Capítulo 14

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Micael acabou cochilando depois do banho, acordou e já era noite. Pegou o celular para ver a hora e se assustou com o fato de já ser mais de nove. Olhou para os lados e caminhou de volta a sala, sentando-se no sofá e zapeando canais, antigamente daria tudo pra ficar em casa, agora queria estar o mais longe dali.

Ouviu a campainha tocar e levou um susto, saindo do mundo da lua e se levantando pra atender pensando em quem poderia ter ido até ali.

— Ué? Tem festa na minha casa hoje? — Perguntou olhando Marlon, Ruan e Lucas parado ali diante dele.

— Precisamos animar você um pouquinho, Micael. — Marlon falou entrando na casa sem nem pedir licença. — Ainda mais agora que você é um desempregado. Trouxe ajuda. — Apontou pros amigos e Micael fechou a porta depois que todos entraram.

— Gente não vai ser assim que vocês vão me animar. — Se jogou no sofá.

— Larga de ser chato, Micael. — Ruan rolou os olhos. — Vamos nos divertir, você merece isso, já deixamos você na fossa cinco meses.

— Digam então, como pretendem me animar? — Perguntou aos três e já sabia que queriam arrastar pra alguma bagunça.

— Tem uma baladinha hoje, nós marcamos com algumas gatinhas e viemos te buscar. — Marlon fez o irmão soltar uma risada debochada.

— Eu não gosto de ficar com uma e com outra, você sabe bem disso, Marlon. Não se faça de besta!

— Micael, você está a cinco meses sem uma mulher. O que você está usando? A mão ou uma boneca? — Ruan debochou e Micael negou com a cabeça.

— Eu só acho que você podia manter essa sua boca fechada, Arthur. Quem disse a vocês que eu estou a cinco meses sem nenhuma mulher? — Marlon se sentou ao seu lado surpreso, doido pra saber da fofoca.

— Então nos conte com quem você esteve, caro amigo — Lucas perguntou com deboche, achando que era mentira.

— Não interessa! Estive, mas foi errado. — Se entregou mais uma vez e Marlon matou a charada na hora. — Deixa isso pra lá, gente.

— Você não ficou com a Sophia, ficou? — Marlon perguntou com os olhos arregalados sem acreditar naquilo. — Ah, qual foi, você sabia que meu sonho sempre foi pegar essa mina. Você não tinha direito de fazer isso! Furou o meu olho!

— Para de palhaçada Marlon, aconteceu e foi só uma vez. — Confessou de vez e viu o irmão dando risada. — Não vai mais acontecer e além disso, você nunca vai tocar num fio de cabelo dela.

— Claro que não vou poder tocar nela, você é um babaca, come uma vez, se apaixona e casa. — Marlon rolou os olhos irritado com aquela situação. — Sabia que essa proximidade de vocês estava exagerada demais, era questão de tempo.

— Tinha que pegar logo a irmã da Luiza, Micael? — Ruan negou com a cabeça. — Tanta mulher no mundo e você ficou com a sua cunhada!

— Foi uma coisa de momento, rolou um clima e acabou acontecendo ontem, depois da festa do Felipe. — Confessou sabendo que seria zoado por eles.

— Assim? Comeu e acabou? — Marlon perguntou desacreditado. — Eu te conheço, Micael. A essa altura você já deve estar gamadinho.

Os pensamentos de Micael foram direcionados a loira. Se lembrou na noite que tiveram, se lembrou do beijo que deram no carro e da punheta que havia batido horas antes. Seu coração bateu forte, sabia que Marlon tinha razão e era isso que acabava com ele. Lucas pigarreou para chamar sua atenção.

— Comer é um jeito muito feio de falar. — Respondeu olhando os amigos. — Eu transei com ela.

— Ter certeza que não quer sair com a gente? — Marlon perguntou mudando de assunto. — Se não tem nada com a Sophia e não está apaixonadinho, não tem nada que te impeça, tem?

— Se eu não for, vocês vão ficar dizendo que eu estou apaixonado?

— Sim! — Os três responderam juntos e deram risadas. Micael balançou a cabeça negativamente e ficou de pé.

— Tá bem, vocês ganharam!

Micael entrou no carro dos amigos e eles estavam super animados, diferente dele, que tinha uma cara de bunda nada feliz com aquela saída. Sua cabeça não parava de pensar em Sophia e isso o estava matando.

— Muda essa cara Micael, você vai se divertir. — Marlon disse observando o irmão pelo retrovisor interno. O mesmo só revirou os olhos e não respondeu, ignorou os amigos que falavam alto, empolgados com a saída.

Chegaram mais de trinta minutos e Micael encarou a fachada do lugar e se sentiu um idiota de ter topado aquilo. Muita gente, música alta e álcool, combinação terrível. Um grupo com quatro mulheres caminhou pra perto deles.

Uma ruiva se aproximou de Micael e ele agradeceu mentalmente por não ser loira, tudo o que menos precisava era de uma loira atrás dele, uma loira que não fosse Sophia.

Se apresentaram com cumprimentos no rosto e então caminharam pra dentro. A ruiva dançava sugestivamente diante dele, mas o moreno ainda assim não estava muito animado com a situação.

— Vou pegar uma bebida, quer? — Perguntou tentando fugir daquela mulher.

— Vou com você, gato! — Respondeu deixando claro que ele não ficaria livre dela tão fácil. Os dois caminharam pelo meio da multidão de jovens em direção ao bar.

— Uma dose de vodca, por favor! — Ele olhou pra moça esperando pra ver o que ela queria.

— Pode ser o mesmo. — Respondeu com um sorriso e acabou surpreendendo Micael, que não esperava que a mulher toparia beber aquilo.

Ele então reparou de verdade na mulher pela primeira vez, era linda e aquilo é inegável. Se aproximou com um sorriso, pronto pra iniciar um beijo e provar pra todo mundo, inclusive pra si mesmo que não estava e nem ficaria apaixonado por Sophia.

As doses foram servidas e ele virou de uma só vez, pedindo outra em seguida. A mulher sorriu, sabia que conseguiria o que queria, transar com aquele belo homem.

Ele bebeu mais de seis doses e já estava mais do que bêbado, dançando e pulando, beijando e passando as mãos pelo corpo de Carla como se tivessem a sós. A mulher não bebeu tanto, queria continuar sóbria pra aproveitar bem o que ele tinha a oferecer.

— Vamos sair daqui de uma vez! — Disse em seu ouvido e a mulher sorriu antes de balançar a cabeça positivamente. Caminharam pra fora e chamaram um carro de aplicativo, Micael não se lembrou nem de avisar os amigos.

**

O moreno acordou com uma super dor de cabeça. Piscou algumas vezes pra se acostumar com a claridade do quarto. Era por causa disso que odiava bebida, não se lembrava de nada do que havia feito e tomou um susto ao acordar e ver uma mulher ali deitada sob seus lençóis, dormindo tranquilamente.

Balançou a cabeça e praguejou baixo por ter se deixado levar na onda de Marlon. Quando ergueu o lençol e viu que também estava nu, só conseguiu rezar para que tivesse usado camisinha com aquela estranha.

Micael vestiu seu roupão e foi pra cozinha, deixando a mulher dormir tranquilamente. Ligou a cafeteira e colocou bastante pó de café lá, precisava muito de um café bem forte pra começar o dia.

Se lembrou do celular e saiu em busca do aparelho pra ver se tinha recebido alguma mensagem. Chegou na sala e viu algumas peças de roupas espalhadas por lá, seu celular estava em cima da mesinha de centro e uma calcinha preta rendada estava em cima. Como era possível não se lembrar daquilo? Ele pensou, indignado.

Caminhou de volta pra cozinha desbloqueando o aparelho e então viu uma mensagem de Sophia.

"Tudo bem, eu vou"

InevitávelOnde histórias criam vida. Descubra agora