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Lauana dirigia pelas ruas em alta velocidade a procura do hospital mais próximo. Olho para Marília, sua blusa estava ensanguentada assim como meu vestido. Sua pele pálida e fria me fazia arrepiar. Seus lábios que outrora eram vermelhos estavam sem cor. Eu a tinha em meus braços, não ousei solta-la nem por um segundo. Eu preferia que o tiro fosse em mim, que a bala transpassa-se o meu coração ao invés de vê-la assim.

— Aguente firme meu amor, já estamos chegando. — Digo olhando para ela desmaiada em meu colo.

Ela ainda estava respirando, com uma certa dificuldade, entretanto a mesma havia desmaiado me deixando em extremo pavor.

— Maraísa o que foi que aconteceu? — Lauana diz alternando sua atenção entre a estrada e nós no banco de trás.

—  Emilly. — Sussurro vendo minha lágrimas caírem sobre o rosto pálido de Marília.

— O que? Como isso acontece?

— Lau, por favor. Apenas dirija, ela precisa de um médico. — Suplico para ela que assente e afunda o pé no acelerador.

Chegando ao hospital, Lauana desce rapidamente e com dificuldade pegou Marília de meus braços. Rapidamente salto para fora do carro e corro em direção a porta principal.

— Por favor alguém me ajude. — Eu grito correndo pela porta do hospital.

Duas enfermeiras correm até mim me perguntando o que aconteceu.

— Ela foi baleada. — Falo em desespero apontando para Marília desfalecendo nos braços da minha melhor amiga.

A enfermeira grita algo que não presto atenção, e eles tiram ela dos braços de Lauana a levando as pressas e logo sumindo pelos imensos corredores brancos.

Levo minhas mãos a cabeça e deixo as lágrimas caírem como cascatas pelo meu rosto.

Estou com medo.

Ela ficará bem?

Meu ar se esvai, meu peito se rasga me causando uma dor dilacerante, minhas pernas não suportam o peso do meu corpo. Desabo.

Lauana ampara meu corpo antes que ele colida com o chão. Me agarro em seu corpo fortemente sentindo toda segurança que preciso.

Eu tenho medo de um dia acordar e não tê-la do meu lado, não ouvir sua voz e nem sentir seu cheiro. Tenho medo de que a vida nos afaste e eu nunca mais consiga me acostumar com outra pessoa, pois todo amor que existe em mim, já foi dado a ela. Tenho medo de não poder mais olhar em seus olhos, nem ter mais seu abraço para me proteger dos meus medos. Tenho tanto medo de perde-la.

Com ajuda de Lauana me sentei em uma cadeira na sala de espera. Estou a horas olhando para a porta da emergência esperando qualquer sinal de que alguém irá passar. Sempre há uma demora que nos deixa agoniante, os médicos retardam uma vida para dar-nos informações sobre os pacientes. Penso se eles não sabem o quanto isso nos deixam mais preocupados.

Eu estava aqui, imersa em pensamentos desesperadores e agoniantes com as mãos no rosto o esfregando a cada instante. Lau estava ao meu lado em completo silêncio, seus dedos passeiam delicadamente mas pelas minhas costas, sinto sua tenção e o quanto ela necessita de uma explicação mas, tudo que consigo fazer e chorar e implorar para todo o que é mais sagrado que não a leve, que não a tire de mim.

Eu estava completamente em estado de choque, meus pensamentos me atormentam.

— Maraisa? — Ouço uma voz ao longe me chamar.

Lentamente viro meu rosto para a esquerda e vejo Lauana me olhando com um olhar doce mas, ao mesmo tempo preocupado.

— Eles precisam falar com você. — Franzo minha testa em desentendimento. — A polícia. — Ela completa me fazendo olhar para frente e só então notei a presença dos três homens a minha frente.

Minha Salvação | MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora