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Eu estava sentada no pequeno sofá que havia ali naquela espécie de sala, eu olhara em cada canto, não é sempre que uma órfã tem chance de conhecer o lugar que nasceu, bem, tem esse detalhe também que ainda não contei a Az, sobre o que Kayan disse com relação aos meus pais estarem vivos.

Az surgiu no meu campo de visão ele fora ajeitar algumas tábuas de madeira no telhado que estavam afastadas e caindo neve para dentro da cabana, seus olhos estavam mais negros do que o normal, ele precisa de sangue, fui chamá-lo e senti minha garganta pausar brutalmente seca, pelo visto eu também preciso.

Levantei-me e ele me fitou, sua pele clara está um pouco mais escura, apesar da neve, o sol aqui é forte, porém não quente, muito pelo contrário. Caminhei até ele e fitei seus olhos quando deslizou as mãos por minha cintura, passei a língua levemente nas presas afiadas que tinha e fiquei na ponta dos pés, o mordi e senti-o estremecer e também me surpreendi quando ele me mordeu em seguida, estávamos nos alimentando em conjunto, ele tem a mim e eu a ele, mas o que eu estava prestes a fazer me fez ficar cautelosa.

Alguns minutos depois nos encaramos com os lábios pintados de vermelho, meu sangue e o sangue dele.

— Senti sua falta, sinto a cada minuto. — ele disse ofegante.

Sorri.

— Eu também. — abracei-o. — precisa me dizer onde o vilarejo fica exatamente, vou atrás de Serafh.

Seu semblante ficou tenso.

— Não. É perigoso, além disso você está bem chamativa. — com as mãos ainda na minha cintura ele me deu um leve giro.

Algum de nós tem que ficar aqui para vigiar a cabana e eu já me recuperei em cem porcento, Az precisa de sangue a cada mínimo esforço que faz, eu sei que ele tenta esconder a fraqueza, mas vejo seus dedos tremendo uma hora ou outra, ele ainda precisa repousar e se alimentar bem.

— Vou trocar o vestido então. — eu disse simplesmente tentando sair de suas mãos e ele me segurou grudando minhas costas em seu peito.

— Falo sério quando digo que não quero que se arrisque. — ele sussurra no meu ouvido.

Não, esse jogo de sedução não vai funcionar e eu vou de qualquer jeito.

Estou ansioso para vê-la tentar. — ele diz e eu pisco surpresa.

— Voltou a ouvir meus pensamentos?

Ele assentiu.

— Mas só quando, de fato, está pensando. — sua fala contém divertimento.

Seu... Desgraçado.

Ele riu e beijou minha bochecha.

— Serafh já saiu há muito tempo, preciso ir! — insisto.

Ele fica em silêncio.

Céus, o que eu faço com esse homem teimoso? Ele está decidido a não me deixar ir, certamente vou ter que tomar uma atitude, me viro para ele e fito seus olhos, ele parece saber que estou prestes a fazer algo e me fita atento quando eu lanço um sorriso ardiloso em sua direção, uma das coisas que não contei a ele é que posso ativar com magia um veneno no meu sangue que está a minha disposição, posso torna-lo um sonífero ou até mesmo algo capaz de matar, naquele momento ativei a magia e vi suas pálpebras começarem a fechar.

— O que você fez? — ele perguntou a voz embargada.

— Venha, sente-se. — guiei-o até o pequeno sofá — desculpa, eu tenho que ir atrás dele.

Serafh está se arriscando por minha causa, não posso deixar a situação do jeito que está e também preciso permitir esse enorme poder que despertou em mim fluir, me sinto quente, algo em mim bloqueia o frio lá fora, mas vou precisar trocar esse vestido antes de tudo, Az tem razão quando diz que vou chamar atenção com ele.

Anjo Da Paixão - ( Livro 1 - Duologia Angélic Damon's )Onde histórias criam vida. Descubra agora