Minha Salvação | Malila

18

Andamos lado a lado pelas ruas de Londres, coloco minhas mãos nos bolsos na tentativa de aquece-las. Olho de relance para Mendonça ela caminhava com elegância seus cabelos sendo jogados para trás pelo vento a deixando ainda mais impecável, as lâminas em forma de vento que castigava minha pele pareciam não surtir o mesmo efeito sobre sua pele. O silêncio se instalou entre nós não era nada incômodo era um silêncio agradável, mas gostaria de ouvir sua voz por um instante a mais, então resolvo quebrar a calmaria.

— Então... Como entrou no mundo  dos negócios? — Olho diretamente pra ela que mantém sua postura e seu olhar reto.

— Bom... Eu sempre fui um tanto que curiosa e gostava de aprender coisas novas, então volta e meia eu  estava por perto das pessoas que cuidavam dos negócios do orfanato no qual cresci. Eu lhes fazia perder o juízo para me deixar por perto nem que fosse apenas para ficar observando, quando cheguei na adolescência eles me deixavam ajudar e me ensinaram tudo que podiam, acabei conhecendo muita coisa e acabei me apaixonando por administração, então  quando atingi a maior idade me dediquei a trabalhar, aluguei uma casa e comecei a faculdade, não foi fácil. Muitas vezes pensei em desistir, me ergui e cai por diversas vezes, comecei um negócio e por um tempo deu certo até que eu quebrei e tive que começar do zero foram inúmeras tentativas até conseguir meu tão cobiçado objetivo. Foi um caminho muito árduo que percorri para chegar onde cheguei, mas nunca desisti. Nunca tive ninguém que fizesse nada por mim então eu mesma fiz. Construí meu nome, o meu império e tenho muito orgulho de onde saí e a onde cheguei. — Seu olhar estava longe como se naquele momento podesse revivendo cada momento novamente.

— Você é uma mulher muito forte, merece tudo que tem. Sempre a admirei e me interessei em trabalhar para você. — Confesso despreocupada e vejo ela me encarar.

— Sempre se interessou, é? — Aquele maldito sorriso sínico nasce nos lábios dela.

— Sim! Mas quase mudei de idéia quando a conheci. — Sua testa franze assim como ela faz todas as vezes que tenta entender algo.

— Por qual motivo quase desistiu? — Indaga curiosa.

— Jura? Você foi extremamente arrogante e mal educada. Me pareceu mais uma tirana do que uma empresária. — Digo como se fosse óbvio.

— Você chegou atrasada e eu não sou de tolerar atrasos. Sou a chefe, temos regras e gosto que as sigam. — Diz em seu abtual tom firme.

— Deveria baixar mais a guarda, ser amiga de seus funcionários. — Uma gargalhada escapa de seus lábios e se o assunto não fosse sério eu até que diria que esse som foi uma das mais belas melodias que já ouvi.

— Minha empresa segue a risca os contratos com cada subordinado tudo dentro da lei, eles fazem o trabalho deles e eu faço o meu e isso já é o bastante para mim. Não acha? — Diz me olhando.

— Não! — Rebato rapidamente.

— Claro que não, você é a discórdia em pessoa. — Ela me olha pelo canto dos olhos.

— Você sabe que está errada e que provavelmente deve uma centena de milhares de desculpas para muitas pessoas. — Retiro minhas mãos dos bolsos e cruzo meus braços.

— Mas eu peço desculpas. — Diz em tom de indignação.

— Quando? — Paro de andar a forçando a fazer o mesmo.

— Quando estou errada. — Rebate.

— Sério? — Cerro meus olhos.

— Não! Porque eu nunca erro. — Ela passa o braço pelos meus ombros nos fazendo voltar a caminhar.

— Nossa que convencida. — Sussurro enquanto ela da uma risadinha.

Era bom conhecer esse lado dela, por mais que ela não demonstre muito sei que tem um coração muito bondoso batendo nesse peito ela só precisa se lembrar disso.