Além do Caos

Reencontro Amargo: Sob o Domínio de Negan

Maya

Haviam muitos deles ali, todos armados até os dentes com armamento pesado, a outra parte do grupo que foi com o trailer agora estavam ali ajoelhados.

— Conseguiram! Bem-vindos ao lugar para onde estavam indo. — Um homem de bigode saiu das sombras.

Todos nós estávamos em completo choque. Não tinha para onde correr, não havia rota de fuga ou ao menos uma chance de escapar. Eles pegaram todas as nossas armas nos colocando ajoelhados em uma espécie de círculo macabro, até mesmo Maggie que mal se aguentava em pé foi obrigada a se ajoelhar.

Merda... Merda... Merda...

— Dwight! Traga os outros. — Ordenou o do bigode.

Um homem de cabelo loiro com parte do rosto queimado passou por nós abrindo a parte de trás de um furgão tirando Daryl, Michonne, Rosita e Glenn de dentro daquele maldito furgão.

— Maggie... — Glenn estava ferido, o espancaram com certeza. Assim que Maggie o viu começou a chorar.

Daryl olhou em minha direção e eu só consegui apertar os lábios ao vê-lo daquela forma, ferido, em dúvida assim como o restante de nós, sobre o que o destino nos reservava.

— Muito bem! Temos a casa lotada! Vamos conhecer o homem! — Disse Simon antes de dar algumas batidas na porta do trailer a nossa frente.

Com todos ajoelhados, o terror pairando no ar, toda aquela tensão fazia meu coração acelerar e a adrenalina correr pelas minhas veias como nunca. A porta do trailer se abre e eu vejo algo que faz com que meu mundo simplesmente pare...

Negan está ali, segurando um taco de beisebol com arame farpado na ponta de forma ameaçadora.

— Já estão mijando nas calças? — Sua voz ecoou em mim fazendo meu corpo inteiro vibrar.

Minha mente é invadida por flashes de um passado distante que vivemos juntos... O ódio e o ressentimento queimam em mim.

— Isso aqui vai virar um mar de mijo logo logo... — Disse começando a andar passando por cada um de nós até parar na minha frente. Seu olhar se cruzou com o meu. — Ora ora ora, parece que temos uma visitante inesperada aqui, pessoal! A bela... Maya, lembrando-se de mim? A vida realmente tem suas reviravoltas, não é? — Ele solta uma risada, cheia de deboche.

Minhas mãos tremem levemente enquanto mantenho a expressão séria, mas por dentro, um turbilhão de emoções se desenrola.

— Negan. — Seu nome foi a única coisa que saiu da minha boca, ao menos o que conseguiu passar pelo nó que se formou nela.

Eu sentia o olhar dos outros em nós, tão confusos quanto eu ao reencontrar ele.

Negan se abaixou um pouco segurando meu queixo me obrigando a olhar para ele.

— Devo dizer que você continua a mesma gostosa de sempre sabia? — E lá estava seu sorriso sínico. — Ah, boneca, muita coisa aconteceu desde a última vez que nos vimos. O mundo mudou, e eu me adaptei. Olha só, agora sou o grande chefão deste circo chamado apocalipse.

Minha raiva se mistura com a tristeza e o medo, mas mantenho minha postura.

—  Você se tornou um monstro. — Disse entredentes.

— Oh, querida, os tempos mudaram. Essa é a lei da sobrevivência agora.

Sinto o aperto em meu peito, lutando contra as lágrimas que ameaçam cair. A tensão é palpável, e nossos olhares se encontram em um desafio silencioso.

  — Dwight, leve a nossa convidada ilustre para o caminhão. Vamos dar a ela um passeio especial.

O homem loiro assentiu concordando com sua ordem se aproximando de mim e me segurando com uma força quase brutal, praticamente arrastando-me.

— Me solta! Me solta! — Me debatia, mas parecia inútil.

Sinto seu aperto firme em meu braço, e luto com todas as minhas forças para me soltar, desesperada para não ser levada para algum lugar desconhecido.

— Me solte! Você não pode me fazer isso!

Minha voz ecoa de indignação enquanto tento resistir, meus pés se arrastando pelo chão áspero. Olho ao redor, vendo os outros ajoelhados, os olhares apreensivos, e sinto uma onda de pânico. O que Negan está planejando? Para onde eles estão me levando?

Dwight parece imune aos meus apelos, suas mãos mantendo um aperto de ferro, e a luta só intensifica a sensação de desamparo. Cada músculo do meu corpo se esforça contra a força implacável que me puxa em direção para longe. Minha mente corre, buscando uma saída, uma oportunidade de escapar dessa situação sufocante, mas não encontra.

Chegamos a um caminhão na estrada onde ele me joga na parte de trás.

— Se quer um conselho não tente lutar. É inútil! — Disse antes de fechar a porta me trancando lá dentro.

Sinto o pânico se intensificar, as paredes metálicas ao meu redor parecem fechar-se como uma prisão. Instintivamente, começo a bater contra as paredes, minhas mãos se chocando com o metal, numa tentativa desesperada de encontrar uma saída. Mas é inútil, a escuridão e a claustrofobia parecem me engolir, e não há nenhuma brecha visível.

— ME TIREM DAQUI SEUS FILHOS DA PUTA! ME TIREM DAQUI! — Grito em desespero, mas o som parece se dissipar naquele espaço confinado.

Cada batida que dou nas paredes ressoa como uma sentença, a realidade do que está acontecendo me atinge com força. O medo e a incerteza se misturam em uma tempestade dentro de mim, minha mente buscando desesperadamente por uma saída, por uma solução para essa terrível situação.

Enquanto continuo a bater, as lágrimas escorrem pelo meu rosto, impotentes diante da minha situação. Minha respiração fica irregular, o ar pesado e viciado naquele pequeno espaço, e eu me sinto sufocar tanto fisicamente quanto emocionalmente. O que acontecerá agora? Para onde eles estão me levando e por quê? São perguntas que martelam em minha mente, enquanto a escuridão do caminhão parece ecoar com o desconhecido que me aguarda.

Enquanto a sensação de desespero ameaça me dominar, tento desesperadamente me acalmar. Respiro fundo, mesmo com o ar rarefeito, e fecho os olhos por um momento, buscando forças para enfrentar a situação. Mas a memória de Negan, de como ele já foi meu amante, invade minha mente, e uma mistura de raiva e tristeza cresce em mim.

Lembro-me dos momentos que passamos juntos, das vezes em que a paixão entre nós era avassaladora, como o fogo que nos consumia. Era difícil resistir a ele, ao seu carisma e ao magnetismo que exalava. Mas agora, vendo-o como o líder implacável dos Salvadores, aquele que mata sem hesitação, meu ódio se intensifica.

  — Como ele pôde se transformar nisso? Como pôde fazer todas essas coisas terríveis? — Sussurro para mim mesma, os pensamentos tumultuados.

A lembrança do sorriso de Negan, de suas palavras sedutoras, de como uma vez ele me fez sentir especial, é como uma punhalada no peito.

Continuo tentando me acalmar, focando na força que preciso encontrar dentro de mim para enfrentar o que virá a seguir. O ódio e a revolta crescem em mim, ao lembrar de suas mentiras e agora das atrocidades que sua reputação diz que fez, ao mesmo tempo que uma imensa preocupação crescia dentro de mim, afinal, o que faria com meus amigos?