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Maraísa POV

O que eu esperava ser meu grande primeiro dia acabou sendo meu grande pesadelo, aquela megera da minha chefe quase acabou comigo, depois que regressou de sua reunião ela simplesmente resolveu descontar todo seu maldito estresse em mim, me deu trabalhos e mais trabalhos, gritos encima de gritos, reclamou de absolutamente tudo além de botar defeito em tudo.

Estou que nem uma louca andando por esses corredores indo levar o café da toda poderosa porque ela simplesmente cismou que eu deveria pegar café pra ela sendo que há uma pessoa que trabalha na cozinha que pode fazer isso, chego próximo a sua porta respiro o mais fundo possível tentado canalizar toda paz do mundo pra não surtar e amassar a cara dela com essa bandeja, bato na porta duas vezes e espero ela me autorizar a entrar, quando recebo autorização abro a porta e ela como sempre está olhando para os papéis sem nem se quer se dar ao luxo de olhar pra porta, confesso que quando ela está concentrada é extremamente linda e atraente, seus traços bem desenhados, sua boca carnuda, sua pose de dona do mundo mesmo quando está distraída, balanço minha cabeça afastando esses pensamentos ridículos e caminho até sua mesa colocando seu café na sua frente.

— A senhora deseja mais alguma coisa — Ela levanta seus olhos passando pelo meu corpo confesso que me senti nua diante dela, sinto minhas bochechas corarem e me recrimino por isso.

— Não, é só isso. Creio que por hoje já trabalharmos demais, então está dispensada. — Ela diz com sua voz grave e firme que me faz arrepiar sempre que escuto.

— Tudo bem, então já vou me retirar. — falo já me virando pra sair

— Senhorita pereira!

— Sim?

— Fez um ótimo trabalho hoje, boa noite. — Ela diz voltando a atenção para os papéis

— Obrigada, senhora. — Saio de sua sala ainda incrédula, ela não me xingou, nem reclamou de nada, nem me demitiu, ela me elogiou, como assim ? Ela só pode ter bebido nesse meio tempo que fui buscar café pra ela.

Arrumo minha bolsa e saio em direção ao elevador ainda surpresa com as palavras dela, posso até jurar que seu tom de voz estava suave, o elevador abre me tirando de meus pensamentos ando pelo estacionamento já quase vazio, destravo meu carro entrando no mesmo, jogo minha bolsa no banco do passageiro, retiro meu blazer colocando por cima da bolsa, respiro fundo jogando minha cabeça pra trás, e sinto meus ombros cansados, hoje realmente não foi como o esperado mas eu preciso me manter nesse trabalho por mim e pela minha bebê, ao lembrar do meu anjinho que ficou em casa em saber que já já vou poder abraça-lá e sentir seu cheirinho, vê seu sorriso, ou vir sua voz, sorrio involuntariamente colocando a chave na ignição antes de dar partida faço um coque mal feito e logo em seguida sigo rumo a minha casa.

Depois de alguns minutos dirigindo avisto minha residência e um suspiro de alívio ecoa pelo carro, estaciono na frente de casa e desço, aciono o alarme e procuro minhas chaves na bolsa não me atrevo a tocar a campainha pois Maiara já deve estar dormindo a essa hora, quando finalmente encontro as chaves na bagunça que é a minha bolsa abro a porta devagar mas sou surpreendida pela icônica cena da Maiara correndo pela casa só de blusa e calcinha com uma Lauana quase falecendo correndo atrás dela.

— Mai...mai-a...mai-a-ra — Ela tentava falar, correr e respirar ao mesmo tempo.

— Não, pega... Não pega eu — Maiara cantarolava enquanto corria e desviava de Lauana.

— Vem... Aqui sua... Pestinha — Ela para de correr quando me vê na porta. — Aí meu Deus! — Ela vem em minha direção ofegando e com os olhos arregalados. Graças a Deus você chegou — Me abraça enquanto tenta normalizar a respiração.

— Mas o que aconteceu aqui? — Pergunto tentando entender a cena, Maiara quando escuta minha voz vem correndo na minha direção pulando em mim e em Lauana me fazendo dar uns passos pra trás com o impacto.

— Mamãe... Mamãe voxe xegou — Ela fala me dando os braços.

— Cheguei meu amorzinho. — Pego ela no colo dando vários beijinhos. — Agora me explica o que houve aqui? — Pergunto colocando ela no chão.

— Eu dei banho nela aí... Quando... Fui vesti a calça... Ela se recusou e... Saiu correndo. — Lauana fala com as mãos apoiadas no joelho e tentando ainda respirar, não consigo conter o riso olhando pra essa cena.

— Você está bem? — Pergunto vendo o estado da minha amiga

— NÃO! — Ela fala num tom mais alto me fazendo gargalhar. — Toma! — Me estende a mão me dando a calça do pijama da Maiara. — Veste aí nela que eu vou ali na cozinha vê se meu pulmão não caiu por lá — Ela vai em direção a cozinha com a mão no peito, tô quase achando que ela vai realmente infartar. Olho pro lado vendo uma Maiara com uma cara de sapeca já sabendo que vai levar uma bronca.

— Vida, já disse pra você deixar a titia cuidar de você. — Falo pegando ela pela mão e guinado até o sofá.

— Max eu num telo cooca ropa. — Fala fazendo um bico enorme.

— Mas você precisa, não pode ficar nua por aí você sabe, coloca o pezinho aqui. — Digo mostrando a calça pra ela que coloca o pé, termino de vestir ela e olho pro meu bebê que ainda tem um bico lindo eu puxo ela e mordo seu biquinho fazendo ela rir. — Sobe que já passou da hora de você dormir.

— Deta cum eu mamãe? — Fala fazendo aquela carinha de pidona.

— Tudo bem! vamos lá. Ah! E por favor para de atazanar sua tia ela já é bem pirada você vai terminar de endoidar ela. — Maiara começa a rir eu pego na mão dela passando pela sala e indo pro corredor quando ela solta minha mão passando correndo na minha frente entrando no seu quarto e se jogando na cama, ela sempre faz isso com medo de alguma coisa embaixo da sua cama puxar ela pelo pé.

— Deta ati. — Ela diz afastando e deixando um espaço pra mim na sua cama, deito puxando ela pro meu colo e coloco sua chupeta fazendo carinho no seu rosto.

— Eu senti tanto a sua falta meu amor, vai ser tão difícil ficar longe de você assim todos os dias, mas sei que é por uma boa causa espero que você também compreenda isso. — Dou um beijo em sua testa e ela sorri com os olhos. Fico por alguns minutos fazendo carinho e cantarolando pra ela até que ela adormece, saio de vagar da sua cama e coloco seu ursinho no meu lugar pra ela não sentir falta e ter o que abraçar, cubro seu corpinho até seus ombros e dou um beijo demorado em sua cabeça, saio fechando a porta bem de vagar e vou em direção a cozinha vê se minha amiga ainda está viva.

— A pestinha já dormiu ? — Ela pergunta ao me ver entrar na cozinha enquanto terminando de comer uma fatia de bolo

— Já sim, ela me pareceu bem cansada. — Lauana para a colher que ia levar a boca na metade do caminho e me olha indignada.

— Cansada ? Cansada ? Amiga cansada estou EU, ela me fez correr pela casa toda, me fez dançar balé, me fez cantar, quando eu pisquei ela estava quase jogando meu celular na privada e disse "que era pra vê se ele sabia nadar", me fez ser um coelho e cismou que eu sou a cara do Bibou da Barbie. — Ela fala gesticulando com a colher nas mãos me fazendo rir.

— Meu Deus amiga, desculpa ela é um pouquinho elétrica você sabe. — Digo ainda rindo.

— Pouquinho elétrica? Essa menina é ligada no 220, só pode. — Ela fala fazendo ambas rirem. Mas e aí como foi o grande primeiro dia ? — Sua voz era de empolgação.

— Foi um grande primeiro terror isso sim — Falo escondendo meu rosto em minhas mãos e suspirando.

— Foi tão ruim assim? — Olho pra ela pela bracha do meu dedo.

— Foi horrível. — Falo com a voz abafada pelas minhas mãos.

Minha Salvação | MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora