIAN! - ele se espantou quando me viu - VOCE PRECISA ME AJUDAR! ESSE CARA ESTÁ ME MANTENDO BEM ALIMENTADO E VIVO AQUI. ELE PRETENDE ME MATAR E COMER MINHA CARNE? POR QUE ELE TA ME ALIMENTANDO?

-Ele não vai te devorar, ele não é assim - defendi.

-Como assim "ele não é assim?" você está com ele?

-Não é isso.

-VOCÊ ESTÁ COM AQUELE DEMÔNIO? - ele gritou. Imaginei tristemente que minha possível última conversa com Josh seria assim... Se ele não fosse tão ruim podíamos fugir, eu podia ajuda-lo e ele me ajudaria, mas Josh só pensava em si mesmo.

-Você não sabe nada sobre ele.

-Ficar aqui está te deixando doente - ele tentou se levantar mas caiu no chão - você devia ser grata de me ter... devia ser grata que eu ainda te procurei.

Eu apenas o encarei, em sua situação miserável.

-Você acha que ficar com ele vai te poupar? Acha que ele vai te amar? Lilian, ninguém nunca vai te amar como eu amo - ele disse.

Eu estava me afastando enquanto ele grunhia até que ouvi lá em cima:

"Liliaaaaan" A voz de Jeff cantarolando meu nome.

-Vai voltar correndo para ele é? - ele sorriu torto, um sorriso nojento que me deu angústia - Você é patética.

Talvez eu seja mesmo patética.

Me afastei sem dizer nada e corri para sair dali, mas quando cheguei na porta Jeff já me encarava.

-O que você estava fazendo? - ele perguntou olhando a porta aberta atrás de mim.

-Eu só... - ele me interrompeu, me empurrou contra a parede e disse entredentes:

-Eu mandei você não chegar perto - ele estava irritado.

-Mas não aconteceu nada.

-NÃO ME INTERESSA - ele gritou com o rosto próximo ao meu.

Eu não tinha mais medo, juntei força o suficiente para o empurrar e o fazer cambalear só um pouquinho para trás. Corri para a cozinha e ele corria atrás de mim, puxei uma faca do faqueiro, apontei para ele o que o fez gargalhar.

-Quer mesmo tentar a sorte? - ele agora parecia se divertir com a situação.

Corri pela casa inteira, subi as escadas, abri portas, entrei em cômodos, o ambiente ficava pesado conforme ele gritava meu nome e eu explorava a casa. Ouvir seus passos correndo atrás de mim apenas me motivava a continuar, até que percebi que ele estava ficando perdido. Achei um quarto escuro com um papel de parede amarelo desbotado, tinha um armário antigo com umas pequenas frestas e entrei dentro dele, segurando a faca e minha respiração... Eu pretendia mata-lo? Eu não sei... Eu acho que eu não conseguiria mata-lo.

Eu o ouvia andar pelo corredor a minha procura pela casa enorme, ele me chamava, e estranhamente isso fazia meu coração apertar.

Ele entrou no quarto e eu fiquei paralisada.

-Meu amor? Você está aqui? - ele dizia - Venha comigo, Lilian. Vai ficar tudo bem.

Ele olhava embaixo da cama "Lilian?". Atrás da porta "Lilian?". Atrás das cortinas "Lilian?".

Ele parou de frente ao armário.

-Por que você está se escondendo?

Ele abriu a porta e eu fui recebida com um sorriso enorme.

-Amor, você está assustada... Venha aqui - ele abriu os braços - Está tudo bem - não consegui negar, me agarrei em seu abraço enquanto ele lentamente tirava a faca da minha mão. Ele afagou meu cabelo enquanto dizia:

-Não fique brincando com essas facas pontudas.

Apenas me acolhi em seus braços e o ambiente ficou calmo novamente.

My killer lover - Jeff the KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora