— Bom, vamos indo... — Ele disse completamente sem graça e sem saber o que responder aquele elogio. — Vou ter que ir trabalhar ainda.
— Mas já são 8 horas, vai chegar aqui meio dia. — Tinha a testa franzida. — Eu pego um ônibus com Felipe, não precisa me levar lá.
— Até parece que eu vou deixar vocês dois irem sozinhos. — Rolou os olhos e ficou de pé, Sophia encarou seu peitoral de forma nem um pouco disfarçada e arrancou uma risada de Micael. — Sophia, Sophia, Sophia...
— Ain! — Abaixou a cabeça na mesa. — Vai vestir uma roupa logo homem. Eu controlo meu corpo e minhas ações até a página dois. — Ouviu a gargalhada que ele soltou por ela ter repetido sua frase. — Seu pai vai me enlouquecer. — Ela disse pro Felipe que felizmente nada entendia e terminou de lhe dar a banana.
Os dois saíram de casa dez minutos depois do fim da conversa. Sophia prendeu o bebê na cadeirinha e logo deu a volta prendendo seu próprio cinto. Micael não demorou a dar partida e iniciar o trajeto, que era tido num silêncio desconfortável.
— Esse é outro carro ou você consertou o antigo? — Ela quebrou o silêncio.
— É novo e muito melhor do que aquele outro. — Disse com um sorriso.
— Você comprou da mesma cor, por isso fiquei na dúvida. — Insistiu no assunto, mas se via de longe que não ia render.
— É que eu gosto de carros prata, acho uma cor muito bonita. — Deu de ombros e a loira olhou pra frente se perguntando como é que as vezes conversar com ele era tão fácil e outras vezes tão difícil.
— Uhum, também acho. — Concordou e o assunto morreu de vez.
O silêncio mais uma vez ocupava o carro, poucas palavras foram ditas durante o caminho, mas nenhuma conversa que fluísse. Quando o moreno parou diante de sua casa, a loira respirou aliviada e Micael pôde perceber. Ela se virou para se despedir e quando o olhou nos olhos, o clima voltou com força total, assim como no sofá, no dia anterior.
— Bom então eu vou entrar, pra você poder ir trabalhar. — Disse baixo, com uma voz repleta de tesão meue Micael conseguiu perceber. Os dois estavam fazendo muito esforço para se manterem separados.
— Tudo bem, tchau Soph... até a próxima vez! — Respondeu no mesmo tom, seus olhos ardiam de tesão, estava louco pra lhe dar um beijo.
— Sexta-feira — A loira sorriu convidativa, muita coisa podia acontecer naquela sexta-feira e ele sabia disso.
Micael se aproximou para se despedir com um beijo na bochecha, mas quando sentiu o toque na pele de Sophia não conseguiu resistir. Mais uma vez ele tomou a iniciativa e iniciou um beijo quente, mais uma vez não pensou nas consequências. O que era pra ser um beijo de despedida se tornou um beijo voraz em sua boca, Micael esqueceu até que o filho estava no carro quando enfiou as mãos por debaixo da blusa, sentindo seus seios. Parou no instante em que percebeu o que seu filho presenciava.
— Isso vai ser muito mais difícil do que eu imaginei! — Disse ofegante com as mãos nos olhos, tentando controlar a respiração. — Ainda bem que os vidros são escuros. — Ouviu a gargalhada de Sophia e virou a cabeça pra ela.
— E que o Felipe não fala ainda. — Completou com um sorriso safado de quem queria muito mais do que aquilo. — Até uma próxima Micael.
A loira tirou o bebê do carro e Micael ficou olhando enquanto entrava na casa. Logo manobrou e voltou pra casa, pensando naquela loucura toda que estava vivendo. Chegou no trabalho mais de meio dia e sabia que levaria bronca do pai, afinal, a compreensão havia sido só nos primeiros dias.
— Isso são horas, Micael? — Ele ouviu a voz do pai soar assim que botou o pé no escritório. — Já perdeu meio expediente, não liga, não manda uma mensagem, onde está a sua responsabilidade?
— Eu fui levar a Sophia e o Felipe em casa. — Respondeu com o tom baixo, estavam na área comum do escritório, Kelly, a secretaria e Marlon já estavam ali presenciando aquela possível discussão. — O senhor não precisa fazer drama, foi só hoje por conta da festa de ontem.
— E a responsabilidade? — Insistiu em brigar. — Eles podiam ter ficado lá até você chegar de noite, você podia ter pagado um carro de aplicativo, ou então podiam ter ido de ônibus.
— Pai, é o meu filho! — Disse com os olhos arregalados comprando aquela briga, já que não tinha como escapar.
— Micael, nem sempre basta dizer isso! — Insistiu naquela bronca sem sentido. — Você foi irresponsável porque devia ao menos ter enviado a porcaria de uma mensagem.
— Não é possível que você não entenda! — Tentou apelar pro emocional, Jorge tinha virado outro após o acidente, tinham se entendido bem. — Meu filho precisa de mim, me desculpe se ele é a minha prioridade e não o escritório.
— Trato você como eu trato meus funcionários. — Se justificou e então Micael resolveu dar um basta.
— Pois então não trate mais, eu me demito. — Jorge arregalou os olhos, claramente não estava esperando por aquilo. — Está resolvido nosso problema, a gente se vê nos natais e reuniões familiares. Vou atrás de outro emprego.
Micael saiu do escritório sem ouvir mais nenhuma palavra do pai. Deixou Jorge, Marlon a até Kelly em choque, um tanto atordoados. O moreno foi pra casa e chegou até rápido demais, aquele horário não tinha trânsito.
Se jogou no sofá e começou a pensar na bagunça que sua vida tinha virado em cinco meses. Viúvo, morando sozinho, desempregado, brigado com seu pai e pra piorar tudo, transando com sua cunhada comprometida. Lembrar daquele detalhe, dos seios pequenos e rosados de Sophia lhe deixou com tesão de novo.
Levantou do sofá e foi para o banheiro tomar um banho, mesmo gelado, não conseguiu resolver seu problema. Então deslizou a mão pelo membro e aquela havia sido a primeira punheta que bateu pensando em Sophia.
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Inevitável
RomanceMicael e Luiza são um casal harmonioso e feliz. Tem Felipe, seu filho de oito meses e os três vivem numa boa casa, localizada no Rio de janeiro, em Niterói. Tudo muda após um trágico acidente, que deixa o rapaz viúvo, com um filho pra cuidar. A aju...