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∆ • AZAZEL MILLER • ∆

Eu sabia que a descoberta a faria reagir de uma forma ruim, a única coisa que eu não contava era que Lilith guardaria uma memória mágica num colar e Mallory fosse descobrir vendo o que de fato aconteceu. Senti uma dor no peito, a forma como as lágrimas derramaram-se de seus olhos desesperados me fez querer destruir tudo o que as tinha causado, a maneira como ela demonstrou sua indignação me deixou atônito, mas que culpa ela tinha? Por mais que achasse que a culpa era sua, ela não a tinha, meu avô causou a guerra por um motivo tolo e disso todos sabemos, porém, as consequências não podem ser ignoradas.

Olhei minha sangue gêmeo de relance enquanto dirigia o carro, sua expressão dispersa e distante eu sabia que ela estava pensando e recapitulando tudo o que viu, eu respirei fundo e tentei puxar assunto, por algum motivo esse silêncio todo estava me dando nos nervos.

— Se desejar, posso ajudá-la com os poderes. — ofereço tentando me concentrar na estrada.

Ela me olhou de relance.

— Você também me acha um perigo? — diz.

Estalo a língua e encosto o carro saindo do mesmo e me encostando no capô.

Odeio essa merda toda, quero ajudá-la, mas não sei como.

— Azazel? — ela encosta perto de mim.

— Preste bem a atenção — eu disse colocando minhas mãos nas suas bochechas macias — Eu nunca vou acha-la perigosa, de forma alguma, você é minha tanto quanto eu sou seu e quero apoia-la mais do que tudo. — ela prestava bem atenção nos meus olhos e observou meus lábios.

— Eu... só estou apreensiva quanto a esses poderes. — desço minhas mãos para sua cintura e encosto minha testa na dela admirando-a.

Sei que ela está disfarçando a fúria por ter descoberto uma rede de mentiras, mas eu me pergunto se Lilith não armou esse possível sequestro para que Mallory descobrisse a caixa de propósito?

— Ainda não entendo como consegue ficar perto do versis. — mudo de assunto.

Ela demora a falar algo como se pensasse bem no que dizer.

— Meu pai, Kritt, o versis era dele, e minha mãe deixou comigo para me proteger. — explicou.

Franzi o cenho, Kritt era um Angélic Damons puro, como podia ter um versis consigo sem ficar enfraquecido? Mais uma coisa que vou ter que investigar pelo visto. A abracei notando sua surpresa e beijei o topo da sua cabeça.

— Estou aqui para o que precisar.

— Eu sei... — ela me abraçou de volta afundando o rosto no meu peito.

Estou no escritório, folheando alguns contratos e com uma dor de cabeça insistente, dei uns dias de folga a minha garota para que pudesse reorganizar seus pensamentos, mas essa distância toda acaba comigo. Meu corpo exige estar perto dela a qualquer custo e sei que isso é obra da ligação que fizemos na nossa última vez porque os sentimentos dela por mim foram verdadeiros, lembrar disso aquece meu peito e me arranca um sorriso idiota.

Uma batida na minha porta se instala e pelo cheiro percebo ser meu pai, ele nunca bate na minha porta, o que me leva a crer que quer saber se encontrei Lilith então abro-a com meu poder levemente e sem exageros, ele adentra a sala e fecha a porta.

— Não encontrei Lilith. — adiantei vendo-o sentar-se da cadeira a minha frente.

— Então você é mais incompetente do que imaginei — ele passa os dedos por entre a barba acinzentada — E quanto a sua humana?

Estreito os olhos e penso bem, meu pai já foi rei, ele é rigoroso com certas tradições, por tanto, lhe revelar que Mallory é híbrida não é uma opção, no momento.

— Ela está se recuperando. — respondo endireitando minha postura.

Meu pai me observou.

— Está me escondendo algo. — afirma e não mudo minha postura.

É claro que ele saberia, mesmo que não pareça ele presta atenção no que não deve.

— Se eu estou, então não é da sua conta. — digo autoritário.

Um dos meus maiores prazeres de quando fui nomeado rei dos Angélic Damons é a plena autoridade que posso exercer sobre esse velho irritante e sei que ele odeia isso.

— AZAZEL! — ele grita irritado batendo na mesa.

Eu respiro fundo, porém calmo.

— Espero que possa não contar com sua presença pelo resto dos dias por aqui, papai. — dou ênfase soando ácido e o encaro.

Fui treinado para derrotar os seres mais fortes de cada espécie, meu treinamento foi muito mais intenso que o dele com meu avô, aposto que se arrepende de ter me feito forte até hoje.

— Um dia, meu filho, um dia você vai se arrepender de me tratar assim. — ele diz e sai pisando alto do escritório.

Eu suspiro aliviado por estar só, mas logo sinto meu celular vibrar no bolso, Mallory está me ligando, será que aconteceu algo?

— Aconteceu algo?

— Er... bem, sim, aconteceu.

— Você está bem?

— Estou, mas não posso dizer o mesmo do meu apartamento, ativei acidentalmente algum poder e bem... destruí algumas coisas.

— Estou indo para aí.

Desligo e deixo os papéis ali mesmo saindo do escritório e trancando a porta. Tempo depois, fui bater em sua porta e notei que ela estava aberta, a primeira coisa que me chamou a atenção foram alguns objetos que estavam flutuando com uma aura roxa ao redor e depois saí procurando a encrenqueira que fez isso.

Encontrei-a na cozinha com as mãos na cintura olhando tudo aparentemente confusa e então pigarreei atraindo sua atenção.

— Az! — exclamou e veio até mim — como eu faço isso parar?

Ela parecia muito nervosa, então envolvi sua cintura abraçando e levando meus lábios até a curva de seu pescoço e inalando seu cheiro incrível de lavanda e baunilha, a senti estremecer e sussurrei próximo a seu ouvido.

— A primeira coisa a se fazer, é ficar calma Lux mea...

Ela então deu um longo suspiro e envolveu meu pescoço com os braços esticando-se um pouco pelo fato de ser mais baixa, ela beijou minha pele e suspirei pela sensação. Essa mulher é minha.

— Você tem um jeito peculiar de me acalmar. — diz se afastando apenas para me olhar com um sorriso largo.

Sorri de volta.

— Funciona, não? — movo meus polegares acariciando sua cintura e ela olha ao redor vendo que os objetos já não estão mais flutuando em magia — acho que mereço uma recompensa.

Anjo Da Paixão - ( Livro 1 - Duologia Angélic Damon's )Onde histórias criam vida. Descubra agora