Capítulo 19.

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Entrei em casa e fui direto para o banheiro do andar de baixo molhar a queimadura de cigarro, provavelmente iria deixar uma cicatriz.

Jeff me observava pela porta.

-Quero te ver com mais cicatrizes - ele chega por trás e me segura pela cintura. Então eu viro para frente e o encaro... meus olhos se perdem nos seus por alguns segundos mas eu saio do banheiro rápido e vou para a cozinha ver o que ele comprou e o sinto vindo atrás de mim.

Eu mexo nas sacolas e sento no chão para guardar algumas coisas no armário, ele faz o mesmo.

Essa hora da tarde a casa tem um clima bom, é iluminado demais pela janela da cozinha.

-Você morou nessa casa sozinho a quanto tempo? - perguntei.

-Bastante - ele disse pegando molho de tomate e colocando no fundo da gaveta

-Você não tem medo dessa casa macabra? - eu tinha. Passar aqueles dias aqui sozinha foi um inferno.

-Eu sou aquele que assombra essa casa, Lilian - ele esvaziava outra sacola.

-Mas se eu fosse você eu teria medo de fantasmas aqui.

-Isso é porque você é bobinha - ele se levantou para ir na geladeira guardar as frutas que tinha comprado.

-Essa casa é sua sua?

-Minha minha? - ele parecia estar se divertindo com a minha conversa fiada - Eu achei essa casa abandonada e agora eu moro aqui.

-Credo.

-Pois é.

Nós passamos a tarde assim. Eu esquecia que ele me feria e conseguíamos ter conversas naturais e fluidas, eu conseguia aceitar seu toque e sua natureza... Mesmo ele me machucando. Mesmo ele sendo assim eu o aceitava, eu agia como se fosse normal.

Eu sei que ele precisa de mim.

No final do dia eu peguei uma camisola branca que encontrei no fundo do armário, estava indo dormir, mas ao invés disso Jeff grita meu nome na sala. Desço as escadas para o encontrar largado no sofá assistindo filme de terror.

-Assista esse comigo - ele estava sorrindo.

Fui de encontro a ele que se ajeitou no sofá para que eu pudesse me sentar ao meu lado. O filme começou e já tinha um maluco esfaqueando as pessoas.

-Igual a você, olha aí - eu disse, com sono.

-Né - ele se deitou no sofá ficando mais confortável.

O filme passava e eu ficava mais apertada no sofá porque Jeff era muito espaçoso.

-Venha cá - ele abriu os braços para mim, como naquele outro dia.

Não rejeitei e me deitei em seu peitoral. Senti seu coração bater, sua respiração... eu não dormi dessa vez.

Assistimos o filme juntos, ele ria a cada morte e também quando eu levava algum susto. Quando acabou, subimos a escada juntos conversando sobre o filme.

-Eu acho que a Emily teria sobrevivido se ela não fosse tão burra - disse Jeff.

-Eu pensei exatamente isso. Se ela não tivesse inventado de levar um desconhecido para casa...

-Mas todo filme de terror precisa de alguém burro para ter a trama.

Nos despedimos com um "boa noite" e cada um foi para seu quarto. A companhia de Jeff já se tornara algo quase gratificante para mim... Eu ainda sorria da nossa conversa mesmo depois de ter deitado na cama.

Infelizmente eu dormi. Sonhei com Josh. Estávamos na minha casa quando vejo Josh esfaqueado dezenas de vezes no rosto, a cena é horrível mas piora quando ele levanta e começa a chorar.

"Você permitiu que isso acontecesse, você é medrosa MEDROSA MEDROSA"

Ele corria atrás de mim com o rosto desfigurado enquanto chorava e me xingava. Cai e as mãos dele estavam no meu pescoço. Acordei assustada, quase cai da cama e percebi que havia chorado.

Jeff estava sentado na minha cama me observando. Estava escuro demais no quarto mas eu podia ver claramente seus olhos brilharem.

-Isso é algo que você faz todo dia agora? - eu disse defensiva, ele acabou de me ver acordando de um pesadelo.

-O que você sonhou?

-Nada demais - deitei e tentei voltar a dormir mas ele não sairia dali porque é teimoso demais e é difícil dormir com alguém te observando -...Com o Josh.

-Nem na morte o cara descansa.

-Sei lá... - me sentei e olhei seu rosto... seus olhos estavam mais brilhantes hoje... - Eu não me importei quando ele morreu... nós fomos namorados, ele foi parte da minha vida mesmo que fosse um cara ruim eu deveria ter chorado com sua morte.

Jeff não falava nada, apenas me olhava.

-Eu não senti nada além de alívio quando ele morreu e eu acho que eu sou uma pessoa horrível por isso.

-Olhe para mim - ele disse - Ainda acha que *você* é uma pessoa horrível?

-É diferente, parece até que eu não tenho mais sentimentos, eu me sinto vazia.

-Se permita sentir então - ele acariciava meu cabelo e me olhava com certa luxúria - Se permita sentir, Lilian.

Seu rosto se aproximou do meu até nossos lábios quase tocarem, eu sentia sua respiração em meu rosto, era quase como se ele pedisse permissão... Eu mesma me estiquei e o beijei.

Nossos lábios estavam juntos e eu sentia todo seu calor. Sua boca era suave na minha e pareceram perfeitas juntas. Sua mão estava na minha nuca me puxando para perto como quem não deseja lhe soltar, minhas duas mãos seguravam seu rosto.

Senti quando ele abriu a boca então eu retribui, nossas línguas estavam juntas e nossas respirações estavam ofegantes. Ele fazia sua mão passear pelo meu corpo e nos beijávamos como duas pessoas que jamais querem se separar. Era quente e sedutor. Sua mão desce até minha cintura e me puxa para mais perto ainda, eu amava sentir seu calor. Eu precisava desse calor.

-Lilian... - ele sussurrava com nossos lábios grudados.

-Eu estou aqui - sussurrei de volta. Parando de nos beijar por um momento.

-Você deveria ir dormir.

My killer lover - Jeff the KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora