Maraísa POV
Dirigi vagarosamente pelas ruas da cidade. O trânsito estava calmo, com apenas alguns carros indo e vindo. Uma garoa caia timidamente, trazendo consigo um frio repentino. Uma mudança brusca de clima, nada comparado com o tempo ensolarado de horas atrás.
Sinal de que o inverno lutava para tomar o seu lugar aos poucos, o que me fazia ver a cidade com um aspecto mais bonito, as ruas estavam cheias, pessoas caminhavam pelas praças e estabelecimentos. Era notório como as vestimentas eram bem mais bonitas e elegantes quando o frio chegava. Tudo estava perfeitamente normal e cotidiano.
A grande cidade ficava para trás conforme o carro se movia pelas ruas, as luzes dos grandes prédios de luxo deu lugar as casas mais simples daquele pequeno bairro. As casas fora de esquadro, cada uma de um tamanho diferente, as tintas gastas e descascadas, apenas lembranças de que um dia foram novas e coloridas. Após dobrar algumas esquinas indo cada vez mais para dentro daquele bairro, avistei a casa tão conhecida por mim.
Estacionei o carro, retirei o cinto e desci sentindo o vento gelado contra meu rosto, fazendo alguns fios de cabelo se espalharem, olhei para o céu acinzentado e já podia ter noção da tempestade que estava se formando. Observei ao redor e avistei a enrugada velhinha que mora três casas de distância me observando. A cadeira de balanço na qual ela se encontrava sentada se movia preguiçosamente. Seu semblante era de alguém maltratando pelo tempo, não havia uma expressão que pudesse ser decifrada em seu rosto. Levantei lentamente minha mão em um gentil comprimento, e recebi um sútil acenar de cabeça como resposta.
Deixando aquele momento estranho para trás, segui em direção ao pequeno portão o abrindo e logo ouvi o ranger dos ferros enferrujado daquele velho portão. Tirei o molho de chaves do meu bolso não demorando para achar aquela que abriria a porta. Empurrei a madeira lentamente tendo visão do interior do imóvel.
Devido ao tempo fechado, o dia estava escurecendo mais rápido do que o abitual me impedindo de ver com clareza. Tateei a parede até encontrar o interruptor e acender as luzes trazendo claridade para o ambiente.
Em alguns passos adentrei aquela casa que foi o meu lar e de Maiara por alguns anos. Apesar de ser humilde tivemos bons momentos, muitas memórias foram feitas aqui. Sorri sozinha lembrando dos momentos aqui vivido. Com certeza esse lugar tinha um valor sentimental para mim.
Fechei a porta atrás de mim e respirei fundo sentindo aquela mistura de cheiros, mofó, com poeira. Cheiro de casa que está fechada e jogada as traças a tempos. Olhei ao redor vendo os móveis cobertos por lençóis brancos, ou que pelo menos foram brancos um dia. O chão estava coberto por uma fina camada de poeira que fazia com que minhas pegadas ficassem marcadas ali. Eu não sabia por onde começar, mas hoje essa casa iria ter uma faxina Premium.
Respirei fundo novamente, fiz um coque mal feito, arregacei as mangas e fui para a guerra. Decidi começar limpando o banheiro, senti um leve arrependimento pois o tempo estava frio e mexer com água não foi uma decisão muito sábia. Mesmo com as mãos congeladas pela baixa temperatura da água, lavei cada centímetro daquele cubículo vendo a poeira se misturar com a água a tornando escura. Esfreguei, poli, desenfetei, enxuguei e coloquei um cheirinho mesmo sabendo que ninguém iria usar o banheiro.
Segui para o quarto de Maiara e sorri ao ver o quartinho todo rosa, do jeitinho que ela gosta. Sua cama sem nenhuma roupa de cama pois ela fez questão de levar tudo. Seu guarda-roupa que tinha as portas cheias de adesivos de anime e bonecas. Abri uma das portas e vi o interior vazio, comecei a limpar tudo cada cada centímetro do quarto da minha bebê, deixando todo cheiroso.
Segui para o meu quarto e ao ver a bagunça ali dentro senti vontade de desistir. Eu não vou terminar tão cedo, mas precisava ser o mais rápida possível. Sei que Marília irá acordar em breve e me procurar e logo saberá que não estou em casa, quando ligar pro seu segurança e descobrir que saí sem ele o show vai ser dos grandes.
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Minha Salvação | Malila
FanfictionMarília Mendonça, dona de uma renomada multinacional, uma mulher fria, misteriosa e calculista que exala poder e respeito por onde passa. Sua vida é centrada apenas ao seu trabalho deixando assim que os negócios e o dinheiro amenizasse dores e decep...