Ressaca e Cirurgias

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Maya

Cheguei ao hospital já correndo para o vestiário colocando meu sarin azul escuro junto ao jaleco, pedi aos internos que fizessem as visitas aos meus pacientes e fizessem um relatório.

Tinha uma cirurgia marcada para hoje, precisava estudar os exames e ter foco, coisa que hoje estava difícil.

Entrei em uma das salas que tínhamos no hospital, Enid estava sentada à mesa lendo um prontuário, ela com certeza é uma das minhas melhores amigas e confidente de certa forma. Me aproximei, tentando parecer casual enquanto minha mente ainda estava cheia de pensamentos tumultuados. Ela olhou para cima, seus olhos encontrando os meus, e sorriu.

— Tá atrasada.

— Eu sei. — Me sentei a sua frente quase desfalecendo não cadeira.

— O que houve? — Parecia que ela conseguia sentir em mim o cheiro de que eu havia feito algo de errado.

— Ressaca. Devo ter bebido meia garrafa de uísque ontem quando sai daqui. — Passei as mãos no rosto. Estava realmente difícil mantê-los abertos.

— Precisa de café.

— Com urgência.

Deixamos as coisas sobre a mesa indo em direção a lanchonete onde pegamos o café mais forte que eles serviam.

— Bebeu tudo isso sozinha? — Perguntou tomando um gole.

— Não exatamente... — Olhei envolta garantindo que ninguém estava tão perto para ouvir. — Conheci um cara no bar ontem.

— Um cara?

— É, o nome dele é Negan.

— Negan? Que diabos de nome é esse? — Ambas rimos mesmo eu me arrependendo pela dor de cabeça que me atingiu. — Eai?

— Bom, ele é alto, meio forte, um jeito bad boy ou algo do tipo. Ficamos conversando, rindo e trocando flertes.

— Já até sei onde isso vai dar. — Ela olhou para o lado também tomando um gole do café. — Mas continua.

— Nos beijamos no corredor do banheiro e... Então, depois do bar, ele me levou para um motel na sua moto. — Falei, minha voz um sussurro carregado de constrangimento. — E nós tivemos... uma noite.

— Vocês...?

— Sim, Enid. Eu não sei o que eu estava pensando. Foi impulsivo e louco.

— Finalmente tirou o atraso, saiu teia de aranha? — Riu me fazendo querer bater nela.

— Besta. — Revirei os olhos. — Foi uma escolha impulsiva. Eu não sou assim, não costumo fazer esse tipo de coisa.

— Um pouco de impulsividade não faz mal. — Deu de ombro. — Pelo menos valeu a pena?

— Até que sim... Ele era um gostoso.

— E o cara? Como ele está nessa história toda?

Eu mordi o lábio inferior, lembrando-me da expressão tranquila no rosto dele pela manhã.

— Eu não sei. Ele ainda estava dormindo quando eu saí. Deixei um bilhete antes de ir embora.

— Um bilhete? Tipo "valeu pela trepada vazei"?

Só consegui apertar os olhos colocando o café contra a testa me sentindo idiota pelo que fiz.

— Tipo isso... — Admiti. — No caminho para cá eu jurei a mim mesma que isso nunca mais ia acontecer de novo, foi um lance de uma noite só e é isso.

— Então tá, vamos deixar o senhor gostoso pra trás e focar em cirurgias.

— Isso.

Negan, hora de te tirar da minha mente.


49 horas de um plantão intenso, com cirurgias a cada 3 horas, copos de café já perdi a conta, recorrendo até o energético para me manter consciente com leves escapadas para os dormitórios com cochilos de 30 minutos antes que alguém me chamasse novamente.

Quando finalmente fui pra casa no automático tudo que eu consegui fazer foi dormir e dormir e dormir mais um pouco.

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