Capítulo 20.

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-Como eu vou dormir, Jeff? - perguntei e ele segurou meu rosto - Sonhar com aquilo de novo? Porra, eu sou uma péssima pessoa.

Ele me abraçou e me aconchegou em seu colo...

-Shh... Venha cá - ele se deitou na cama me convidando a seus braços, e eu fui - Durma aqui.

Era tão seguro. Tão confortável. Ele me puxava para próximo de si, e eu me aninhava cada vez mais a medida que ele me acariciava com tanto cuidado e carinho.

As vezes eu sentia que pertencia aos braços de Jeff, mesmo com a violência mesmo com a dor física eu não queria sair de seu colo.

Eu dormi profundamente ali. Acordei sozinha. Novamente. Desci as escadas para não o encontrar... Quando eu não via Jeff, sentia quase uma sensação física de vazio, havia comida feita então eu comi. De repente aparece pelo arco da porta da cozinha.

-Vamos dar uma voltinha - ele diz vindo em minha direção e segurando meu braço.

Eu o sigo para fora de casa, e ele entrelaça nossas mãos. Caminhamos em direção a floresta e cada vez nos adentramos mais e mais. A floresta ficava cada vez mais densa.

-Onde estamos indo? - perguntei.

-Só olhar algumas coisas - ele disse ainda segurando minha mão.

Imediatamente suspeitei. Jeff podia ser amoroso comigo mas não era nenhum santo, e inúmeras coisas podiam estar por trás desse "coisas".

Até que de repente... Uma parte da floresta densa era iluminada pelo sol da manhã. A luz que atravessava as folhas deixava o ambiente como se fosse um mosaico. Era iluminado , intocável, quase divino. Haviam tantas flores e alguns coelhos pulavam em algumas pedras, e eu podia jurar escutar alguma coisa como uma cachoeira ali perto.

-...É lindo - eu falei admirada e via que Jeff admirava a mim, e não a paisagem.

-Tem vários lugares assim pela floresta - ele se senta na grama e se encosta em uma árvore - Eu queria que você tivesse a oportunidade de ver um, já que você não... sai de casa - nós dois sabemos o motivo de eu não sair de casa.

-Você vem muito aqui? - sento com ele no chão.

-Eu passo muito por aqui - quando ele disse isso um coelho se aproximava e começava a o cheirar, antes que ele terminasse de erguer sua mão para pegar o coelho em um ato de fúria eu o pego e trago para meu colo - Meu nome de verdade é Jeffrey... Allan Woods... - ele deu um suspiro - Mas não me chame assim.

Concordei com a cabeça. Ele me disse seu nome. Então ele tinha certa confiança em mim, apesar de tudo.

Jeffrey Allan Woods. Soava bonito.

Decidi lembrar desse nome.

-Ei... - eu me virei para o olhar...

-O que foi? - inúmeros coelhos o rodeavam agora e ele estava visivelmente incomodado, foi engraçado então eu ri.

-Não ria da minha desgraça - ele disse brincalhão.

O contraste dos coelhos fofos e Jeff foi extremamente cômico... Foi um momento em que passou pela minha cara tirar um foto e emoldurar, mas eu não podia... Então olhei o máximo que pude e acabei lembrando de Jeff quando criança, ele ainda era o mesmo, todos nós somos apenas crianças que cresceram... Ele apenas não cresceu de uma maneira saudável. Mas eu ainda o via como uma criança que tem medo do abandono.

-Por que você está me olhando assim? - percebi que o olhava com uma expressão triste.

-Não sei.

-O que você queria me dizer?

-É que... - não tinha certeza se eu podia pedir isso, mas parecia que nossa relação estava estável então eu iria tentar - Aquela festa de Halloween...

Ele me olhou profundamente fazendo-me arrepender de ter mencionado...

-Por favor. É a única vez que eu te peço alguma coisa - implorei.

-Me peça outra coisa então - Ele disse tirando coelhos de seu colo - Você sabe que isto está fora de questão.

-Vamos Jeff - me aproximei e segurei sua camisa - Por favor - abaixei a cabeça implorando - Por favor - eu adorava Halloween. Minha irmã e eu costumávamos... a memória dela me pegou desprevenida. Enquanto eu estava com Jeff eu tentava ignorar todos meus sentimentos, fossem eles raiva, tristeza, angústia e até mesmo paixão, eu tive alguns deslizes, confesso, mas eu os ignorava ao máximo, não queria parecer fraca.

Não queria que ele me achasse fraca... Ou ele se livraria de mim.

-Vou pensar - ele disse. Pelo menos era alguma coisa.

-Ta bom - agi como se não me importasse mas ele me viu sorrindo.

Ficamos deitados no chão, sentindo a brisa da manhã, os coelhos que pulavam nossas pernas, a grama espetando nossas costas, o sol entre as folhas batendo no nosso rosto... Ele sentia a mesma coisa que eu, era humano.

Tempos se passavam e eu estava aproveitando o momento.

-Eu vou com você. Até a festa... mas não vamos ficar muito, Lilian, odeio pessoas - soltei um sorriso grande.

-Eu não pretendia ir sozinha - eu falei sorrindo e depois sussurrei - Obrigada.

Me sentei e coloquei um coelho no meu colo, outro pulou no colo de Jeff. Mesmo com uma cara de raiva ele acariciou o coelho, era como se dois mundos se chocassem.

-Se continuar me olhando assim eu vou ter que te beijar - ele falou com malícia.

Não parei de o olhar porque eu estava ocupada admirando a vista.

Jeff se aproximou puxando meu rosto com as mãos e me dando um beijo caloroso. Ele sorriu logo após.

-Agora vamos. Estou ficando com fome.

Ele me levantou pela mão e estávamos indo de volta para casa dele. Jeff não segurou minha mão dessa vez, ele as colocou no bolso de seu casaco cinza e caminhou ao meu lado.

Ele parou de repente, ficando com uma expressão confusa e assustada... Eu jamais o vira fazer essa cara.

-Vamos logo - ele me apressou, pondo a mão atrás das minhas costas.

-O que aconteceu? - perguntei confusa com a pressa que ele estava andando.

-Só ande - demorou um pouco mas chegamos em casa. Jeff agia suspeito, olhava pelas janelas o tempo todo e cobriu as da sala com alguns panos. O que merda ta acontecendo?

-Que isso? - questionei quando o vi com uma pilha de lençóis para cobrir todas as janelas da casa com eles.

-Algo necessário - ele parou de caminhar para me dar um beijo delicado no topo da minha cabeça.

Jeff estava afoito e eu tinha certeza que isso é um mal sinal.

My killer lover - Jeff the KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora