Minha Salvação | Malila

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Maraísa POV

Eu sinto falta da sensação que era está com ela, do sentimento de euforia que ela me causava apenas com a sua companhia. Hoje meus pensamentos vagaram por suas lembranças guardadas em minha memória, meu coração se encheu de tristeza e a dor fez as lágrimas transbordarem pelos meus olhos. Mas não há nenhuma novidade nisso, porque eu pensei nela ontem, e anteontem, e todos os dias desde aquele fatídico dia. Sinto que deveria está anestesiada com a dor que me invade.

Eu já precisei dela tantas vezes! Já chamei seu nome e ela não escutou, já procurei seu corpo para me aquecer e não encontrei. Assim não dá mais! Sua ausência está me matando.

E aqui estou eu, com os olhos inchados e doloridos, o coração em pedaços, apenas olhando pela janela para o céu acinzentado.

Todo o meu mundo ficou assim depois do ocorrido. Em um breve piscar, tudo se transformou em cinza. Meu mundo havia ficado sem cor, sem cheiro, sem alegria, sem vida.

Ainda fitando o céu, eu me perguntava o porquê dela está pagando pelo que notoriamente foram minhas escolhas. Eu deveria está no seu lugar, eu deveria ter tomado aquele tiro, eu deveria está nessa cama. Eu.

O som continuo de um "bip" me traz de volta pra a realidade, olho para a Marília que está em coma nesse hospital. Seu corpo está ligados a vários aparelhos, que traziam oxigênio ao seu pulmão e monitoravam seu coração.

Levo minha mão ao seu rosto, sua pele era tão macia embora estivesse gélida e mais pálida que o normal. Tiro alguns fios de seu cabelo de seu rosto colocando-os atrás da orelha e desço novamente acariciando seu rosto.

— Amor, eu sinto tanto a sua falta. — Sussurro próximo ao seu ouvido.

Dois meses e vinte e um dias de um sono profundo, semanas que minha vida gira em torno desse hospital, noites e mais noites mal dormidas. Abri mão de todo meu meio social para que podesse cuidar dela em tempo integral. Lauana e Luíza tem me ajudado muito com Maiara e nas noites que não posso dormir aqui.

— Ao que tudo indica hoje não teremos sol, seu banho matinal terá que ficar para outro dia.

Digo enquanto a aconchego na cama.

— Tem uma mocinha em casa que está sentindo muito a sua falta.

Me sento novamente na cadeira ao lado da sua cama.

— Sei que está sendo difícil pra ela, assim como está sendo pra nós mas, não te vê durante todos esses dias tem deixado ela bem estressada e rebelde.

Suspiro lembrando de como foi difícil esses últimos dias, Maiara sente falta da mãe a cada segundo e mesmo sendo doloroso decide não trazê-la ao hospital, não quero que ela presencie a cena de Marília em uma cama de hospital ligada a diversos aparelhos. Seus traumas por presenciar tudo que aconteceu naquela noite já foi o bastante para ela, não iria explo-la a mais um.

— Ela não me escuta mais, me responde, quebra as coisas. Colocar de castigo não está mais surtindo efeito. — Bufo. — Queria você aqui, com certeza ela te ouviria. Não sei mais o que fazer.

Limpo uma lágrima solitário que descia pela minha bochecha. Pego sua mão e entrelaço seus dedos nos meus.

— Sabe, Lauana e Luíza finalmente oficializaram o relacionamento. Você iria se surpreender de como ambas mudaram e amadureceram, principalmente a Luíza. Lauana realmente amarrou a loira. — Rio. — A sua empresa continua firme, todos estão dando a vida para manter tudo como você deixou. Apesar de não trabalhar mais lá Luíza me deixa a par de tudo.

Olho pra ela e internamente eu imploro para que me responda. Que diga qualquer coisa, que me permita mais uma vez ouvir sua voz.

— Eu não estou pronta pra te vê partir, está tão difícil sem você. Me perco vagando pelas horas e dias, imagino como seria se você estivesse aqui. Eu sinto um vazio imenso que não se preenche. — Deito ao seu lado me acomodando cuidadosamente em seu peito. — Tá tudo tão vazio sem você aqui. —Sinto as primeiras lágrimas rolarem. — Nada faz mais sentido. Só queria uma chance de dizer a você tudo que está guardado em meu coração.