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— Senhora Mendonça, eu sinto muito, por favor me desculpe. — Ela falava sem parar. — Ela não quis fazer isso, foi sem querer eu juro. — Suas mãos se moviam gesticulando enquanto falava.

— Senhorita Perei... — Ela me corta demonstrando nervosismo.

— Eu juro que não deixo ela correndo por aí desse jeito, eu me virei e ela sumiu. — Já quase nem prestava mais atenção no que ela dizia apenas olhava para o estrago em minha blusa, Maraísa para de falar e também olha pra minha roupa. — Ah! espera, deixa eu te ajudar. — Ela pega um lenço umedecido de dentro da bolsa e se aproxima de mim passando o mesmo na minha roupa.

— Não precisa fazer isso eu estou bem. — Tento dar um passo pra trás mas ela não deixa, era evidente seu nervosismo, ela segura firme na parte de baixo da minha blusa fazendo o tecido ficar esticado e começa a passar o lenço na parte de cima, seus movimentos são brutos e isso faz com que os dois primeiros botões se abram fazendo boa parte dos meus seios e do meu sutiã ficarem a mostra, o lenço passeia pelo meu colo e em alguns momentos seus dedos tocam minha pele seus toques delicados, o atrito de sua pele macia contra a minha me causaram arrepios meus pensamentos impuros já dando sinais de que iam invadir minha mente. — Pereira! — Tento chamar sua atenção.

— Não está tão ruim. — Continua esfregando o lenço pela minha pele.

— Por favor, Marai...

— Se você quiser eu pago a lavagem ou pago uma blusa nova.

— Não prec...

— Eu faço questão, posso levar pra empresa na segunda é só me dizer a marc... — Seguro seu punho bruscamente fazendo ela me olhar assustada, seus olhos se prendem aos meus e me dou conta do que fiz afrouxo minha mão do seu punho e subo um pouco colocando sua mão na minha.

— Está tudo bem. — Digo sem quebrar nosso contato visual.

— Tá! — Sua voz sai em um sussurro. Seu rosto está a centímetros do meu, posso sentir sua respiração em minha face, admiro seus traços finos e delicados sua beleza é algo estonteante. Desço meus olhos para sua boca tão convidativa, ela umedece seus lábios com a ponta da língua então tenho um lapso de lucidez e ao me dar conta do que estava prestes a fazer solto sua mão e recuo vendo seu rosto tomar uma coloração avermelhada. Ela volta sua atenção rapidamente para a sua cópia que estava com o rosto banhado em lágrimas e soluçando.

Olho ao meu redor vendo algumas pessoas nos observando e cochichando, me abaixo pegando minha cesta e catando os produtos que estavam espalhados pelo chão.

— Eu já estou me dirigindo ao caixa, posso lhe ajudar? — Falei sugestiva.

— Não precisa, não quero lhe atrapalhar. — Diz sincera.

— Não é incomodo algum. — Por algum motivo insisto em ajudá-la.

— Muito obrigada. — Dá um sorriso sem mostrar os dentes.

Coloco minha cesta dentro de seu carrinho e conduzo o mesmo pelos corredores com Maraísa e a moça ao meu lado depois de passar por alguns corredores e andar por um tempinho tudo que se ouvia era o choro da moça e os cochichos das pessoas por onde passávamos olho pra Maraísa de relance ela parece realmente não se importa embora isso seja bem estranho. O supermercado era imenso grandes corredores e prateleiras imensas, haviam outras lojas além de farmácia e praça de alimentação então demoraríamos um pouco pra chegar nos caixas e eu já estava começando a me sentir incomodada com a moça ela não parava de chorar e suas lágrimas jorravam como cachoeiras.

— Ela está bem? — Pergunto chamando sua atenção.

— Sim, sim. Apenas chateada. — Me diz dando um sorrisinho torto.

— Chateada com o que? — Arquio uma sobrancelha.

— Ah, É.. — Ela solta uma risadinha. — Com isso aí... — Aponta para minha roupa.

— Ah, não se preocupe isso sai quando lavar. — Falo voltando minha atenção para frente.

— Na verdade eu estava falando do sorvete e não dá sua blusa. — Ela diz meio divertida.

— Ah! sim. — Volto minha atenção para a moça. — Se você quiser eu compro outro sorvete pra você. — Ela me olha com seus olhos marejados, a mesma me transparecia tanta pureza.

— Não precisa senhora Mendonça, eu resolvo isso. — Ela diz antes que a moça podesse responder.

— Eu faço questão, afinal minha blusa acabou por estragar o seu sorvete. — Dou uma piscadinha pra ela que sorri timida.

— Obrigada! — Minha secretaria diz sorrindo e que sorriso lindo.

— Okay, então vamos lá. — Nos dirigimos a sorveteria mas não chegamos de fato ao balcão, paro o carrinho pegando minha carteira na bolsa e retiro meu cartão estendendo pra moça ela pega meio com receio e fica o encarando.

— Ual! É muito munito. — Diz olhando o cartão de pertinho.

— Verdade, também gosto dele mas não pela cor. — Digo dando uma sorrisinho torto.

— Ah? — Pergunta fazendo uma carinha fofa.

— Deixa pra lá, apenas vá comprar seu sorvete, pode pedir do que quiser e colocar o acompanhamento que quiser. — Ela faz um sinal de positivo com a cabeça e sai saltitando. Coloco meus braços escorados no carrinho deixando um pouco do peso do meu corpo sobre ele, respiro fundo e fico observando a moça no balcão da sorveteria fazendo seu pedido.

— Obrigada por isso. — Maraisa diz se aproximando de mim.

— Isso é curioso. — Digo aínda observando o moça.

— O que? — Diz me olhando.

— Ela é sua cópia o que dá a entender que são gêmeas ou seja são irmãs e provavelmente tem a mesma idade mas, ela não se comporta como alguém da sua idade, porquê? — Digo a olhando.

— Ela é especial, é um assunto delicado uma longa história. — Posso vê um fio de tristeza em seus olhos.

— Ela chama você de mãe?

— É complicado. — Diz abaixando a cabeça.

— Ela é demente?

— O QUE ? — Me assusto com seu tom de voz.

— Ah... Ela... É... Eu não quis... — As palavras entalam e não consigo formular uma frase.

— Olha senhora Mendonça eu posso aguentar muita coisa vindo da sua pessoa, posso suportar você por horas naquela empresa, posso escutar você me definir como muita coisa mas, não vou admitir que fale assim da minha filha. — Ela diz com um tom firme.

— Eu não quis...

— Não é por que você é um ser humano imune a sentimentos que significa que todos os outros sejam, palavras machucam então sugiro que escolha bem as palavras quando se referir a ela. — Seu rosto está em um tom avermelhado.

— Eu não quis dizer isso. — Tento me justificar.

— Claro que não, é o que todos dizem. - Nesse momento sua irmã ou filha já nem sei mais se aproxima da gente toda feliz com seu sorvete, Maraisa pega o cartão da mão dela e me estende assim que pego ela retira minha cesta de dentro do seu carrinho e me entrega com uma certa brutalidade.

— Passar bem senhora Mendonça, e obrigada pelo sorvete. — Ela diz ríspida e sai empurrando o carrinho com uma mão e puxando a moça com a outra que apenas olha pra trás e me dá um sorriso todo sujo de sorvete.

Fico alguns segundos parada olhando elas se afastarem, não entendo o que disse de errado só fiz uma pergunta e perguntar não ofende, né? Ela é louca isso sim.

Minha Salvação | MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora