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Marília POV

Como posso ter estragado tudo mais uma vez e assim, aqui estou eu vendo a mulher que sou apaixonada, triste e o pior, por minha causa. Admito que fui covarde quando não deixei claro os meus sentimentos por ela, mas não me condeno por isso. Meu coração que tanto viajou em amores rasos hoje está quebrado, machucado e já não consegue mais amar sem ter medo de ser dilacerado. Sinto meu peito apertado, quero correr até ela e dizer-lhe tudo o que está guardado mas o medo me domina sem deixar espaço para realizar tal ato. Precisei vê-la se afastar para perceber o quão perdidamente apaixonada estava, que tudo que sentia por ela não era apenas atração. Desejo tê-la ao meu lado todos os dias. A probabilidade de encontrar um alguém que me fizesse querer viver um grande amor novamente foi tão pequena que quando a encontrei não acreditei que ela era pra mim. Fui covarde e deixei escapar um futuro perfeito ao lado de uma mulher maravilhosa.

Os dias na empresa tem sido trevosos, Maraísa mau olha pra mim, ignora minha presença e sempre dá uma desculpa para não permanecer muito tempo no mesmo ambiente. Todas as nossas interações tem sido profissionais. Nada além disso.

Sua amiga Lauana está de férias do trabalho e agora está cuidando de Maiara que não retornou mais aqui dês daquele fatídico dia. Foi a última vez que há vi e falei com minha princesa. Maraísa não me deixa vê-la, muito menos fazer uma ligação, pediu que me afastasse de vez dela, mas como posso me afastar de alguém que amo? Meu carinho e amor pela aquela menina são os mais verdadeiros possíveis. Me dói o coração de tanta saudade que sinto, faria tudo o que fosse possível para vê-la novamente.

Meus dias se tornaram vazios novamente, uma vida sem cor, sem perspectiva. Vivo no automático, dias repetitivos e monótonos. Tento ocupar cada espaço da minha mente mas volta e meia meus pensamentos vagam com lembranças da minha morena. Olhá-la todos os dias e não poder toca-la é a pior tortura já existente. Meus lábios sente necessidades dos dela, meu corpo sente falta do calor do seu. Meu abraço anceia pelo dela.

Me olho no espelho vendo o quão entregue a solidão e a culpa estou. Meus cabelos desgrenhados, nos olhos olheiras evidentes, o semblante abatido. Já não faço questão de esconder o caco que estou.

Em um momento de desespero cheguei a fazer algo que já não fazia a muito tempo, mesmo de forma desajeitada e tímida. Fechei os olhos e em uma oração silenciosa pedi a Deus mais uma chance. Uma chance pra fazer tudo diferente.

Estou deitada em minha cama encarando o teto há horas, não lembro a última refeição decente que tive, meu estômago reclama a cada segundo mas o ignoro, assim como venho ignorando Luíza que não para de ligar a dois dias. Resolvo tomar um banho demorado em uma tentativa falha da água levar pelo ralo tudo aquilo que me consome. Ao terminar sigo para meu closet, pego o blusão de Maraísa e o visto em uma tentativa de amenizar a falta que ela faz. O seu cheiro deu lugar ao meu mas ainda sim me sinto confortável quando o visto. Sem ânimo nenhum para fazer nada decido voltar para cama, mas antes que eu podesse alcança-la a porta do meu quarto foi aberta e logo em seguida fechada violentamente, posso jurar que vi as paredes tremerem.

— Qual é o seu problema, Mendonça? — Ela esbravejou apontando o dedo na minha cara.

— Qual é o seu problema Luíza? — Afastei seu dedo do meu rosto. — Você invade a minha casa e o meu quarto desse jeito e sou eu quem tenho problemas ?

— Não brinca comigo, Marília. — Sua mão passa pelos seus cabelos loiros enquanto a outra está em sua cintura. — Eu estou tentando falar com você a dias. Eu precisei vim de outro estado para saber se você ainda estava pelo menos viva.

— Eu ia te ligar de volta. — Me sento na cama.

— Quando? — Diz ainda alterada.

— Luíza! Por favor, sem drama. — Dou de ombros.

Minha Salvação | MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora