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A manhã de segunda-feira pareceu demorar tanto para chegar. Afinal, quando se passa a noite em claro se tem essa sensação de ainda estar preso ao dia anterior e era assim que eu me sentia. Passei toda a noite revirando-me de um lado para o outro, não conseguia parar de pensar em Maiara. Não tive notícias de seu estado, sei que Marília a manteve bem, mas gostaria de estar ao seu lado nesse momento. Tento afastar o sentimento de culpa, por não estar ao seu lado o tempo todo, se tivesse a vigiando de perto ela não estaria machucada.

Depois de pouco mais de duas horas de sono conturbado, percebi que minha inquietação não iria me deixar em paz. Levantei da cama, fiz minha higiene pessoal, tomei um banho rápido e vesti um vestido soltinho que ia até metade das minhas coxas. Estava decidida a ir buscar minha filha, não aguentava mais esse aperto no peito. Saio de casa às pressas sem precisar dar satisfação para Emilly já que ela havia dormido em sua casa essa noite como sempre faz algumas vezes por semana, apenas para manter a casa em ordem. Pelo menos uma de nós dormiu essa noite.

Dirijo ansiosamente até o apartamento de Marília, tento ligar para a mesma em uma tentativa de avisar a minha ida até a sua casa, mas ela ainda insiste em não querer manter contato. Chego na portaria do prédio e para o meu espanto minha entrada é liberada.

Após estacionar meu carro em uma das vagas de Marília, praticamente corro até o elevador subindo para o seu andar. Depois de alguns segundos que mais pareciam horas, as portas de metal se abriu. Caminhei até a porta parando de frente para a mesma. De repente fico imóvel ali, toda minha coragem se esvai e me torno incapaz de mover um músculo.

Respiro fundo, penso em minha filha e toco a campainha de uma vez. Ninguém atende. Estranho. Toco novamente e ela não atende. Fiquei realmente desconfiada. Toco mais uma vez e não obtenho resposta, então começo a tocar a campainha freneticamente, meu dedo pressionava com força o botão quando a porta foi aberta abruptamente e lá estava ela, vestida com uma camisola preta de seda, seus cabelos desgrenhados e uma cara de sono.

— Mas qual é a porra do seu problema?  — Esbravejou.

— Desculpa! eu tentei ligar, mas você não atendeu. — Falo um pouco receosa.

— Isso por que ainda são seis da manhã. — Seu tom ainda era bravo. — Como subiu sem ser anunciada? — Perguntou curiosa.

— Não sei, quando cheguei na portaria me liberaram. — Ela arqueia uma sobrancelha enquanto me encara.

— O que você quer aqui? — Perguntou.

— Minha filha. — Sua expressão suaviza um pouco.

— Você poderia pegá-la na escola no final do dia, não precisava e não devia ter vindo até aqui. — Disse seca.

— Eu não ia ficar até o final do dia sem ter notícias dela, eu mal consegui dormir essa noite. — Digo sincera.

— Ela está dormindo ainda, passou a noite com um pouco de dor, mas depois da medicação que eu dei ela conseguiu dormir.

— Eu não consegui vê claramente ontem de noite, foram machucados graves?

— Não, apenas alguns arranhões pelo braço, já o seu joelho eu precisei enfaixar, mas não foi tão grave. Ela vai ficar bem! — Suspiro aliviada.

— Eu quero levar ela pra casa. — Marília me analisa por alguns segundos, talvez cogite a possibilidade de me dizer "não", mas sabe que não pode. Ela me dá passagem e eu adentro seu apartamento.

— Ela está no meu quarto, creio que ainda se lembre do caminho. — Diz indo em direção a cozinha.

Observo seu corpo se afastando e me perco naquele rebolado, seu quadril se movia de forma graciosa fazendo o tecido de sua camisola se mover. Ela calmamente para na entrada da cozinha e me olha por cima do ombro.

Minha Salvação | MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora