Maya
Quando o sol começou a surgir no horizonte, o caos no hospital parecia ter se intensificado. A zona de quarentena estava completamente incontrolável, e ninguém conseguia entrar lá para prestar assistência. A agitação, os gritos e os sons estranhos das pessoas afetadas ecoavam pelos corredores, criando um ambiente de pesadelo.Eu estava exausta, mas não podia descansar. Nós, da equipe médica, continuávamos fazendo o nosso melhor para ajudar os pacientes e manter a ordem, apesar de todas as dificuldades. Olhei ao redor, vendo meus colegas também esgotados, alguns feridos, mas determinados a enfrentar essa crise.
De repente, a situação tomou um rumo ainda mais sombrio. Os militares entraram no hospital, fazendo todos olharem em choque. Eles pareciam estar tomando o controle da situação, mas suas ações eram agressivas e alarmantes.
Ouvimos as ordens de evacuação para Atlanta, e o que parecia ser uma tentativa de restaurar a ordem rapidamente se transformou em algo assustador.
— Vocês precisam sair agora! Todos devem se dirigir a Atlanta para segurança! — Um dos soldados gritou, enquanto sua arma estava pronta para qualquer ameaça.
Mas o que aconteceu a seguir me deixou atordoada. Sem aviso, os militares começaram a atirar nos pacientes que estavam incontroláveis. Fiquei paralisada por um momento, testemunhando a cena terrível diante dos meus olhos. Aqueles pacientes, mesmo em seu estado alterado, ainda eram seres humanos, e vê-los sendo alvejados daquela maneira era horrível.
— O que está acontecendo? Por que eles estão fazendo isso? — Perguntei a um dos meus colegas, minha voz embargada de choque e horror.
Ele olhou para mim, a expressão carregada de tristeza.
— Eu não sei, Maya, mas essa situação está completamente fora de controle. Temos que sair daqui agora!
Nossos olhos se encontraram, e eu pude ver o medo refletido nos olhos do meu colega. Sabíamos que não podíamos ficar ali. Tínhamos que encontrar uma maneira de sair do hospital, de escapar dessa violência e procurar segurança para nós mesmos.
— Vamos, precisamos sair daqui antes que isso piore! — Disse me puxando com urgência.
— A Enid! Tenho que encontrar ela! — Me soltei.
— Eu vou cair fora daqui! — Disse já correndo.
Meu coração batia freneticamente enquanto eu corria pelos corredores do hospital à procura de Enid. Eu estava apavorada com a cena que havia presenciado, e a ideia de que minha amiga poderia estar entre aqueles pacientes incontroláveis era assustadora demais para pensar.
Finalmente, encontrei a sala de descanso, onde esperava encontrar Enid. Mas ao abrir a porta, meu pior pesadelo se concretizou. Enid estava lá, mas ela não era mais a amiga que eu conhecia. Seus olhos estavam vazios, sua expressão era sinistra, e ela avançou na minha direção de maneira ameaçadora.
— Enid, sou eu, Maya! — Tentei dizer, minha voz trêmula de medo e tristeza.
Mas a coisa que costumava ser minha amiga não parecia mais entender palavras. Ela estava sob o efeito daquele estranho surto que havia afetado tantos pacientes.
Desesperada, eu recuei a empurrando contra a cama conseguindo escapar da sala de descanso antes que Enid conseguisse me alcançar. Meu coração estava partido por ter que fugir dela, mas eu sabia que não havia outra opção. Precisava me manter a salvo para tentar entender o que estava acontecendo e encontrar uma maneira de sobreviver a essa loucura.
Corri o mais rápido que pude, procurando abrigo em um quarto sem paciente. Entrei no banheiro, trancando a porta atrás de mim, e tentei controlar minha respiração para não fazer nenhum barulho.
Do lado de fora, o caos reinava. Tiros, gritos e sons de luta preenchiam o ar, e eu podia sentir o terror pairando sobre o hospital.
Aos poucos, a adrenalina diminuiu, e eu me dei conta da gravidade da situação. Eu estava encurralada em um banheiro, sem saber o que aconteceria a seguir. Minha mente estava cheia de perguntas: o que havia causado esse surto? Por que os militares estavam atirando? Como eu poderia sair dali viva?
Enquanto eu esperava, ouvindo os acontecimentos do lado de fora, sabia que precisava encontrar uma maneira de sobreviver a isso.
Peguei meu celular, tentando entender melhor o que estava acontecendo. Ao acessar as notícias, me deparei com relatos terríveis de violência e caos em todos os lugares, imagens perturbadoras de pessoas agindo de maneira selvagem e incontrolável. As manchetes mencionavam a palavra "canibais", e o mundo lá fora parecia estar mergulhado em um pesadelo.
Meu coração apertou com a compreensão de que aquilo não era apenas uma situação local no hospital. A escala da catástrofe estava além do que eu poderia imaginar, e o horror se espalhava por todo o país. As cidades que eu conhecia, os lugares que eram familiares, agora estavam sofrendo os mesmos horrores que eu testemunhara aqui no hospital.
Como isso aconteceu? O que causou essa tragédia? Será que havia alguma maneira de reverter isso? Eu não tinha respostas, e a sensação de desamparo era avassaladora.
O som de tiros e tumulto do lado de fora continuava, um lembrete constante da gravidade da situação. Eu sabia que não podia ficar ali para sempre, mas também não podia sair sem ter um plano.
Quebra De Tempo
Ja havia se passado dois dias, dois dias em que eu sobrevivi a base de água da torneira. Quando finalmente saí do meu esconderijo, meu celular estava sem bateria, estava noite, não havia muita luz já que várias lâmpadas foram danificadas com todo aquele tiroteio.
Ao sair do quarto me deparei com um cenário de terror. Os corredores estavam repletos de corpos e sangue tanto de pacientes quanto de membros da equipe. A cena era angustiante, e meu coração pesava com a tristeza e o choque do que eu estava vendo. Parecia que eu era a única sobrevivente naquele lugar, e a sensação de solidão e desolação me atingiu com força.
No meio daquele caos, algo me chamou a atenção. Vi um leito com uma maca na porta, e um nome estava afixado ali: "Rick Grimes". Minha respiração ficou suspensa por um momento, a esperança se misturando com a incredulidade. Será que Rick estava ali, ainda em coma? Vivo?
Sem hesitar afastei a maca com cuidado, entrei na sala, mantendo o silêncio, pois não sabia o que poderia acontecer a seguir. Ao me aproximar da maca, vi o rosto de Rick, pálido e imóvel, mas com sinais vitais visíveis. Ele ainda estava em coma, mas pelo menos estava vivo.
— Rick... — Sussurrei olhando para ele com uma mistura de alívio e preocupação.
Eu não o conhecia, mas ele ainda era meu paciente e estava vivo. Era meu dever fazer o que pudesse para ajudar.
Me aproximei da maca onde ele estava deitado e examinei os equipamentos que o mantinham monitorado. Parecia que ele estava estável, mas precisava de cuidados médicos adequados. Tinha que encontrar uma maneira de mantê-lo seguro, a nós dois na verdade.
Olhei em volta da sala, pensando no que fazer em seguida. O hospital estava em ruínas, e eu sabia que precisava encontrar um lugar seguro para Rick e para mim. Teríamos que enfrentar muitos desafios pela frente, mas eu estava disposta a fazer o que fosse necessário para garantir a nossa sobrevivência.
— Vou te manter seguro. — Murmurei para ele, como se ele pudesse ouvir minhas palavras.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Além do Caos
RomanceMaya, uma residente de cirurgia, tem sua vida virada de cabeça para baixo quando cruza o caminho de Negan, um homem envolvente e misterioso. O início do romance entre eles é arrebatador, mas Maya logo descobre que Negan está escondendo um segredo de...