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Maraísa POV

Relutante, despertei pela manhã. Gostaria de dormir o máximo que fosse necessário, recuperar as minhas energias para retornar ao trabalho, mas o barulho insistente do despertador me alertava que isso não seria possível. Me espreguiço na cama fazendo todos os meus músculos se alongar forçando meu corpo a acordar. Me viro tendo a visão dos dois corpos deitados ao meu lado. Marília estava de bruços em um sono profundo, mechas de seus fios dourados estavam sobre seu rosto. Maiara estava no meio da cama, uma de suas pernas estava sobre Marilha e seus braços abertos fazendo seu corpo ocupar a maior parte da cama. Me sento encostando as costas na cabeceira me permitindo observar aquela cena enquanto um sorriso bobo nasce em meus lábios.

Aos poucos deixo minha mente me levar em pensamentos profundos, imaginando como tudo poderia ser diferente, como poderíamos estar juntas e desfrutando desses momentos que tanto me aquecem o coração, mas ao mesmo tempo me dilacera por saber que Marília nunca será minha completamente, sempre desfrutamos desses momentos mas não como eu gostaria. Maiara sempre será nossa ponte, o que nos liga uma a outra. Tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe.

As vezes penso que deveria ter deixado tudo como estava, eu poderia me contentar em amá-la em segredo, fingir que estava tudo bem e tê-la como amiga, ter noites casuais, do que confessar meu amor e receber sua rejeição. Seria bem melhor do que conviver com esse monte de "será", não me arrependo de nada. Mas de vez em quando passa pela minha cabeça um "podia ter sido diferente".

Deixo todos esses pensamentos de lado e me concentro no longo dia que terei pela frente, com toda certeza tenho muito trabalho acumulado. Passo a mão no rostinho de Maiara vendo-a suspirar pesado, tento retirar sua chupeta mas ela segura com força enquanto resmunga virando-se para o outro lado encontrado o corpo de Marília e se agarrando nele. Sorrio com a cena e mesmo sentindo dó de acorda-la começo a balançar seu corpinho fazendo ela despertar.

— Acorda meu amor. — Me aproximo beijando seu rosto.

— Hunn!! — Resmunga fazendo carinha de choro.

— Ei! Tá tudo bem, é a mamãe. Já é hora de levantar, vamos se não você se atrasa pra escolinha. — Tendo convence-la.

— Xai mamãe, xai! — Ela se vira novamente tentando afundar seu rosto no pescoço de Marília fazendo a mesma despertar.

— Hun! Que foi? — Pergunta rouca e sonolenta.

— Mamãe quelo domi maix. — Diz coçando os olhinhos.

— Eu também, mas vocês não deixam. — Resmunga ainda de olhos fechados.

— Vamos cuidar! Temos que ir trabalha e levar Maiara na escola. — Digo levantando.

— Shi! Cala a boquinha Maraísa. — Sua voz sai quase inaudível e percebo que ela estava adormecendo novamente.

Ando até os pés da cama e levanto um pouco a coberta agarrando um pé de cada uma, com dificuldade e muita força puxo elas que com o susto se sentam na cama desnorteadas.

— Vocês tem trinta minutos para se aprontarem, vou fazer o café. — Digo saindo do quarto enquanto escuto o resmungo das duas.

Me dirijo para a cozinha procurando na geladeira e nos armários ingredientes para fazer nosso café da manhã. Decido passar um café forte e meio amargo para Marília e um suco de laranja natural pra mim. Pego algumas frutas e torradas, faço ovos mexidos com queijo e a mamadeira de Maiara. Enquanto estou colocando tudo na mesa escuto as risadas da minha menina ficando cada vez mais preto. Marília entra na cozinha com ela agarrada em suas costas como um coala.

Maiara já está uniformizada, seus cabelos amarrado em um rabo de cavalo e um lacinho azul. Por mais que seja simples Marília está conseguindo se superar na hora de arruma-la. A loira por sua vez trajava um vestido preto social abaixo dos joelhos, calçava um salto preto de solado vermelho, seus cabelos soltos e uma leve maquiagem. Estava deslumbrante.

Minha Salvação | MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora