∆ • MALLORY EVANS • ∆Sobre meu primeiro dia na cidade que todos amavam falar o quão seguro era, bem, posso dizer que estou um tanto assustada e que depois de voltar para a pensão ontem tive pesadelos com a criatura que vira. Sua voz emana em minha mente e ainda sinto o calor de sua mão em meu queixo, o que me faz dar um suspiro trêmulo... — os demônios deveriam ser tão bonitos? — Na verdade ele era uma espécie de anjo, mas anjos não deveriam ser bondosos?
Contudo, não posso ficar entrando em pânico e me acomodar, eu preciso de um emprego e pelo visto vou estar arriscando minha vida por isso, inesperado? Com certeza.
De manhã cedo arrumei minha cama e tomei café, que também foi cortesia de Celía, tomei um banho e coloquei outro vestido florido, porém, azul e com mangas curtas, logo peguei meu currículo e saí da pensão. Apesar de ter distribuído algumas cópias, não recebi ligações e fiquei um pouco descontente.
Observei um supermercado muito luxuoso e entrei, recebendo os mesmos olhares desde que cheguei a esta cidade, qual o problema dessas pessoas? Estava ficando irritada com tais comportamentos.
— Olá, bom dia, vocês estão contratando? — arrisquei.
Uma mulher mais velha veio até mim enquanto outras olhavam, ela tinha uma postura muito elegante.
— Sinto muito, mas não contratamos mendigos.
mendigos?
Olhei-a desacreditada por tanta maldade, não que eu tenha algo contra mendigos e nem esteja muito longe de uma, mas é sério que fora dona Celía não existia mais nenhuma pessoa educada e bondosa nessa cidade?
— Se não estão contratando, é só dizer educadamente que não, mas parece que as pessoas dessa cidade são tão arrogantes quanto de fato parecem ser. — Eu esbravejei olhando-a nos olhos e a vi recuar. — Se você subiu na vida é porque com certeza usou alguém para isso.
Dei-lhe as costas e saí, aquela foi minha última tentativa e senti a lágrima quente escorregar nas minhas bochechas e então baixei o papel em minha mão esquerda usando a direita para limpar o rosto. Estava sendo mais difícil do que pensei, eu me senti angustiada e perdida, pois não havia mais o que fazer eu diria a Celía que não posso ficar e irei viver... de alguma forma, isso é ridículo, não é a vida que quero para mim.
— Moça?
Uma mulher perguntou se aproximando e notei que eu havia ficado chorando de joelhos na rua, parecendo uma criança medrosa.
— Moça, você está bem? — ela insiste.
Eu balancei a cabeça negando e ela me ajudou a levantar e me guiou até uma cadeira do enorme e luxuoso prédio ao lado do supermercado, ela me deu água e perguntou o que acontecera para que eu estivesse naquele estado.
— As pessoas me insultam nessa cidade, não consigo achar emprego. — falei limpando o rosto.
Talvez eu estivesse sendo dramática, mas porra, eu estava esgotada, não bastava ter presenciado um assassinato e ainda tenho que suportar desaforo?
— Veja bem, sou Helena, se o seu problema é achar emprego, pode me entregar seu currículo, tá bom?
— Não precisa ter pena de mim, Helena. — eu ergui o queixo.
— Não estou tendo pena, é que realmente precisamos de alguém no momento, vá para casa, eu mostrarei seu currículo ao meu chefe. — ela estendeu a mão.
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Estou tonta de tanto andar de um lado para o outro esperando uma resposta, uma ligação, Helena me encheu de esperança, foi a segunda pessoa a ser gentil comigo e que ficará em meu coração por um bom tempo. Eu já estava com outro vestido florido, era de tarde, meus cabelos ruivos estavam presos em um rabo de cavalo meio folgado. Meu coração batia forte com a ansiedade, mas se eu fosse contratada teria que tomar cuidado com a hora de sair, principalmente agora que já sei que essa cidade não é tão segura assim, à noite então...
O telefone começou a tocar e logo atendi.
— Alô?
— Mallory? Mallory Evans?
— Oi, sou eu.
— Parabéns Mallory, a vaga é sua! E bem, o chefe aceitou mais rápido do que imaginei, enviaremos seu uniforme ainda hoje e deve estar aqui na empresa as exatas 7:30am.
— Certo!
Pulo de felicidade e abro a porta do quarto para ver se as roupas já chegaram, mas não há nada ainda então resolvo ligar para a recepção avisando da entrega e Celía entende imediatamente e diz que está feliz por mim. Agora poderei pagar meu primeiro mês aqui e em breve ter um apartamento só meu, gosto de ter boas expectativas e agora mais do que nunca, só não posso me empolgar demais, e se aquele homem de asas resolver me procurar? E se...
— Não, não vou deixar meu primeiro dia na cidade estragar o resto deles aqui. — eu disse a mim mesma.
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No outro dia eu estava me olhando no espelho, pois já estava vestida com o fardamento da empresa M. Company e nela tinha meu sobrenome Evans costurado no peito, eu senti um arrepio percorrer toda minha pele, parecia que algo estava prestes a acontecer, algo muito importante e que pode mudar minha vida e espero eu que para melhor.Meus cabelos estavam ondulados como de costume e meus lábios rosados indicando que estava saudável, além do fardamento recebi um par de sapatilhas o que faz parecer que lá as coisas são bem padronizadas. O tecido da roupa era agradável, mas... decotado e acho que é só o meu, pois o de Helena era bem coberto e admito que estou um pouco desconfortável.
Decido pôr um lenço cobrindo o decote e peguei minha bolsa com meus documentos e uma garrafa de água e meu velho celular, dei sorte que a empresa não fica muito distante da pensão e eu ando rápido, minhas pernas são um pouco longas, nada muito exagerado e tenho coxas grossas que agradeço a roupa por cobri-las sem apertar. Quando cheguei Helena veio até mim olhando-me de baixo para cima quase desacreditada.
— Seja bem-vinda, senhorita Evans, o chefe está à sua espera, vou acompanhá-la. — ela disse com um sorriso sincero, porém com seriedade.
Helena estava sendo mais formal dessa vez, não de forma fria e cruel apenas sensata e cuidadosa, ela tem longos cabelos negros e lábios finos e rosados, muito bonita de fato. Ela me acompanhou até o elevador apertando no que acredito ser o botão do último andar.
— Como é o nome dele mesmo? — eu perguntei curiosa.
— Azazel. Mas chame-o de senhor Miller. — ela continua a manter as mãos por cima uma da outra na frente do corpo.
Azazel... um nome diferente, porém bonito.
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Anjo Da Paixão - ( Livro 1 - Duologia Angélic Damon's )
FantasyMallory Evans tem a ambição de arrumar um emprego e ter uma vida estável e isso a leva para a cidade de Mirani, mas uma reviravolta acontece não só mudando sua vida como ela mesma, despertando um desejo profundo, segredos a serem revelados e conflit...