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Pov Maraísa

A noite correu com forme o planejado, o evento foi incrível do início ao fim, tudo naquele lugar estava impecável. Embora estivesse deslocada no início da noite consegui me encaixar em algumas conversas e conheci algumas pessoas. O leilão foi assustadoramente assustador, nunca me acostumarei com o fato das pessoas pagarem valores exorbitantes por simples peças, admiro muito a arte mas confesso não ter coragem de dar um valor tão alto em uma. Talvez elas até valham esse dinheiro todo. Talvez eu que seja um pouco sovina.

Por um curto período de tempo consegui me divertir na pista de dança. O álcool que corria em minhas veias fez o meu corpo ser embalado pelo ritmo das músicas, mas como sempre fui obrigada pela senhora Marília Possessiva Mendonça a me retirar do ambiente. Seu comportamento e semblante mudam instantaneamente sempre que alguém se aproxima de mim. Não entendo esse seu comportamento, não temos nada apenas tivemos uma noite de sexo selvagem que beneficiou ambas as partes e nunca nem tocamos no assunto e a vida seguiu como se nada houvesse acontecido.

Viro-me na cama encarando o corpo deitado ao meu lado, as madeixas loiras espalhadas pelo travesseiro, o lençol alvo a cobrindo até seus ombros. Mesmo estando na outra extremidade da cama consigo sentir o cheiro inebriante de seus cabelos, respiro fundo sentindo o ar expandir meus pulmões até o limite. Me viro bruscamente para o outro lado onde fico encarando a porta que dá acesso ao banheiro. Me sinto confusa em relação ao que sentir por Mendonça, embora sentir algo por ela seja assustador levando em conta que ela não se deixa ser levada por sentimentos então deixar florescer algo dentro de mim é como dar um tiro no escuro com uma grande probabilidade do alvo ser meus pés.

Me sinto inquieta e sufocada, embora a cama seja grande e haja espaço entre nós, sinto o ar fugindo dos meus pulmões, não consigo entender as reações do meu corpo, quando ela chega de longe sinto sua presença mesmo sem vê-la, quando a vejo meu coração dispara, minha garganta seca, meu corpo treme, quando seus olhos vem de encontro ao meu e mergulho naquelas órbitas profundas fico em estado de "Ecstasy", minhas mãos soam. Fico nervosa ao me aproximar.
As palavras mal saem da minha boca.
E nada do que pensei consigo dizer;
E nada do que planejei consigo fazer. Por mais que tente ignorar tudo sempre sou traída pelo meu próprio corpo.

Mas sei que tudo isso é passageiro, não passa de uma atração sexual que logo vai acabar, se ela não é capaz de sentir nada eu também sou. É melhor que tudo permaneça como está, tudo que tenho que fazer é me manter distante do seu corpo e da sua boca. O que aconteceu entre nós não pode voltar a se repetir. Me viro novamente e passo a encarar o teto fecho os olhos e solto com toda força o ar dos meus pulmões pelo nariz e acabo tendo um leve susto ao ouvir a voz da mulher ao meu lado.

— Carla! Eu juro por Deus que se você se mexer mais uma vez, eu vou jogar você pela janela. — Sua voz era baixa, rouca e extremamente assustadora.

— Bom dia pra você também. — Respondo sem tirar minha atenção do teto.

— Cala a boca e vai dormir. — Resmunga.

— Não estou com sono. — Falo tediosa.

— Mas eu estou. — Rebate.

— Deveríamos levantar. — Levanto meu tronco e me apoio nos cotovelos.

— Não, não deveríamos. Agora volte a dormir. — Ela põe uma mão na minha testa e me empurra me fazendo deitar novamente.

Fito o teto novamente por alguns minutos que mais parecem horas, sinto meu estômago roncar, minha boca está seca e o tédio me consome.

— Marília? - Pergunto levantando só a cabeça, mas não obtenho reposta. — Marília? — Sem resposta. — MARÍLIA? — A seguro pelo ombro sacudindo seu corpo que pula num susto e acaba me assustando também.

Minha Salvação | MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora