Minha Salvação | Malila

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As pernas da mulher, até então ainda desconhecida por mim estavam enroscada em minha cintura. Beijava sua boca com ferocidade, minhas mãos passeiam por sua pele de forma urgente. Não havia carinho apenas um desejo carnal e uma vontade demasiada de esquecer aquela que a tempos consome meus pensamentos. Aquela que a muito se tornou dona do meu corpo e do meu coração, aquela que hoje se conforta nos braços de outra. Naquele momento me convenci que deveria sanar os desejos da loira em meus braços. Talvez, isso me ajude a esquecê-la.

Desço meus lábios deixando chupões na pele branca do seu pescoço escutando um gemido sôfrego sair de seus lábios. Meu subconsciente automaticamente me arrasta até Maraísa e o som de seus gemidos tomam conta da minha mente, o gosto de seus lábios, o cheiro de sua pele que tanto me inebria. Aperto a carne de suas coxas na tentativa de afastar meus pensamentos, mas é em vão.

A desço dos meus braços abruptamente, ignorando completamente sua expressão confusa e frustada. De forma repentina e sem deixar uma explicação ando em passos largos me dirigindo a saída. Me sinto desnorteada e consumida pelo álcool. Tudo ao meu redor passa como um borrão, as luzes que outrora eram da boate foram substituídas pelas luzes da cidade, dirijo em alta velocidade sem me importar com meu ato imprudente.

Agora, sentada ao lado de seu corpo, a observo dormir, admirando suas feições, os detalhes do seu rosto delicado, sua respiração calma, sua expressão serena. Lentamente seu corpo move-se para o lado e um suspiro e emitido por ela. Sorri fraco enquanto levava minha mão até seu rosto acariciando lentamente a pele macia de sua bochecha.

Lentamente seus olhos se abriram e seu olhar caramelizado encontrou-se ao meu, olhando-me profundamente, era como se eu podesse vê seus pensamentos no fundo de seus olhos. Sua testa se franze em confusão, seus olhos piscam freneticamente em uma tentativa de se certificar de que eu realmente estava ali. Ao constatar sua dúvida ela em um movimento rápido senta-se na cama ficando cara a cara comigo.

— O que você está fazendo aqui? — Sua voz sonolenta e confusa ecoa pelo quarto, mas eu nada digo. — Marília? — Levo minha mão novamente até seu rosto fazendo ela estremecer.

Ela estava espantada.

— Estou apaixonada por você. — Confessei em uma voz quase inaudível. Consumida por uma coragem que  adquiri apenas sobre o efeito do álcool.

Seus olhos se arregalaram, sua boca abria e fechava em uma tentativa de emitir algum som.

— Marília! — Exclamou.

— Eu estou — Eu sabia que estava chorando, sentia as lágrimas molharem meu rosto.

— Demorei pra perceber isso, mas eu finalmente percebi que preciso de você. Sim, eu estava apaixonada por você: eu ainda estou. Ninguém jamais alcançou uma capacidade tão elevada de sensações físicas em mim.

Fecho meus olhos e respiro fundo tentando me agarrar ao último resquício de coragem.

— É difícil lidar com tudo isso, eu passei anos da minha vida construindo um muro para me proteger e aí você chegou, derrubando completamente minha barreira de segurança e me tirando da minha zona de conforto. Sei que está magoada, sei que te machuquei, nem sempre as coisas acontecem como queremos e nem sempre falamos o que sentimos. Não mereço que me escute e sei que não mereço seu perdão, mas por favor se ainda existe um pouco de mim dentro de você, então me perdoe.

Sinto minha mão que está em seu rosto ser molhada pelas lágrimas que rolavam de seus olhos, um soluço escapa de sua garganta e ela delicadamente retira minha mão de sua face.

— Por que você faz isso? — Sua voz embarga.

— Eu só precisava de um tempo para entender o que sentia, o que eu queria. Eu quero tentar de novo.