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∆ • AZAZEL MILLER • ∆


Tive impressão de que meu coração parou de bater no exato momento em que vi minha sangue gêmeo surgir das profundezas do rio, cujo eu estava acostumado andar próximo desde pequeno, ouvia atentamente as histórias sobre o Addro, a grande serpente das profundezas de Current. Mas vê-lo na minha frente, prestes a atacar a mulher que eu amo me fez perder o fôlego.

Eu estava suando frio e sabia disso, mas algo em mim queimava de forma diferente, como se uma coisa nova tivesse surgido. Senti isso logo depois de me controlar após o episódio na floresta, a sensação de queimação dentro do peito e uma preocupação excessiva com a vida da minha parceira.

Coloquei a mão sobre o peito, algo em mim sempre sente falta dela quando se afasta, como se não se sentisse completo sem seu toque ou seu cheiro. Nunca reagi bem a ameaças, mas segurei meu corpo o máximo que pude, Mallory exalava poder, ao seu redor uma aura roxa permanecia forte e intimidadora, ela é capaz de domar o Addro, eu sei disso.

Assim como também sei que seria um erro terrivel me meter nessa briga.

Ela continuou ali flutuando na magia, o Addro avançou cheio de fúria direcionada a minha mulher, eu tive ódio, meu corpo reverberou de puro ódio, ninguém pode se direcionar a ela com tamanha fúria, isso é imperdoável.

— Az... — Serafh pôs a mão esquerda nas minhas costas.

Percebi estar encostado a uma árvore, minhas garras fincadas a madeira.

— Tem algo errado... — eu disse ofegante.

Cheiro de sangue. O sangue dela.

Olhei para frente, o braço dela estava com um corte, o veneno da serpente borbulhando em seu sangue precioso.

— Não, você não pode interromper. — Serafh disse se pondo na minha frente.

Az...

Meu coração palpitou com a voz dela.

Estou vendo você, acalme-se ou ficarei preocupada demais para continuar lutando. Confie em mim.

Engoli em seco. Eu confio, sempre vou confiar. Respondi.

Ter adquirido essa habilidade de conversar por telepatia me deixava aliviado, pois ainda podia falar com ela sem precisar abrir a boca, isso é novo para mim.

Mesmo com o braço sangrando aos montes ela o manteve firme quando empunhou a espada de Versis no alto, ela não sabia, mas o Addro, assim como eu, também fica mais fraco com a jóia e o mesmo pareceu recuar um pouco ao brilhar da lâmina no sol da tarde, havia algo diferente no olhar da minha sangue gêmeo.

A mente dela estava calada enquanto ela apenas fez um movimento com a lâmina para frente, o Addro gritou de dor e percebi que uma de suas escamas estavam flutuando ao lado de Mallory, era com aquilo que ela o controlaria assim como Serafh explicara.

Abri minha boca admirado. Os olhos dela... Brilhavam tão dourados quanto o sol que se punha ao norte de Neris.

As chamas douradas e ardentes ao seu redor derretendo tudo o que estava congelado, Serafh estava espantado. A neve que cobre o solo da ilha Neris jamais se derretera em tamanha expansão dessa forma, pois é mágica, foi feita com uma magia de aurora antiga, feita pela magia do primeiro rei, tanto que nem mesmo o grande vulcão de onde nascemos é capaz de derrete-la com sua lava ardente. O fato dessa magia se desfazer com o poder de Mallory significa... Que o poder que nela reside tem descendência antiga e extremamente perigosa.

— A partir de agora — ela começou, sua voz contendo um tom claro de autoridade que me deixou encantado - eu comando você, Addro.

O Addro treme como se horrorizado, não se atreveria a contrariar alguém que arrancou sua escama com apenas um movimento. Tudo o que senti foi orgulho, eu queria beijar aquela mulher e dizer o quanto eu a amo, não que eu não sentisse falta de quando ela dependia de mim para se proteger, mas fico feliz que agora, não, ela sempre teve sua própria força.

— Mallory... — eu disse em sussurro.

Seu olhar dourado me alcançou, e então seus olhos tornaram-se tão escuros quanto a madeira das árvores Flammae, a espada, antes firme em sua mão direita caiu junto com seu corpo e a escama do Addro assim que a magia se dissipou, meu corpo agiu rápido ao se lançar na direção dela e saltar firme e forte no ar. A peguei nos braços enquanto vi Serafh pegar a espada — mesmo sabendo que se machucaria — e a escama.

Do outro lado do rio e com a enorme serpente atrás de nós com uma plena quietude, segurei minha sangue gêmeo sentindo seu corpo se aninhar em meus braços, estiquei o pulso e posicionei nos seus lábios, ela o mordeu.

— Agora que temos o Addro, podemos montar um plano para invadir o castelo. — Serafh disse.

A mão esquerda do meu amigo estava queimada, pois ele segurou a espada de Versis, tendo sido exposto a toxina na pedra.

— Sim, eu pretendo entrar em contato com umas pessoas. — falei passando os dedos por entre os cabelos.

Olhei para trás, havíamos feito uma fogueira, Mallory estava dormindo aninhada naquele felino estúpido e selvagem do Scazion e perto do fogo para se aquecer, o uso da magia tinha exigido muito dela.

— Quem? — Serafh questionou.

Eu o olhei.

Precisaremos de toda a ajuda possível, isso inclui pedir desculpas ao irmão de Koiten que é muito bom estrategista e ir atrás do meu tio Terin.

— Khristian e Terin.

Serafh soltou uma risada baixa e passou os dedos por entre os cabelos negros como a noite que nos cobria.

— Khristian jamais vai ajudar você e Terin...

— Eu sei. — Interrompi.

— Você arrancou as asas dele Az e Terin jamais vai perdoa-lo por não ter lhe dado o trono. — ele continuou a dizer.

Isso tudo era um saco, mas eu faria algumas ofertas para ambos quanto as esses... Problemas.

— É melhor achar outras pessoas. — ele pôs a mão no queixo pensativo. — minha irmã é uma opção, mas está desaparecida.

— E você está tranquilo com isso? — indaguei.

— Eu...

Um barulho de galho atrás de nós nos fez ficar atentos e fez Trust se remexer num rosnado, olhei para minha sangue gêmeo.

— Fique ao lado dela! — eu avisei.

Eu e Serafh olhamos para todos os lados e farejei o ar atrás de algum cheiro diferente, encontrei, e então usei minhas sombras para pegar seja lá quem for pelos pés e arrastando-o até nós. Meus olhos com certeza estão me enganando, não é possível, alternei meu olhar de Mallory para o indivíduo, o homem era uma cópia idêntica a ela.

— Quem é você? — perguntei.

Ele apenas apoiou seus cotovelos na neve e me olhou com um falso humor.

— Vou estragar meu disfarce se falar. — ele diz e eu rosno.

— Vou perguntar outra vez. Quem. É. Você? — deixei transparecer a impaciência na minha voz.

Ele deu uma risada.

— Para um rei destronado você é bem burro. — apertei as mãos em punhos com a provocação. — já não está óbvio?

Ele arqueou uma sobrancelha.

Era impossível que minha sangue gêmeo tivesse um irmão então minha cabeça permanece um misto de confusão.

Anjo Da Paixão - ( Livro 1 - Duologia Angélic Damon's )Onde histórias criam vida. Descubra agora