Cicatrizes do Passado, Laços do Presente

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Maya

Trancada no banheiro, as emoções dentro de mim estão em guerra. O passado com Negan, nossa história tumultuada, os momentos de carinho que dividimos e as feridas que ele causou, tudo parece uma tempestade em minha mente. Por um lado, há um certo conforto em relembrar os momentos em que éramos próximos, em que havia uma conexão entre nós. Aquele momento da dança, a música, os olhares que trocamos... era como se nada mais importasse, apenas nós dois de fato.

Mas a realidade é cruel, e ela me traz de volta ao presente, às mentiras, às manipulações de Negan. Ele me enganou, usou meus sentimentos, e eu não posso esquecer disso. Não posso me deixar levar apenas pelas memórias agradáveis, enquanto ignoro as cicatrizes que ele deixou em minha alma.

Ouvir Negan saindo do quarto é um alívio momentâneo, mas sei que isso é apenas um respiro temporário. Não posso me permitir esquecer de tudo o que aconteceu, nem posso ignorar o fato de que estou aqui por causa de uma escolha que fiz sob pressão, para proteger Daryl e Alexandria.

Respiro fundo, tentando encontrar clareza em meio ao caos de sentimentos que me envolve. Preciso encontrar uma maneira de lidar com Negan, de sobreviver a essa situação, mas também não posso me perder novamente nas armadilhas do passado. São tempos sombrios, e sei que preciso ser forte, proteger os que amo e, de alguma forma, encontrar um caminho para enfrentar o que está por vir.

Ao sair do quarto, encontro avisto Daryl limpando os corredores, ele está ali, mas não está sozinho. Dwight está junto a ele, como uma sombra que parece impedir qualquer contato direto. A vontade de falar com Daryl é forte, saber como ele está, se está sofrendo, se estão machucando-o... mas Dwight corta qualquer possibilidade de comunicação antes mesmo que eu possa dizer uma palavra.

— Daryl eu... — Tento insistir.

— Não fale com ele! — Diz Dwight de forma ríspida se colocando entre nós.

Há uma dureza em seus olhos, um olhar que revela a lealdade inabalável a Negan. Ele está claramente seguindo as ordens de seu líder, e meu coração afunda ao perceber que minhas tentativas de contato direto com Daryl são bloqueadas por esse muro humano chamado Dwight.

Daryl, por sua vez, não diz uma palavra. Sua expressão é uma mistura de cansaço, frustração e impotência. O homem que sempre foi tão valente e protetor está agora aprisionado em um papel de submissão. Ainda assim, consigo ver nos olhos dele uma chama de resistência, a mesma que vi tantas vezes antes.

A troca de olhares é breve, mas carregada de significado. Queria poder lhe dizer que estou lutando por ele, que estou aqui para ajudar de alguma forma. Mas as palavras não saem, barradas por Dwight, pela situação em que estamos.

Me viro e saio para o pátio, com a sensação de impotência pairando sobre mim. Ao acender o cigarro, minha mente está inquieta e dividida entre a confusão emocional que vive dentro do Santuário e a urgência de sobreviver em um mundo que agora parece mergulhado na escuridão. Observo o pátio com um olhar distante, mas rapidamente minha atenção é capturada por um evento perturbador.

Um dos zumbis presos ao muro, com sua aparência cadavérica e faminta, parece ter encontrado uma oportunidade de se alimentar mais uma vez. Seu alvo é um dos Salvadores, cujo braço foi alcançado pelo zumbi em um instante de descuido. O desespero e a luta pela sobrevivência se desenrolam diante dos meus olhos.

O Salvador luta para se livrar do aperto do zumbi, mas suas ações parecem desesperadas e sem direção. Os gritos ecoam no pátio, uma cacofonia de medo e desespero. Outros Salvadores logo percebem a situação, mas a urgência da situação parece confundir qualquer tentativa de ação eficaz.

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