Chutes Atrás Das Grades

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Negan

Maya estava ao meu lado na cela, sentados naquela cama nada confortável. Ela tem vindo pra cá com menos frequência, mas ainda vinha. Está começando a esfriar, estando abraçado com ela sinto as camadas de roupa quando a aperto um pouco mais contra mim.

Sua barriga estava grande, sinal de que a gravidez estava avançando rapidamente. Porra como posso achá-la mais linda que nunca?! Mas ao mesmo tempo ela parecia nervosa.

— Como está boneca?

— Além de enorme, dor nas costas, nos pés e uma pressão sinistra na vagina? Tô bem e você? — Ambos rimos.

— Não tenho o que reclamar do meu quarto 5 estrelas. — Disse com um sorriso no rosto. — Então, como está o inquilino aqui? — Perguntei com um sorriso malicioso tocando sua barriga.

Maya riu suavemente, colocando a mão sobre a minha.

— Inquilino rebelde, posso dizer. Ele não para quieto. Parece que o frio também deixou ele mais agitado.

Eu ri, balançando a cabeça. Chamávamos de ele, mas ainda não sabíamos se era de fato um menino, aparentemente temos um bebê tímido já que Maya me diz que está sempre de costas ou de pernas fechadas.

— Ah, ele já está treinando para causar problemas, hein?

Ela sorriu e me olhou com um olhar travesso.

— Aparentemente sim. Parece familiar, não?

Eu ri ainda mais, balançando a cabeça em fingida negação.

— Eu? Causador de problemas? Não faço ideia do que está falando.

Maya riu e rolou os olhos.

— Claro, claro. — Ela suspirou voltando a ficar séria. — Tenho caminhado todos os dias para ajudar esse bebê a nascer, feito exercícios, mas nem sinal...

— Por isso está com essa carinha preocupada? — Toquei seu queixo fazendo com que Maya me olhasse nos olhos.

— Eu... Eu só deveria estar sentindo ao menos as contrações de treino, ou saído o tampão, mas nada ainda...

— O que diabos é um tampão? — Ao menos consegui a fazer rir um pouco. — Ele vai nascer no tempo dele Maya.

— Siddiq disse a mesma coisa... — Ela respirou fundo virando o rosto o voltando para o chão. — Eu tenho tido pesadelos... Pesadelos horríveis com a Lori.

— Lori? — Franzi o cenho.

— A mãe do Carl... Houve um incidente onde estávamos... Precisei fazer uma cesariana nela a sangue frio no parto da Judith... Estávamos apenas eu, ela e o Carl que era tão pequeno... — Pude ver lágrimas se formando em seus olhos. — Eu sonho com isso todas as noites... Sabe o que ela me falou dias antes de morrer? Me perguntou quantas mulheres morreram antes da medicina moderna e eu só consigo pensar no quanto ela estava certa. E no quanto estou com medo de acontecer o mesmo comigo agora.

Maya foi interrompida por soluços do seu choro. Cacete. Eu só consegui a trazer para mais perto de mim enquanto tentava consola-la em meus braços.

— Ei ei ei. — Segurei seu rosto a fazendo olhar pra novamente. — Vai ficar tudo bem, só temos um preguiçoso aqui dentro que está se recusando a sair por enquanto, eu vou estar ao seu lado o tempo todo, eu prometo tá bom? Nem que eu cave um túnel com uma colher.

— Tá bom. — Assentiu se afastando apenas para secar as lágrimas rindo um pouco. — Merda de hormônios...

Eu ri baixinho.

— Espero que ele nasça logo. Sério, estou pronta para isso ou para explodir.

Eu inclinei a cabeça, olhando para ela com um sorriso travesso.

— Sabe, eu li uma vez que sexo ajuda a acelerar o processo. — Mordi o lábio deslizando a mão para sua coxa.

Maya me olhou com um olhar incrédulo, mas logo seus lábios se curvaram em um sorriso divertido enquanto acertava um tapa na minha mão.

— Você só pode estar brincando com a minha cara.

Eu encolhi os ombros, mantendo meu sorriso.

— Bem, não custa tentar, certo?

Ela balançou a cabeça, rindo.

— Acho que não estamos em um momento e lugar ideais para isso.

Eu ri com ela, mesmo sabendo que ela estava certa.

— Ah você nunca se incomodou em fazer essas grades balançarem.

— E olha no que deu. — Maya apontou para a barriga fazendo ambos rirmos.

O clima entre nós era leve e descontraído, com flertes e brincadeiras permeando a conversa. Era quase como se os anos entre nós se dissipassem, e estivéssemos de volta àqueles momentos de flerte e diversão antes do mundo desmoronar.

— Tenho que parar de vir aqui. — Maya fez uma careta passando a mão em um lado da barriga.

— Por que? — Franzi o cenho.

Ela olhou para mim com um sorriso radiante.

—Porque o bebê sempre chuta mais ouvindo sua voz... Quer sentir?

— Claro!

Maya assentiu, pegando minha mão e colocando-a com cuidado em sua barriga. E então, eu senti. Um chute atrás do outro, as vezes mais forte as vezes mais fraco. Meu coração deu um salto, e eu olhei para Maya com um misto de surpresa e felicidade.

— Cacete... Isso é incrível. — Disse em um sussurro, meus olhos fixos em sua barriga.

Maya sorriu, e por um momento, tudo parecia diferente. A tensão que havia entre nós parecia desaparecer, substituída por um sentimento de conexão, de pertencimento. Era como se o futuro que havíamos concebido juntos estivesse ali, palpável.

— Em circunstâncias normais diria que iríamos ter um jogador de futebol, mas adaptando, teremos um chutador de bundas fodão.

— Não fala palavrão, ele ouve!

— Claro, desculpe.

Eu olhei para ela, sorrindo.

— Já conhece o papai boca suja.

Maya riu suavemente, e por um momento, tudo estava bem. Nós estávamos ali, juntos, compartilhando esse momento especial. E embora as circunstâncias fossem complexas, eu sabia que algo importante estava acontecendo entre nós, algo que ia além do sarcasmo e flerte. Era uma ligação real, um sentimento profundo que eu não podia ignorar.

Talvez, apenas talvez, o futuro poderia ser diferente do passado. E eu estava disposto a descobrir onde essa jornada nos levaria.

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