Segredos Crescem

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Maya


A vida em Alexandria continuava um dia após o outro, mas eu carregava um segredo em mim. As "escapadas" no meio da noite com Negan se tornaram um vício, um vício que eu não consigo e não quero que pare. De fato já trepamos em cada lugar daquela cela...

Enquanto eu estava concentrada em medir a pressão do Alexandrino à minha frente, uma súbita onda de tontura pareceu me atingir. Minha visão ficou um pouco turva por um momento, e eu me senti momentaneamente desequilibrada. Instintivamente, apoiei-me na bancada próxima para me firmar, tentando esconder minha fraqueza do paciente.

O Alexandrino pareceu não perceber nada de errado, continuando a falar sobre sua saúde. Forcei um sorriso enquanto tentava focar nas palavras dele, lutando para manter a compostura. Minha mente estava girando, e eu me senti um pouco envergonhada por não conseguir controlar aquela sensação repentina.

Tentei me concentrar nas informações que ele estava me dando, respondendo com uma voz que esperava não denunciar meu desconforto. No entanto, a tontura não diminuiu, e eu comecei a me preocupar se conseguiria terminar a consulta da forma adequada.

Enquanto ele falava, eu discretamente massageava minha têmpora com os dedos, na esperança de dissipar a sensação de tontura. Era frustrante, pois eu estava acostumada a cuidar dos outros, e agora era eu quem precisava de ajuda. Mas naquele momento, minha prioridade era terminar a consulta com o paciente e, em seguida, procurar um lugar para me sentar e me recuperar.

Eu estava aliviada quando a consulta finalmente terminou, e com educação me despedi do Alexandrino. Assim que ele saiu da enfermaria, eu me recostei na bancada, fechando os olhos por um momento. A tontura ainda estava presente, mas eu sabia que precisava superar aquilo.

Respirei fundo, tentando me manter de pé. Com cuidado, peguei um copo d'água e tomei pequenos goles, esperando que aquilo me ajudasse a recobrar o equilíbrio.

Depois de alguns minutos, senti a tontura diminuir gradativamente. Não havia mais ninguém na enfermaria, eu recolhia os instrumentos que usei durante o dia, já estava quase terminando quando novamente senti aquela tontura me obrigando a apoiar na cama até conseguir me sentar.

— Merda... — Grunhi massageando minhas têmporas novamente.

Fiquei algum tempo ali sentada esperando aquela sensação passar ao mesmo tempo que me questionava do porque estar sentindo isso.

Ouvi a porta da enfermaria se abrindo me surpreendendo ao ver Siddiq entrando com seu habitual sorriso gentil, e eu forcei um sorriso em resposta, apesar de meus pensamentos tumultuados.

— Achei que estava em Hilltop. — Brinquei soltando um riso nasal.

— Só vim ver se estava tudo bem por aqui. Como você está, Maya? Parece meio pálida.

— Estou bem, Siddiq. — Minha voz soou um pouco mais fraca do que eu gostaria. — Na verdade, tem algo que eu gostaria de pedir a você.

Siddiq se sentou ao meu lado, sua expressão séria, indicando que estava pronto para ouvir. Eu respirei fundo antes de continuar, minha mente meio confusa com as palavras que eu escolheria.

— Eu tenho sentido alguns... sintomas que... bem, me levaram a suspeitar que eu possa estar doente. Suspeito de talvez uma anemia leve. Convenhamos que nossa alimentação não é das melhores e eu já tive anemia quando era mais nova.

Siddiq arqueou uma sobrancelha em surpresa, mas manteve sua postura profissional.

— Quais são esses sintomas, Maya?

— Cansaço constante, fraquezas e tonturas repentinas. — Comecei a explicar, sentindo-me um pouco mais à vontade ao compartilhar meus sentimentos.

Siddiq assentiu, considerando minhas palavras.

— Eu entendo. Realmente são sintomas bem comuns de anemia, mas... Tinha uma mulher em Hilltop que também sentiu o mesmo no começo da gravidez. — Quando o ouvir dizer isso foi como se um nó tivesse crescido na minha garganta bruscamente. — Sua menstruação está atrasada?

— Não... Quer dizer, não sei. Não sou regular. — O choque estava claro em minha voz.

— A melhor maneira de confirmar é através de um ultrassom. Eu posso fazer um para você.

Eu assenti lentamente ainda tentando absorver o que ele havia dito com o que eu estava sentindo.

Ele sorriu gentilmente, colocando a mão em meu ombro de maneira reconfortante.

— Vamos lá Maya.

Siddiq se levantou e começou a preparar o equipamento enquanto eu me deitei na maca, nervosa sentindo cada músculo meu tremer. Ele aplicou o gel no meu abdômen e começou a deslizar o transdutor, monitorando a tela com atenção. Eu segurei a respiração, ansiosa para ver qualquer sinal que pudesse confirmar as suspeitas.

Aos poucos, a imagem na tela começou a se formar, revelando a visão do que estava dentro de mim. Meus olhos se encheram de choque instantâneo quando a imagem ficou mais clara e pudemos ver uma pequena bolsa onde dentro havia um ser humano em miniatura.

— Parece que eu estava certo. — Ele olhou pra minha cara com um sorriso irônico enquanto a minha cara era puro choque. — Aproximadamente 8 semanas.

Minha mão foi instintivamente para a minha boca, enquanto meus olhos estavam totalmente saltados e meu rosto catatônico. Eu olhei para a tela, observando o pequeno ser que estava crescendo dentro de mim se mexendo. Uma mistura de pânico, medo e surpresa tomou conta de mim, e eu mal conseguia encontrar palavras para expressar tudo o que estava sentindo.

Siddiq sorriu, passando-me um lenço enquanto deixava o ultrassom continuar exibindo a imagem, mas eu estava em choque o suficiente para não conseguir se quer chorar.

— Meus parabéns, Maya.

— Obrigada, Siddiq, — sussurrei, minha voz embargada pelo pânico. — Siddiq... Não conta pra ninguém sobre isso tá bom?

Ele apertou meu ombro gentilmente assentindo, deixando-me sozinha por um momento para processar todas as emoções que estavam transbordando em mim. Enquanto eu olhava para o ultrassom, senti um profundo senso de conexão com aquele pequeno ser que estava se formando dentro de mim por mais que o momento não podia ser pior.

Merda... Como vou contar isso para o Negan? Como vou contar isso para o restante da comunidade? Merda merda merda!

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